Sunday, March 30

Cana-de-açúcar

Oriunda da China e da Índia, a cana-de-açúcar foi plantada pela primeira vez na Madeira em 1425, tendo as estacas vindo da Sicília por ordem do Infante D. Henrique. O açúcar madeirense de excelente qualidade era destinado essencialmente à corte nacional e congéneres europeias, tendo prosperado até meados do século XVI, altura em que o açúcar do Brasil (introduzido por madeirenses) e das colónias espanholas começou a surgir em grande quantidade na Europa. Nos séculos XVII e XVIII instala-se a crise no sector sacarino, mas a cana-de-açúcar continua a existir nesta Região. Esta ganha novo fôlego, quando a vinha é destruída pela 'filoxera' na década de 50 do século XIX, substituindo-se muitos vinhedos por canaviais e fabricando-se, então, aguardente de cana e açúcar. As obras 'As Saudades da Terra', de Gaspar Frutuoso, na edição anotada pelo Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo, e o 'Elucidário Madeirense', do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, assinalam estas e outras referências históricas que não estão aqui descritas. No século passado, com o encerramento do Engenho do Hinton no início dos anos 90, a área de cana-de-açúcar na Madeira reduz-se drasticamente. Para promover o incentivo do cultivo da cana sacarina, a então Secretaria Regional de Agricultura, Florestas e Pescas resolve, em meados dos anos 90 do século XX, garantir um preço fixo ao produtor, tornando-a aliciante não só para este, mas também para os Engenhos da Calheta e do Porto da Cruz e para a Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Seco, que assim tinham matéria-prima para laborar, situação essa que se tem mantido até aos dias de hoje.
A cana-de-açúcar, depois de processada, dá origem ao mel de cana (destacado nesta página no mês passado), que é amplamente utilizado na nossa doçaria (bolo de mel, broas de mel) e como acompanhamento em 'sonhos', 'mal-assadas', entre outros pratos da gastronomia regional, e à aguardente de cana, que serve de base a bebidas típicas como a conhecida 'poncha' e os licores.

in agricultando.blogs.sapo.pt

No comments: