Monday, September 20

Provérbio 24

Em Setembro planta, colhe e cava, que é mês para tudo.

Pôr a candeia no candelabro

«Cristo», escreve um Padre da Igreja, «escolheu-nos para que fôssemos como lâmpadas; para que nos convertêssemos em mestres dos demais; para que actuássemos como fermento; para que vivêssemos como anjos entre os homens, como adultos entre crianças, como espirituais entre gente somente racional; para que fôssemos semente; para que produzíssemos fruto. Não seria necessário abrir a boca, se a nossa vida resplandecesse desta maneira. Sobrariam as palavras, se mostrássemos as obras. Não haveria um só pagão, se nós fôssemos verdadeiramente cristãos.»
Temos de evitar o erro de considerar que o apostolado se reduz ao testemunho de algumas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos mas, ao mesmo tempo e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com obrigações bem nítidas que temos de cumprir exemplarmente, se deveras queremos santificar-nos. É Jesus Cristo que nos estimula: «Vós sois a luz do mundo. Não se pode ocultar uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim sobre o candelabro, e assim alumia quantos estão em casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, a fim de que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 14-16). Seja qual for, o trabalho profissional converte-se numa luz que ilumina os vossos colegas e amigos. Por isso, costumo repetir [...]: que me importa que me digam que fulano de tal é um bom filho meu - um bom cristão -, se é mau sapateiro?! Se não se esforçar por aprender bem o seu ofício, ou por executar o seu trabalho com esmero, não poderá santificá-lo nem oferecê-lo ao Senhor. Ora, a santificação do trabalho ordinário constitui como que o fundamento da verdadeira espiritualidade para aqueles que, como nós, estão decididos a viver na intimidade de Deus, imersos nas realidades temporais.

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador, Homilia Trabalho de Deus, em Amigos de Deus, §§ 61-62

Reflexão de 2ª feira da Semana XXV do Tempo Comum

O Livro dos Provérbios é uma colecção de máximas que orientam a organização da vida, de modo a agradar a Deus. O amor para com o próximo é a maior prova do verdadeiro amor para com Deus. O Antigo Testamento, em sentenças cheias de sabedoria, aponta o amor ao próximo como a atitude que mais aproxima os homens de Deus.
O texto insiste nas relações com o próximo: não negar um benefício, não dizer amanhã to darei, não adiar, não litigar, não invejar, não seguir o perverso. Fica assim traçado o esboço do sábio nas suas coordenadas fundamentais: a correcção e a benevolência nas relações com o próximo, a convicção de que a amizade de Deus vale mais do que tudo.
A luz ocupa lugar de relevo em toda a linguagem da Sagrada Escritura e sobretudo no Novo Testamento. Deus é luz; Cristo apresenta-Se como a luz; os cristãos são filhos da luz. As suas obras devem, pois, ser luminosas capazes de iluminar. E o cristão não deve furtar-se a comunicar a luz que traz em si.
Não se põe a luz debaixo da cama, é uma advertência aos cristãos que, por medo ou porque julgam inútil fazê-lo, não se expõe publicamente. A Palavra é pública e visível: escondê-la é fazê-la morrer.
Risco do segredo, é uma advertência aos grupos de cristãos que se fecham em si mesmos, anunciando a Palavra em segredo, apenas aos iniciados. Mas a Palavra é para todos, pela sua natureza missionária.
Importância da escuta ou para o modo como se escuta: Há quem não escuta, mas também há quem escuta mal. É preciso escutar bem, porque é a escuta que enriquece. Quem não escuta ou escuta mal, empobrece. Não só não cresce, mas também perde o que julga possuir. A escuta da Palavra é o caminho necessário para crescer na fé. Se falta a escuta, a fé definha e morre.
A luz de Cristo não é só doutrina, mas também testemunho, é doutrina que se torna vida, que transforma a vida e que toca o meu modo de ser, de julgar as coisas. Eu sou luz quando difundo a luz de Cristo, com os critérios de Cristo, isto é, com humildade e pobreza. Sou luz sobre o candelabro quando represento, o mais aproximadamente possível, o modo de ser, de agir, de pensar, de falar de Jesus.

Leituras da 2ª feira da Semana XXV do Tempo Comum

Leitura do Livro dos Provérbios (Prov 3, 27-34)
Meu filho: Não negues um favor a quem o merece, quando estiver na tua mão fazê-lo. Se tens para dar, não digas ao teu próximo: «Vai-te embora e volta depois. Amanhã te darei». Não maquines o mal contra o teu próximo, se ele mora ao teu lado e confia em ti. Não discutas sem motivo com homem nenhum, se ele não te fez qualquer mal. Não tenhas inveja do homem violento, nem imites nenhum dos seus processos; porque o Senhor abomina os homens perversos, mas reserva a sua intimidade aos corações rectos. A maldição do Senhor pesa sobre a casa do ímpio, mas Ele abençoa a morada dos justos. O Senhor zomba dos zombadores, mas concede o seu favor aos humildes. Os sábios alcançarão a glória, mas os insensatos receberão a ignomínia.

Salmo 14 (15)
Refrão: O justo habitará, Senhor, no vosso santuário.

O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.

O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.

O que não falta ao juramento mesmo em seu prejuízo
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 8, 16-18)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com uma vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas coloca-a num candelabro, para que os que entram vejam a luz. Não há nada oculto que não se torne manifesto, nem secreto que não seja conhecido à luz do dia. Portanto, tende cuidado com a maneira como ouvis. Pois àquele que tem, dar-se-á; mas àquele que não tem, até o que julga ter lhe será tirado».