Tuesday, September 30

Terça-feira da Semana XXVI do Tempo Comum


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro de Job (Job 3, 1-3.11-17.20-23)
Job abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. Tomou a palavra e disse: «Desapareça o dia em que eu nasci e a noite em que se anunciou: Foi concebido um homem. Porque não morri no ventre de minha mãe, ou não expirei ao sair do seio materno? Porque houve dois joelhos para me acolherem e dois seios para me amamentarem? Estaria agora deitado e tranquilo, dormiria o sono da morte e teria descanso, como os reis e os grandes da terra, que edificaram os seus túmulos sumptuosos, ou como os poderosos, que possuem ouro e enchem de prata os seus mausoléus. Ou porque não fui eu como o aborto escondido, que já não existiria, como as crianças que não chegaram a ver a luz? Ali acaba a agitação dos maus, aí repousam os homens extenuados. Porque se dá luz ao infeliz e vida aos corações amargurados, que suspiram pela morte que tarda em chegar e a procuram mais avidamente que um tesouro? Ficariam contentes diante de um túmulo, exultariam à vista de um sepulcro. Porque se dá vida ao homem que não vê o seu caminho e que Deus cerca por todos os lados?»


Salmo 87 (88)
Refrão: Senhor, chegue até Vós a minha súplica.

Senhor Deus, meu Salvador,
dia e noite clamo na vossa presença.
Chegue até Vós a minha oração,
inclinai o ouvido ao meu clamor.

A minha alma está saturada de sofrimento,
a minha vida chegou às portas da morte.
Sou contado entre os que descem à sepultura,
sou um homem já sem forças.
Estou abandonado entre os mortos,
como os caídos que jazem no sepulcro,
de quem já não Vos lembrais
e que foram sacudidos da vossa mão.

Lançastes-me na cova mais profunda,
nas trevas do abismo.
Pesa sobre mim a vossa ira,
todas as vossas ondas caíram sobre mim.



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 51-56)

Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?». Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os. E seguiram para outra povoação.


Reflexão
A primeira reacção de Job perante o sofrimento é o pessimismo. Todos podemos ser tentados a esta atitude, que, além de ser já em si sinal de fraqueza, é geradora de novas limitações. Apesar de tudo, Job continua sempre com Deus no horizonte da sua vida destroçada e d’Ele continua a esperar a resposta sonhada, que, a seu tempo, chegará.
A segunda parte do Evangelho de São Lucas começa com a resolução de Jesus de subir a Jerusalém, para aí sofrer a paixão. Será um gesto de pura misericórdia da sua parte, como ele se anuncia desde já com a atitude que toma em relação às cidades da Samaria que O não querem acolher.

Friday, September 26

Sexta-feira da Semana XXV do Tempo Comum

 

 Liturgia da Palavra

Leitura do Livro de Coelet (Co 3, 1-11)
Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora debaixo do céu: Há tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar; tempo para matar e tempo para curar, tempo para demolir e tempo para construir; tempo para chorar e tempo para rir, tempo para gemer e tempo para dançar; tempo para atirar pedras e tempo para as juntar, tempo para se abraçar e tempo para se separar; tempo para ganhar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para deitar fora; tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar e tempo para odiar, tempo para a guerra e tempo para a paz. Que aproveita ao homem com tanto trabalho? Tenho observado a tarefa que Deus atribuiu aos homens, para nela se ocuparem. Ele fez todas as coisas apropriadas ao seu tempo e pôs no coração do homem a sucessão dos séculos, sem que ele possa compreender o princípio e o fim da obra de Deus.


Salmo 143 (144)
Refrão: Bendito seja o Senhor, rochedo do meu refúgio.

Bendito seja o Senhor, meu refúgio,
meu amparo e minha cidadela,
meu baluarte e meu libertador,
meu escudo e meu abrigo.

Que é o homem, Senhor, para que dele cuideis,
o filho do homem para pensardes nele?
O homem é semelhante ao sopro da brisa,
os seus dias passam como a sombra.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 18-22)
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».


Reflexão
Todas as coisas deste mundo, por melhores que sejam estão sujeitas às mudanças do tempo e isso dá-lhes um aspecto de fragilidade e de mutabilidade, que faz descobrir nelas o vazio, a vaidade, no sentido de vacuidade, fonte de ilusão e de desilusão. Estas mudanças das coisas e da vida deram origem a este poema sob a vaidade ou ilusão em que tudo parece redundar neste mundo. Mas Deus deu sentido à vida, e ao homem revela, pouco a pouco, esse sentido, que é sempre o do seu amor pelos homens.
Jesus é um mistério tal que os próprios Apóstolos só O vão compreendendo aos poucos. Como nós. Antes de mais é preciso crer que Ele é o Messias de Deus, o seu Enviado, o seu próprio Filho, ser-se capaz de não se escandalizar com a sua Paixão. E acreditar que Ele ressuscitou e está vivo, e é a nossa esperança. A cruz não foi um acidente de percurso, mas querido, planeado por Deus. A presença de Deus manifestou-se no caminho da cruz, no dom de Si mesmo, por um amor que aceita ser contradito e derrotado.

Friday, September 19

Sexta-feira da Semana XXIV do Tempo Comum

 

Liturgia da Palavra

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é inútil e também é inútil a vossa fé. E nós aparecemos como falsas testemunhas de Deus, porque damos testemunho contra Deus, ao afirmar que Ele ressuscitou Jesus Cristo, quando de facto não O ressuscitou, a ser verdade que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo também se perderam. Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.


Salmo 16 (17)
Refrão: Senhor, ficarei saciado, quando aparecer a vossa glória.

Ouvi, Senhor, uma causa justa,
atendei a minha súplica.
Escutai a minha oração,
feita com sinceridade.

Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me,
ouvi-me e escutai as minhas palavras.
Mostrai a vossa admirável misericórdia,
Vós que salvais quem se acolhe à vossa direita.

Guardai-me como a menina dos olhos,
protegei-me à sombra das vossas asas.
Mereça eu contemplar a vossa face
e, ao despertar, saciar-me com a vossa imagem.



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a boa nova do reino de Deus. Acompanhavam-n’O os Doze, bem como algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria, chamada Madalena, de quem tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam Jesus e os discípulos com os seus bens.


Reflexão
Jesus Cristo, dando a vida em oblação ao Pai pela salvação do mundo, passou deste mundo para o Pai. Ao aparecer aos seus, ressuscitado, manifestou que vivia agora na glória do Pai. Na sua humanidade, Ele é agora o Ressuscitado. É em Cristo ressuscitado que se apoia toda a nossa fé e a nossa esperança. Ele é o Primeiro dos que morreram e que entram na glória de Deus.
Na sua vida apostólica, Jesus é acompanhado pelos Doze e por algumas mulheres, de entre as quais Maria de Magdala, que virão a encontrar-se de novo junto da Cruz, na sepultura do Senhor e diante do túmulo vazio, onde foram as primeiras a ver o Senhor ressuscitado. Porque O seguiram até à Cruz, também foram as primeiras a encontrá-l’O na ressurreição.

Tuesday, September 16

Terça-feira da Semana XXIV do Tempo Comum



Liturgia da Palavra

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios (1 Cor 12, 12-14.27-31a)
Irmãos: Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros do corpo, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim sucede também em Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito para constituirmos um só corpo; e a todos nos foi dado a beber um só Espírito. De facto, o corpo não é constituído por um só membro, mas por muitos. Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte. Assim, Deus estabeleceu na Igreja em primeiro lugar apóstolos, em segundo profetas, em terceiro doutores. Vêm a seguir os dons dos milagres, das curas, da assistência, de governar, de falar diversas línguas. Serão todos apóstolos? Todos profetas? Todos doutores? Todos farão milagres? Todos terão o poder de curar? Todos falarão línguas? Terão todos o dom de as interpretar? Aspirai com ardor aos dons mais elevados.


Salmo 99 (100), 2.3.4.5
Refrão: Nós somos o povo de Deus, somos as ovelhas do seu rebanho.

Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo.

Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Entrai pelas suas portas, dando graças,
penetrai em seus átrios com hinos de louvor,
glorificai-O, bendizei o seu nome.
Porque o Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 7, 11-17)
Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.


Reflexão
A Igreja é um corpo uno e diversificado nos seus membros; Corpo de que Cristo é a cabeça; corpo uno, porque todos somos membros da mesma Cabeça, Cristo e somos vivificados pelo mesmo Espírito, o Espírito Santo de Deus; corpo diversificado, porque a cada um compete uma função própria, todas em ordem ao crescimento da mesma Igreja. Em todos e cada um se manifesta a presença e a acção do mesmo Espírito e a unidade em Cristo de todos os membros.
Jesus ressuscita um morto, como, no Antigo Testamento, o tinham feito Elias e Eliseu. Assim, Jesus Se manifesta grande profeta, como a multidão acaba por reconhecer. Na sua pessoa, Deus está presente no meio do seu povo, numa visita de salvação e, nesta ressurreição, Jesus adianta um sinal da sua futura ressurreição.

Monday, September 15

Nossa Senhora das Dores



Liturgia da Palavra

Leitura da Epístola aos Hebreus (Hebr 5, 7-9)
Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna.


Salmo 30 (31), 2-3ab.3cd-4.5-6.15-16ab.20
Refrão: Salvai-me, Senhor, pela vossa bondade.

Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Inclinai para mim os vossos ouvidos,
apressai-vos em me libertar.

Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.

Livrai-me da armadilha que me prepararam,
porque Vós sois o meu refúgio.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos.
Como é grande, Senhor, a vossa bondade
que tendes reservada para os que Vos temem:
à vista da vossa face, Vós a concedeis
àqueles que em Vós confiam.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 33-35)
Naquele tempo, o pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que se dizia d’Ele. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».


Reflexão
As leituras de hoje fazem-nos pensar no sofrimento, que continua a ser uma realidade na história individual e coletiva da humanidade, mas que, de certo modo, também existe no mundo divino. Foi assumido por Deus na Incarnação do Filho, e partilhado pela sua Mãe, mulher comum e especial. A sua experiência de sofrimento humano, pode subtrair esse mesmo sofrimento à maldição e torná-lo mediação de vida salva e serviço de amor.