Monday, December 24

Lapinha

No tradicional presépio madeirense Jesus não é um bebé deitado numas palhinhas ou ao colo da mãe, mas um menino, de sorriso angelical, em pé num pedestal, colocado no topo de umas escadas, cujos degraus são decorados com fruta e verduras.
Esta é a 'lapinha' em escada, cujas origens serão algarvias, uma construção trazida para a Madeira pelos primeiros colonizadores.
Os degraus, representando os socalcos dos campos da ilha, delineados com espiguilha e decorados com pêros vermelhos, laranjas e tangerinas, 'cabrinhas' e vasinhos de searinhas.
A 'lapinha', que era sempre construída poucos dias antes da festa, passou depois a representar a difícil orografia da ilha, e os montes e vales surgiam desenhados com os mais variados objectos existentes nas casas, cobertos com papel pintado, uma figura que ficou conhecida por muitos como a 'rochinha'.
Das caixas armazenadas onde ficaram guardadas durante todo o ano, eram retiradas as imagens dos 'pais' e do menino bebé deitado nas palhinhas, os animais, os pastores, os reis magos e as casinhas que a pouco e pouco, dando asas à imaginação, enchiam os 'montes, vales e caminhos' de cor e movimento. Em muitas das representações o Menino Jesus até surgia em duplicado e em vários tamanhos.
Mares e lagoas (com a água representada por algodão, com papel azul ou até mesmo natural, recorrendo a diversos engenhos), bandas de música e diversos episódios da vida quotidiana são outros elementos que podiam ser observados nas construções que adornavam a maioria das casas e instituições.
Havia a tradição de visitar nesta altura do ano as casas de amigos, parentes e instituições, para ver quem tinha conseguido construir a 'lapinha' mais bonita. Nas confraternizações não faltavam o licor, o Vinho Madeira e o bolo de mel, além das outras iguarias da doçaria madeirense, cuja confecção ocupava o tempo e consumia a energia das mulheres nas semanas que antecediam a Festa.
Era comum a grande maioria amassar as broas e bolos de mel que eram cozidos nos fornos das padarias com base numa agenda marcada com antecedência com os padeiros.
Fonte: DN Madeira

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