Monday, December 31

31 Dezembro - 7º dia da Oitava do Natal


A 1ª leitura diz-nos que o Santo é Jesus: a unção é a Palavra de Deus que vem d’Ele, a Palavra que Se fez carne para poder ser escutada pelos homens. Essa Palavra dá-nos o conhecimento íntimo de Deus e o sentido profundo da vida e das coisas. Foi para que A escutássemos que Ela Se fez carne.

Hoje ouvimos o Prólogo do Evangelho de S. João que é um hino com que abre o Evangelho sacramental de S. João. Tudo nele é revelação e aprofundamento do mistério do Verbo feito carne.
No início do Evangelho de João, Jesus é apresentado como o Verbo. Significa que Ele é a Palavra por excelência, é a personificação da Palavra, é a Palavra que se faz carne, o Verbo que se fez homem. O Verbo estava com Deus e era Deus: tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. Este Palavra, este Verbo é gerador de vida para o homem e para o mundo. O Verbo fez-se homem e habitou entre nós, fez-se carne, tornou-se uma pessoa.
A Palavra é Jesus, o homem que nos é proposto como modelo, é pois a Sua melhor criação. Jesus é a nova criatura, a mais bela criação de Deus. É a concretização de todas as promessas dos profetas e dos mensageiros que Deus enviou ao homem para preparar a vinda do Redentor. Ele é a morada de Deus, é a tenda de Deus, é o lugar onde Ele habita no meio dos homens. Quem quiser encontrar Deus e receber d’Ele a vida em plenitude, a salvação de Deus, deve voltar-se para Jesus, para o Menino Jesus que habitou entre nós. O Verbo é também a luz verdadeira, que veio ao mundo e que ilumina todo o homem. O homem deve deixar-se orientar por essa luz para que assim possa encontrar a vida em plenitude, a vida em Deus. Recusar esta luz é viver independente de Deus, é estar longe d’Ele e dos Seus desígnios.
Somos convidados neste Natal a acolher a Palavra, a acolher o Verbo e a deixarmo-nos transformar por Ele e iluminar pela Sua Palavra. É esta Palavra que nos transforma e nos modela. Que o Menino Jesus seja a Palavra, a Luz que orienta e dá sentido à nossa vida.

Sunday, December 30

Festa da Sagrada Família


As leituras deste domingo complementam-se ao apresentar as duas coordenadas fundamentais a partir das quais se deve construir a família cristã: o amor a Deus e o amor aos outros, sobretudo a esses que estão mais perto de nós – os pais e demais familiares.
O Evangelho sublinha, sobretudo, a dimensão do amor a Deus: o projecto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projecto que Deus tem para cada pessoa.
A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que connosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.
A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura.

Friday, December 28

Festa dos Santos Inocentes, Mártires


Hoje celebramos o nascimento para o Céu das crianças que foram assassinadas por Herodes, o rei cruel (S. Cesário de Arles).
Ao venerar estas crianças, que proclamaram a glória de Deus, não com palavras mas com o seu sangue, a Igreja quer, em primeiro lugar, levar-nos à sua imitação sendo testemunhas de Cristo, através do martírio silencioso do cumprimento do dever quotidiano.
Ao lembrar, em plena quadra natalícia, o sacrifício destas «flores dos mártires que se fecharam para sempre no seio do frio da infidelidade» (Sto. Agostinho), quer também dirigir um apelo para que se respeite a vida, em todas as suas manifestações, desde a sua origem até ao seu termo. Na verdade, como lembrou o Concílio Vaticano II, Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens a nobre missão de protegê-la: missão, que deve ser cumprida de modo digno do homem. Por isso, a vida, desde a concepção, deve ser amparada com o máximo cuidado: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis (GS. 51).


Wednesday, December 26

Festa de Santo Estêvão, Mártir


Estêvão foi um dos primeiros sete Diáconos escolhidos pelos Apóstolos, com o fim de por eles serem aliviados de tarefas administrativas. Homem cheio do Espírito Santo, não limitou Estêvão o seu diaconado aos serviços caritativos. Com efeito, dedicou-se, com toda a sua alma, à evangelização, tornando-se testemunho de Cristo Ressuscitado. O livro dos Actos dos Apóstolos atribui-lhe um discurso, que, sendo o primeiro ensaio cristão da leitura dos textos do Antigo Testamento em função da vinda do Senhor, servirá de modelo aos primeiros arautos do Evangelho.
Primeiro diácono, foi também o primeiro mártir da Igreja. Cerca do ano 36 da nossa era, com uma morte aceite com as mesmas disposições com que Jesus aceitou a Sua, Estêvão dava o supremo testemunho do Seu amor por Ele.

Sunday, December 23

Domingo IV do Advento


Nestes últimos dias antes do Natal, a mensagem fundamental da Palavra de Deus gira à volta da definição da missão de Jesus: propor um projecto de salvação e de libertação que leve os homens à descoberta da verdadeira felicidade.
O Evangelho sugere que esse projecto de Deus tem um rosto: Jesus de Nazaré veio ao encontro dos homens para apresentar aos prisioneiros e aos que jazem na escravidão uma proposta de vida e de liberdade. Ele propõe um mundo novo, onde os marginalizados e oprimidos têm lugar e onde os que sofrem encontram a dignidade e a felicidade. Este é um anúncio de alegria e de salvação, que faz rejubilar todos os que reconhecem em Jesus a proposta libertadora que Deus lhes faz. Essa proposta chega, tantas vezes, através dos limites e da fragilidade dos “instrumentos” humanos de Deus; mas é sempre uma proposta que tem o selo e a força de Deus.
A primeira leitura sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente de David, veio propor é um dom do amor de Deus. O nome de Jesus é “a Paz”: Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens.
A segunda leitura sugere que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num “sim” total ao projecto de Deus.

Friday, December 21

Pensamento do dia: 21-12-2012

Cada criança que nasce é um sorriso de Deus para a humanidade. (Madre Teresa de Calcutá)

Novena do Natal - Dia 21 de Dezembro


Depois da Anunciação, ontem, celebramos, hoje, a Visitação. Sofonias oferece outra imagem de mesmo mistério: Visitando os homens na Encarnação de seu Filho, Deus ficou para sempre com eles e é para eles causa de imensa alegria e princípio de renovação.

A Encarnação do Filho de Deus é a maior e a mais significativa das visitações de Deus ao seu povo. É preciso entendê-lo como o entendeu Isabel, que, por isso, saúda Maria como a mais feliz de todas as mulheres; senti-lo como o sentiu João, que, por isso, exultou de alegria ainda no ventre da mãe.
A narrativa da visitação de Maria à prima Isabel, é uma página rica de referências bíblicas, de humanidade e de espiritualidade. Maria percorre o caminho feito antes pela Arca da Aliança, quando David a fez transportar para Jerusalém. É o mesmo caminho que Jesus fará quando se dirigir corajosamente para Jerusalém a fim de realizar a sua missão.

Thursday, December 20

Novena do Natal - Dia 20 de Dezembro


Com Jerusalém ameaçada, Deus promete protecção à dinastia de David. Ele próprio Se adianta a oferecer-lhe um sinal da sua presença protectora: uma Virgem conceberá e dará à luz um filho que terá o nome significativo de Deus connosco, palavra que há-de encontrar a sua realização última na palavra do Anjo Gabriel a Maria, no Evangelho.
As palavras do profeta referem-se a Ezequias, o filho de Acaz, que a rainha está para dar à luz e cujo nascimento é visto como presença salvífica de Deus em favor do povo angustiado. Mas, na realidade, as palavras de Isaías referem-se a um rei Salvador, no qual toda a tradição cristã, viu uma profecia do nascimento virginal de Jesus, filho de Maria. A profecia de Isaías vai realizar-se em Maria. Desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, virgem que era noiva de um homem da casa de David.

Na anunciação a Maria, o Anjo retoma as palavras do profeta, e anuncia que Aquele que d’Ela vai nascer é o Messias prometido, o Descendente de David, Aquele que fora anunciado e prometido através de toda a história do povo de Deus, e sobre quem, finalmente, repousará o Espírito de Deus. O Céu faz cair o seu Orvalho; a terra será novo paraíso, na medida em que O acolher. Maria, assim O acolheu, assim O deu depois à luz.
A anunciação a Maria é aurora do maior acontecimento da história humana, a Incarnação do Filho de Deus. Jesus é visto como rei e filho de David e, ao mesmo tempo, como santo e Filho de Deus. As palavras do Anjo a Maria são testemunho da amorosa predilecção de Deus para com a humilde jovem de Nazaré que mereceu tornar-se Mãe de Deus pela sua fé incondicional.
A confirmação da intervenção celeste, por obra do Espírito Santo, na sua condição virginal, abre o coração de Maria à vontade de Deus e à plena adesão ao projecto universal da salvação: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. O sim de Maria abre caminho à nossa salvação. Imitemo-la dizendo muitas vezes sim ao que Deus nos pede.

Tuesday, December 18

Pensamento do dia: 18-12-2012

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. (Soren Kierkegaard)

Novena do Natal - Dia 18 de Dezembro


Jeremias vive num momento muito difícil da história de Israel. O texto apresenta-nos uma profecia cheia de esperança: anuncia um rei sábio, descendente de David que, como rebento justo, guiará o povo como um pastor e uma declaração do fim do exílio e da dispersão do povo, que regressará para habitar na sua própria terra. A profecia coloca-nos diante de uma intervenção de Deus que é sinal da sua fidelidade à promessa feita a David e faz a unidade do povo, guiado por um verdadeiro rei, que realiza um reino de paz e de justiça. Por isso, será chamado Senhor-nossa-justiça. Jesus é descendente do rei David. O que a David foi prometido realizar-se-á em Jesus. Ele é o Cristo, o Ungido, o Messias. Ele é o Rei justo, o Rei segundo os desígnios de Deus, que são desígnios de santidade e de justiça. A libertação pascal realizada no Êxodo, na saída do Egipto, será ainda mais perfeitamente realizada na Páscoa de Jesus Cristo. Ele é o Cordeiro Pascal, Ele reunirá em Si todos os povos da terra.

Mateus descreve-nos a anunciação do nascimento de Jesus a José, filho de David. Maria, noiva de José, encontra-se grávida por obra do Espírito Santo. Enquanto José pensa despedi-la secretamente, o Anjo revela-lhe em sonhos o projecto de Deus: Maria dará à luz o Salvador esperado. José, homem justo acolhe com fé e simplicidade o projecto de Deus, recebe Maria como esposa, e reconhece legalmente o filho que está para nascer. Ao dar-lhe o nome de Jesus, que qualifica a sua missão, cumpre a vontade de Deus. Deus, para realizar o seu desígnio de amor e de salvação, serviu-se dos homens que aceitam a Sua vontade. Vivendo na fé e no escondimento, José colaborou com Deus na história da salvação e é modelo bíblico da fé e da fidelidade ao Senhor. No filho de Maria e de José, que está para nascer, Deus revela-se Emanuel, Deus connosco. Os desígnios de Deus não seguem a lógica humana. Para os aceitarmos é preciso muita atenção a Deus e até o sofrimento da obscuridade da fé.

Monday, December 17

Pensamento do dia: 17-12-2012

Viver é aceitar que cada minuto é um milagre que não poderá ser repetido. (Autor desconhecido)

Novena do Natal - Dia 17 de Dezembro


Começamos estes dias que preparam imediatamente o Natal do Senhor pelo anúncio que vem do longínquo tempo dos Patriarcas do povo de Deus. Na bênção de Jacob aos seus filhos antes de morrer, tem especial importância a bênção dada a Judá, chefe da tribo donde descende Jesus, e, por isso, se atribui a Jesus o que Jacob disse de Judá quando exclamou: Judá é um leão. O leão é o animal forte. No Apocalipse, um dos anciãos exclama a propósito d’Aquele que é capaz de abrir o livro dos sete selos, Jesus, o Salvador: “O leão da tribo de Judá venceu!” É já uma aclamação da vitória pascal do Senhor e para a qual o Advento já nos encaminha.

As promessas de Deus feitas aos antepassados atravessam as gerações, onde haverá membros do povo eleito e estrangeiros, santos e pecadores, e vêm a realizar-se finalmente em Jesus Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, Salvador universal. Esta leitura, parecendo, à primeira vista, simples enumeração de nomes, é um testemunho eloquente da fidelidade de Deus à sua aliança com os homens. Ainda que estes O abandonem, Ele não os abandonará.
Mateus abre o seu evangelho com a narração das origens humanas de Jesus: a Genealogia de Jesus Cristo, que começa em Adão e termina em José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. O evangelista divide a história da salvação, que tem o seu ponto culminante em Jesus-Messias, em três grandes períodos: Abraão, David, o exílio. Confirmam-se as promessas dos profetas, segundo as quais Jesus é descendente de Abraão e de David e possui as bênçãos e a glória dos antepassados.

Friday, December 14

Sexta-feira da Semana II do Advento


Na 1ª leitura, Deus lamenta-Se por causa da incredulidade do seu povo. Este deixou de se alimentar da sua palavra; por isso, se extravia e definha. Se a tivesse escutado e posto em prática, a sua vida seria como o deslizar suave de um rio a caminho do mar. O lamento de Deus na boca do Profeta é um apelo e uma oferta para o homem. A salvação, que manifesta a santidade de Deus, também se realiza por meio do ensino do coração do povo, possibilitando-lhe viver a Aliança e conhecer o plano de amor salvífico gratuito, que Deus tem para toda a humanidade, e que é razão última da criação do mundo.
O profeta faz também um balanço da história passada da Aliança: a palavra de Deus não foi escutada; a Lei não foi observada; por isso é que Israel está tão longe da prosperidade que a Aliança comportava. Mas, agora, Deus volta a dar-lhe a sua Palavra eficaz para que possa ter efeitos profundos e duradoiros e conduza Israel a uma vida na justiça oferecida por Deus, garantindo o cumprimento da promessa feita aos Pais.

O lamento de Deus no Antigo Testamento em relação ao povo do tempo dos profetas, encontramo-lo agora na boca do próprio Jesus em relação à gente do seu tempo, que podia escutar do Filho de Deus a palavra da vida, e não a sabia apreciar. Os ouvintes de Jesus esquivavam-se a escutá-l’O e a segui-l’O. Mas a Sabedoria de Deus, que encarnou em Jesus Cristo, triunfará da indiferença dos que não Lhe prestam atenção, como crianças desatentas e caprichosas. O que Jesus pretende é agitar as consciências dos seus ouvintes e convidá-los a acolher Deus e faz um apelo a uma compreensão de fé que leve a optar pelo projecto salvífico de Deus sintonizando com o seu modo de agir e de se revelar na história.
De acordo com a profecia de Isaías, a nossa felicidade está ligada ao modo como acolhemos os mandatos e a palavra de Deus. Infelizmente assim não aconteceu ao não entenderem os comportamentos de João Baptista e de Jesus. Sendo Deus fiel e eternamente justo, devemos necessariamente aceitar as suas palavras e ter nele uma fé e confiança plenas. E não sigamos os conselhos dos ímpios nem entremos pelos caminhos dos pecadores.

Wednesday, December 12

Quarta-feira da Semana II do Advento


Depois do anúncio feliz de ontem, onde se proclamava o regresso do exílio, o profeta volta hoje a despertar a confiança do povo de Deus, que tão facilmente torna a perdê-la. Mas Deus não muda, Ele é um Deus eterno, que não se cansa nem desiste de vir ao encontro do seu povo para o salvar. Cada Advento o recorda e quer fazer renascer em nós a esperança e a confiança n’Aquele que é capaz de remoçar os mais fatigados. O Deutero-Isaías quer convencer os seus ouvintes de que Deus pode e quer salvá-los, quer consolá-los, mostrando que cuida eficazmente dos seus fiéis. A perda de forças é uma situação habitual: há problemas de difícil solução, aparece algum sofrimento. Os jovens cansam-se e fatigam-se, e até os homens feitos desfalecem. O Senhor convida-nos a aproximar-nos d’Ele e a ter muita esperança: Os que esperam no Senhor recuperam as forças. Procuremos ser um bom apoio para aqueles que nos rodeiam, ajudando-os na resolução dos seus problemas.

Já não é só o profeta que nos aponta o Senhor que nos vem salvar: é o próprio Senhor Jesus quem Se nos apresenta e nos convida a ir até Ele, que pode e quer dar alívio e consolação às nossas almas. Tanto o profeta como o Senhor vêm ao encontro da nossa fraqueza, trazendo-nos a força da esperança para sermos capazes de aguardar a sua vinda sem desfalecermos. O Evangelho de hoje diz-nos que é pequeno quem acreditar que o estilo de Jesus manso e humilde de coração é o caminho para chegar aos segredos de Deus, e se dispuser a aproximar-se dEle e a tornar-se discípulo. É preciso tornar-se discípulos, aproximar-se de Jesus que fala do Pai aos seus amigos e descobrir que a familiaridade com Jesus é uma escola exigente, mas capaz de oferecer repouso e paz. Todos nos devemos esforçar por imitar Jesus: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Deste modo criaremos um ambiente de serenidade à nossa volta, ajudando todos os sobrecarregados pelos seus problemas pessoais, pelas tarefas profissionais ou pela família.

Tuesday, December 11

Terça-feira da Semana II do Advento


Com esta passagem começa a segunda parte do Livro deste profeta, também chamado o Livro da Consolação de Israel. Escrita no fim do exílio de Babilónia, anuncia ao povo de Deus dias novos de salvação, semelhante à que o Senhor lhe tinha enviado quando o tirou do Egipto e o conduziu pelo deserto a caminho da Terra Prometida. Trata-se de um novo Êxodo. A vinda do Senhor, que o Advento nos faz esperar é o momento culminante de toda a história da salvação: é Deus que vem para nos salvar! É o mistério do Advento, da Vinda do Senhor. O profeta tem a missão de preparar o regresso do Senhor. É na estabilidade do Senhor que o povo desterrado em Babilónia há-de confiar.
A Igreja é também o rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor e cujas ovelhas, ainda que governadas por pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom Pastor.

O que o profeta anunciou, a salvação do povo de Deus, Jesus o afirma de maneira bem clara nesta parábola que não nos deixa dúvidas sobre a intenção última de todas as vindas de Deus ao encontro dos homens: o Senhor não quer que nenhum se perca, nem sequer um só destes pequeninos!
A parábola da ovelha perdida é uma exortação a partilhar a alegria do perdão que Deus concede aos pecadores que se convertem, e a tornar-nos também disponíveis para oferecer o perdão aos outros. Em coerência com esse contexto, Mateus não põe directamente Deus à procura da ovelha tresmalhada, mas a comunidade. É a solicitude pastoral da comunidade que torna visível o rosto de Deus que vai à procura do cristão perdido, do pecador. O importante é que a comunidade procure aquele que anda perdido e faça por encontrá-lo…
O amor de Deus por nós é um amor misericordioso, porque não quer que se perca ninguém: não é da vontade de meu Pai, que se perca um só destes pequeninos. O Advento é um tempo de esperança, que devemos aproveitar para uma reconciliação, para uma conversão.

Monday, December 10

Segunda-feira da Semana II do Advento


Os tempos do Messias são anunciados pelo profeta como um novo paraíso. O profeta, que é, ao mesmo tempo, um poeta, anuncia, por meio de imagens cheias de optimismo e beleza, a transformação feliz de todas as coisas: o deserto será jardim, o que é fraco será revestido de força, o que é árido tornar-se-á viçoso. São imagens que, já desde longa data, anunciavam a renovação trazida ao mundo pelo Filho de Deus; agora exprimem o júbilo e a alegria da Igreja nesta expectativa da vinda do Senhor, que ela celebra no Advento. Isaías oferece-nos hoje um verdadeiro hino à alegria pela renovação do cosmos e, sobretudo, do próprio homem. Essa renovação é obra de Deus criador e salvador. A alegria contrasta com a aridez do deserto e da estepe. É o contraste entre uma alegria que vem de Deus, que atravessa e vivifica toda a existência, e o sofrimento e a aflição que pesaram sobre o povo durante o exílio.

A leitura do Evangelho vem mostrar que as promessas do profeta se cumpriram em Jesus. O enfermo, jazendo no catre, é imagem de toda a humanidade entregue a si mesma, sem ter quem a salve. O encontro com Jesus foi para o enfermo a cura da doença, o perdão dos pecados, a fonte da alegria. E quem o presenciou soube reconhecer o dom de Deus e proclamar as suas maravilhas. Há-de ser assim a atitude de quem reconhece, no Filho de Deus que vem, o seu Salvador. É a fé daqueles maqueiros que permite a Jesus falar como fala. Só quem tem fé é capaz de compreender que o maior problema do homem é o pecado, raiz de todos os males que o afligem.
Com a vinda do Messias realizar-se-ão acontecimentos extraordinários. E Jesus cura um paralítico e perdoa-lhe os pecados. Aproximemo-nos do Senhor para que Ele perdoe os nossos pecados, abeirando-nos do sacramento da Penitência, e ajudemos outros a fazerem o mesmo. E também para que Ele cure as nossas paralisias: o afastamento dos Sacramentos e da vida de oração, a pouca ajuda na vida familiar e no local de trabalho, o receio de falar de Deus e dos seus ensinamentos aos outros, etc.

Sunday, December 9

Domingo II do Advento


Podemos situar o tema deste domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita a todos os baptizados, chamados – neste tempo em especial – a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio trazer.
O Evangelho apresenta-nos o profeta João Baptista, que convida os homens a uma transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética que Deus continua, hoje, a confiar-nos.
A primeira leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso, somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a proposta libertadora que Deus nos faz. A leitura convida-nos, ainda, a viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades.
A segunda leitura chama a atenção para o facto de a comunidade se dever preocupar com o anúncio profético e dever manifestar, em concreto, a sua solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem.

Friday, December 7

Sexta-feira da Semana I do Advento


A renovação do povo de Deus é apresentada em comparações tiradas da renovação da natureza e da melhoria das situações materiais ou morais. Com tais imagens exprime-se o ambiente de felicidade e de alegria, de paz e de santidade, de renovação e de restauração que o Senhor quer enviar ao seu povo, para que ele reencontre os caminhos da sabedoria. Isaías canta a mudança profunda realizada pelo Senhor no seu povo que se tinha deixado perverter, é a passagem das trevas à luz, provocada pelas maravilhas que o Senhor realiza, destruindo os projectos escondidos em que o povo incrédulo baseava a sua sabedoria. A salvação provoca o júbilo dos humildes, daqueles que confiam no Senhor e perseveram na espera da salvação que vem dele.

O que a leitura anterior anunciava, Jesus agora o realiza no Evangelho: os olhos dos cegos tornarão a ver. Há uma continuidade constante em toda a história da salvação, porque Deus é sempre o mesmo, e sempre igual é a sua vontade de vir ao encontro dos cegos, que somos nós todos. Estes últimos tempos, que Jesus inaugurou com a sua vinda no mistério de Encarnação, são particularmente significativos desta vontade de Deus sobre os homens. Curando os cegos, Jesus revela-Se como a própria luz de Deus enviada ao mundo, ao mesmo tempo que manifesta a vontade divina de iluminar a nossa cegueira. Esta luz há-de finalmente brilhar em todo o seu esplendor, quando Ele vier no fim destes nossos tempos, que o Advento prepara. A fé daquele que procura a cura junto de Jesus manifesta-se, em primeiro lugar, no seguimento e torna-se súplica insistente, confiante. Aproximar-se de Jesus é necessariamente entrar em comunhão com a sua Pessoa e escutar a sua Palavra. Jesus faz como que um exame à fé dos cegos, isto é, à confiança que têm no seu poder salvador.
O Senhor é a Luz que dá a luz, que nos ilumina a todos. Precisamos que o Senhor nos liberte da escuridão e das trevas, que inundam o mundo. Peçamos ao Senhor que nos abra os olhos da fé para a luz divina, para vermos as pessoas e os acontecimentos como Ele os vê, que Ele abra os nossos olhos para O descobrirmos naqueles que nos rodeiam, nas nossas ocupações diárias.

Thursday, December 6

Quinta-feira da Semana I do Advento


Na 1ª leitura, Isaías apresenta um hino de acção de graças pela ajuda do Senhor que faz de Jerusalém uma cidade forte, em oposição a Babilónia. O hino é entoado pelos habitantes da cidade, que precisa de ser reconstruída e de muros que lhe garantam a segurança, mas esses muros podem tornar-se uma defesa do bem-estar próprio, uma barreira contra os humildes. O profeta convida a abrir as portas da cidade para que os seus habitantes não se fechem nas suas próprias seguranças, mas estejam abertos ao mundo. Ele aconselha-nos a confiar sempre no Senhor, a edificar a nossa vida sobre a rocha eterna, que é o próprio Cristo. O Advento, que anuncia e celebra a vinda do Senhor ao encontro dos homens para os salvar, quer fazer brotar em nosso coração a confiança e a fidelidade, porque elas são atitudes fundamentais de um povo justo; somos convidados a confiar mais no Senhor do que nos homens.

No Evangelho, a fidelidade na esperança e a coragem de se manter vigilante na expectativa da vinda do Senhor são por Ele mesmo comparadas à firmeza da casa construída sobre a rocha. A imagem da rocha serve para significar a fidelidade de Deus e a confiança que n’Ele se pode ter. Sobre a rocha está construída a Igreja e sobre o rochedo se há-de apoiar a construção da vida de cada cristão, para que, ao chegar o Natal, o Senhor possa encontrar para Si uma casa, e não apenas uma gruta, e, na sua última vinda, sejamos acolhidos, com Ele, na casa do Pai. A casa construída sobre a rocha é sólida e resiste aos temporais e às enxurradas, enquanto a que é construída sobre a areia facilmente se desmorona e cai em ruínas. A Palavra é o fundamento imperecível para apoiar as nossas obras e a nossa vida, é o verdadeiro fundamento do discipulado e da nossa confiança. Não são as coisas extraordinárias (os exorcismos, as curas, os milagres) mas na Palavra devidamente escutada e posta em prática. Não é suficiente dizer Senhor; Senhor para ser verdadeiro discípulo. É preciso obedecer à Palavra do Senhor encarnada na vida. Só assim o poderemos imitar e sermos igualmente rocha para os que nos rodeiam.

Wednesday, December 5

Quarta-feira da Semana I do Advento


O reino de Deus é frequentemente comparado na Sagrada Escritura a um banquete. O banquete supõe o convite, a reunião dos convidados, a abundância do que é servido, a intimidade com aquele que convida e entre todos os convivas. Assim é o reino de Deus, onde o banquete é ainda de festa nupcial, de aliança entre Deus e os homens, de vitória da vida sobre tudo o que pudesse ser sinal de morte. O Advento é já celebração do Mistério Pascal: o Senhor vem para salvar. O banquete simboliza a comunhão, o diálogo, a festa, a vitória. O banquete anunciado por Isaías celebrará a derrota, por Deus, dos poderes que subjugam o homem, mas também a realeza universal do mesmo Deus. Esse banquete será oferecido em Sião, símbolo da eleição de Israel.

Foi também no monte que Jesus multiplicou os pães e os peixes para matar a fome à multidão, depois de ter curado os doentes. Com estes sinais, o Senhor manifestava que Ele ia já pondo aos homens a mesa do reino dos Céus, que n’Ele o reino dos Céus estava já presente no meio dos homens, como continua hoje a estar, e que n’Ele os homens poderão continuar a encontrar a salvação, que, na sua última vinda, será total e definitiva, e onde todos os que forem chamados a sentar-se à sua mesa comerão até ficarem saciados.
Os pães que sobejam mostram que nesse banquete há sempre lugar para todos. O número 7 dos cestos do pão que sobejou, bem como o número 4.000 dos que comeram, simbolizam, mais uma vez, o tema da salvação universal, que Jesus tem em mente.
Este milagre prefigura a superabundância do pão eucarístico. A Eucaristia é verdadeiro banquete onde Cristo se oferece como alimento. Tenhamos fé na presença real de Cristo na Eucaristia. Peçamos, como Jesus nos ensinou: o pão-nosso de cada dia nos dai hoje; preparemos bem cada celebração eucarística, em que participamos.

Tuesday, December 4

Pensamento do dia: 04-12-2012

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda. (Cecília Meireles)

Terça-feira da Semana I do Advento


A vinda do Filho de Deus inaugura a era da paz universal, Ele que de judeus e pagãos fez um só povo. Esta era de paz, que só será perfeita quando Ele vier no fim dos tempos, é aqui descrita com imagens como as do paraíso reencontrado. E, como no princípio, tudo será fruto da acção do Espírito de Deus, Espírito que Jesus recebeu do Pai em plenitude, e nos comunicou a nós também. Jesus aplicou um dia a Si próprio esta passagem do profeta. Num cenário de desolação, brota rebentos, sinal de vida e de bênção. Brota do tronco da família de David, provada pelas tragédias da história e pela infidelidade do pecado. Mas Deus é fiel e não esquece a promessa de estabelecer para sempre o trono de David. O dom do Espírito é o dom divino por excelência aos chefes libertadores de Israel, aos juízes carismáticos, aos profetas e aos sacerdotes, aos sábios. Com a vinda do Messias recebemos a promessa de um reino de justiça e de paz. O Espírito Santo ajuda, tendo em conta a sua missão salvífica.

Toda a vida de Jesus, o Messias enviado pelo Pai, manifestou que Ele estava cheio do Espírito Santo, que vivia movido por Ele e por Ele estava unido ao Pai, como se vê nesta passagem. A acção do Espírito Santo há-de revelar-se particularmente a partir do Mistério Pascal do Senhor e será essa acção do Espírito Santo que vai renovar a face da terra, como se há-de cantar no último dia do Tempo Pascal, no dia de Pentecostes. Desde já começamos a olhar para esse ponto de chegada da Páscoa do Senhor. Jesus admira o conhecimento que o Pai tem dele e exalta o conhecimento que o mesmo Pai Lhe dá do seu projecto de salvação. Jesus introduz neste conhecimento de Deus os seus amigos, aqueles que aceitam participar na familiaridade que O liga ao Pai. Essa participação é a verdadeira bem-aventurança dos discípulos, que já não vivem à espera, mas usufruem da presença da salvação há muito esperada por Israel.
Para isso, precisamos viver a simplicidade. E deixar-nos guiar pelo Espírito Santo, para que nos ilumine e deixemos de ser injustos para com Deus e para com o próximo e deixemos de praticar o mal.

Monday, December 3

Pensamento do dia: 03-12-2012

Não acrescente dias a sua vida, mas vida aos seus dias. (Harry Benjamin)

Segunda-feira da Semana I do Advento


O livro de Isaías vai acompanhar-nos ao longo de todo o Advento. Embora todo o livro se chame de Isaías, ele não é todo de um só autor; mas a sua mensagem é toda ela de esperança voltada para o Messias, que virá da parte de Deus como salvação, não só para o povo judeu, mas para todas as nações. O monte do Senhor e o templo a que se refere a leitura antecipam a imagem da Igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus Cristo, que acolhe todos os que procuram o Senhor e donde irradia para todos os homens a luz que lhes pode mostrar o caminho. A palavra do Senhor dirigida aos homens, ensinar-lhes-á a concórdia e o caminho da paz, orientando nessa direcção as suas energias positivas. Assim, os instrumentos de guerra, serão transformados em instrumentos de paz: transformarão as suas espadas em relhas de arados, e as suas lanças, em foices. O profeta Isaías faz chegar ao povo de Deus uma mensagem de esperança destinada a todos os homens. Com a vinda do Messias renova-se a esperança no fim da violência: não mais levantará a espada povo contra povo. Para que o Messias instaure o seu reino de paz, precisamos acolhê-lo com a humildade e com a fé ardente do centurião.

Neste Evangelho fica sublinhada a ideia do universalismo do reino de Deus; ele vem para todos os homens. A primeira vinda do Filho de Deus foi resposta às promessas de Deus a Abraão e à sua descendência, o povo de Israel, embora se destinasse já a todos os homens. A última vinda, que o Advento também prepara, fará sentar à mesa do reino de Deus, com Abraão e os seus descendentes, homens vindos de todos os povos, desde que animados da fé do centurião, que era de origem pagã. A fé do centurião causa espanto a Jesus. Trata-se de um pagão, pessoa considerada impura pelos judeus que manifesta uma fé muito grande, convicta, determinada, acompanhada por um forte sentimento de indignidade, que não lhe permite ter pretensões e que também sabe que o poder de Deus, manifestado em Jesus, não tem quaisquer limites.
Como podemos preparar-nos bem para o nascimento de Jesus? O Evangelho sugere-nos como modelo o encontro de Jesus com o centurião que atrai as graças de Cristo através de uma profunda humildade e uma grande fé.