Thursday, July 17

Cerrado

Poio; pequeno terreno; cerca

Pensamento do dia: 17-07-2008

Aquilo que me faz dar um tão grande valor à arte, é o facto de, numa verdadeira obra de arte, existir uma fé ardente.

G. Rouault

Wednesday, July 16

1000 Visitas à Danyrolândia

1001 com a minha visita...

Pensamento do dia: 16-07-2008

É melhor acender uma luz, mesmo pequena, do que amaldiçoar a escuridão.

Monday, July 14

Os jardins secretos da alma


 
 Aos 14 anos, decidiu que queria seguir a vida religiosa. No passado dia 25 de Junho celebrou 100 anos de vida. Entre uma e outra data, apenas uma certeza: valeu a pena!
100 anos exigem a pergunta sobre o que mais pode marcar o percurso de uma vida. O que fica gravado na memória de caminhos e entrega. Com as mãos a descansar no hábito negro, a Irmã Cristina Quintal não demora mais de 10 segundos a responder. A resposta sai segura: "Foi a presença constante de Deus na minha vida". Assim, com a simplicidade e a convicção de quem sempre soube o que queria ser e fazer.
Foi aos 14 anos que tomou a decisão de uma vocação religiosa. Era ainda uma menina num Caniço tão diferente do actual pólo urbano, que mal conhece. Afinal, foram 35 anos em Moçambique, e depois uma vida inteira dedicada aos outros, sem muito tempo para distracções. Do local onde cresceu apenas guarda a memória do caminho que tinha de percorrer, todos os domingos, para ir à missa. A galgar pedras e dificuldades.
A única dificuldade que nunca teve de enfrentar foi a dúvida. Sempre soube que queria dedicar a vida a Deus e aos outros. Mesmo que, para isso, tivesse de esperar. E esperou. Ao anunciar a decisão à família, a mãe colocou algumas condições. O pai tinha morrido e a família teve de se reorganizar. Eram três irmãos e outros tempos. O pragmatismo era necessário, e mais forte do que qualquer sonho ou vocação.
Quando manifestou o desejo de "ir para as irmãs", a resposta foi imediata e sem recurso: "Tu já és irmã dos teus irmãos". Mas a jovem não esmoreceu. Guardou para si o sentir e a vontade. Voltou a falar do assunto mais tarde. A mãe já não colocou tantos entraves: "Vais quando eu morrer".
Passou a infância e parte da adolescência a acalentar a certeza de um percurso já decidido. Foi, contudo, uma criança igual às outras. Não isenta de tropelias. Quando se lhe pergunta se era bem comportada, solta uma gargalhada. Os olhos ficam subitamente travessos de recordações infantis: "Às vezes era preciso uns beliscões".
Aos 19 anos, arrumou as suas coisas e partiu para a Quinta das Rosas. Um nome romântico para um sonho que finalmente se concretizava. Acolhida pela Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, fez o percurso habitual: aspirantado, postulantado e noviciado.
Motivada por aquilo que chama de uma "vontade de viver Deus", fez um longo percurso de aprendizagem, que foi da fé às tarefas mais mundanas. Aprendeu de tudo, desde a catequese às lides domésticas. Até frequentou um curso de costura. Uma experiência válida, tendo em linha de conta o destino que lhe estava reservado.
Em 1940, parte para as missões em Moçambique. Recorda uma pobreza extrema. Uma terra que tinha falta de tudo, até de esperança.
Trabalhou numa escola, numa creche e em vários lares. Os rapazes e as raparigas chegavam ainda crianças. Entravam para os lares com três ou quatro anos e só saíam aos 18 ou 19 anos. Homens e mulheres feitos. Ajudados a crescer pelas irmãs das missões. Eram as religiosas que lhes ensinavam tudo. Como cuidar de uma casa, como fazer costura e como encontrar a fé, que ajuda a ultrapassar dificuldades e faz crescer a esperança. Depois, todos eles seguiam o seu caminho. Deixavam o lar ou para casar, ou para regressar à família. A Irmã Cristina Quintal ainda se lembra de duas raparigas que casaram na missão. "Mas, coitadinhas, não tiveram sorte". Era uma vida difícil.
Na ilha de Moçambique, onde esteve largos anos, as coisas não eram melhores. O espaço era exíguo, mas cheio de gente e, logo, de carências. Mesmo assim, ainda guarda recordações felizes, como só África pode proporcionar. As idas à praia, o "ficar pretinha".
As dificuldades eram, no entanto, maiores do que a felicidade de momentos fugazes. "Não havia água que se pudesse usar à-vontade". Era preciso atravessar uma estrada até à fonte. Só a fé, de quem tinha escolhido um caminho de entrega aos outros, ajudava a ultrapassar todas as dificuldades. Recorda, por isso, as conquistas. A toalha de dois metros e meio, bordada à máquina, que ajudou a fazer.
Entre boas recordações e dificuldades várias, lá se adaptou. Aprendeu a fazer e a usufruir do que era possível. Guarda, contudo, a noção das limitações. "Senti que me faltava alguma coisa para dar mais àquela gente". As religiosas não falavam a língua do povo moçambicano, e este pouco entendia da língua de Camões.Numa terra estranha, também existiram alguns momentos de tensão. A Irmã Cristina Quintal diz que nunca se sentiu ameaçada, mas houve alturas em que sentiu medo genuíno. Recorda-se que, aquando da abertura do lar em Nampula, não havia quarto onde dormir. Tiveram de se habituar a um salão, que tinha a particularidade de não possuir chaves. Cedo descobriram que a segurança não era o seu maior problema. Não havia água, nem sequer sítio para cozinhar.
As recordações trazem sorrisos, porque, mesmo assim, a vida era feita de alegria. O que faltava havia de chegar um dia.
Passaram-se, assim, 35 anos. Regressou em 1975, como todos os portugueses repatriados das colónias nos anos críticos da descolonização. Era o dia do seu aniversário. À entrada no avião, os passageiros cantaram o Hino Nacional. "Chorei! Meu Deus, como chorei".
Deixou para trás as lágrimas e as recordações. A vida continuou. Foi no Colégio de Santa Teresinha que ficou e trabalhou. Ajudando na costura para as Récitas e em outras funções.
No passado dia 25 de Junho fez 100 anos. Uma idade à qual nunca pensou chegar. "Quando fiz 98 anos pensei que faltava pouco. Mas também pensei que não ia lá chegar. Mas, depois, os dois anos que faltavam passaram de forma muito rápida".
Agora, vai fazendo o que pode. É com orgulho que diz que ainda consegue arrumar o quarto onde dorme, e ir à mesa fazer todas as refeições. As pernas estão mais fracas e já não ajudam. A única coisa que está mais forte é a fé. Tanto que não se imagina com outro percurso de vida. Tem a plena consciência de que se vive, nos dias de hoje, uma certa crise de fé. Sabe que cada homem tem a liberdade de escolher o seu caminho, mas defende que se devia pensar mais em Deus e não tanto numa vida de destruição. "Para mim, o que me marcou mais, foi a presença de Deus, o viver com as minhas irmãs na alegria, na ajuda mútua, na caridade. Viver é muito bom, mas quando se vive deve-se pensar muito bem".
De resto, a Irmã Cristina Quintal não vai esquecer tão cedo outra coisa: a festa que as irmãs de Santa Teresinha prepararam para assinalar os seus 100 anos. "Fiquei emocionada. Gostei tanto!".
Foi animada por esse dia que, em passos lentos e certos, nos acompanhou para umas fotografias na rua. Mais dois dedos de conversa sobre o que a ilha evoluiu durante este século. Há 15 anos que não passeia, mas sabe que está tudo "muito bonito". Já lhe falaram do seu Caniço, local onde nasceu. Disseram-lhe que está bonito, que tem uma piscina e o Coração de Jesus "todo arranjadinho".
Mais tarde, despede-se com a simplicidade de quem sabe o que é importante. Afasta-se nos corredores do colégio. O colégio que é, na Madeira, uma das faces mais conhecidas da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, que tem vinte casas em toda a ilha e está representada em diversos países, como Moçambique, Angola, Congo, Filipinas, Timor, África do Sul, Itália, Brasil, Londres, entre outros. De referir que, neste momento, a Congregação conta com 60 jovens que estão a preparar-se para os seus votos religiosos.

Na primeira Pessoa
25 de Junho de 2008 - Dia do meu aniversário. Foi a vinte e cinco de Junho de mil novecentos e oito que nasceu esta menina, no sítio do Pinheirinho, freguesia do Caniço.
Lá cresci e vivi até aos meus dezassete anos. Saí do ambiente familiar para entrar na Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias.
O Senhor Jesus bateu à minha porta e, claro, a Ele só tive de dizer sim. E com grande alegria entrei para me consagrar a Deus pelo caminho da Vida Religiosa. Fiz o aspirantado com muitas colegas, depois dois anos de noviciado e, por último, a minha Profissão Religiosa, na Quinta das Rosas. Preparei-me algum tempo, para depois seguir rumo à Africa.
Cheguei a Moçambique em 1940 e lá estive 35 anos. Senti-me útil junto daquele povo. Trabalhava com alegria e muito entusiasmo junto deles e com as irmãs.
Mas um dia tive que regressar à Madeira, em 1975. Vim para o Colégio, onde me integrei muito bem, dei os meus saberes costurando para as Récitas, ajudando no refeitório das crianças e em outros trabalhos.
Hoje ainda ando por cá, sinto-me muito feliz junto das Irmãs e dos nossos alunos. E o tempo passa. E passou também para mim. Festejo os 100 anos e por esta razão agradeço a Deus o dom da minha vida. Agradeço à congregação que tanto me ajudou a viver a vida. Agradeço a todos vós pela presença amiga e peço as vossas orações.


Fonte: DN Madeira

Sunday, July 13

Janela para o mundo cibernético: Rádio Nova Era

Rádio do Porto com boa música, principalmente de abanar o capacete.

Rádio Nova Era - Boa vida, boa música

http://www.radionovaera.pt




Pensamento do dia: 13-07-2008

Aquele que tem fé nunca está só.