Jesus Cristo tornou-se incómodo para as autoridades políticas e religiosas do seu tempo, os romanos e os judeus, receosos da subversão social e política que as ideias de Jesus Cristo podiam trazer. Segundo os Evangelhos, Jesus ousou dizer, "Foi-vos dito... mas Eu digo-vos" e expulsou os comerciantes do Templo, purificando-o. A poucos dias de se comemorar a data que assinala o nascimento de Jesus Cristo, o Semanário foi ouvir vários dignatários da Igreja Portuguesa sobre aquilo que Jesus Cristo denunciaria e se também seria alvo da hostilidade dos poderes instalados, visto como subversivo da ordem social e política vigente: Frei Bento Domingues, D. Carlos Azevedo, padre Carreira das Neves, padre Feytor Pinto, D. Januário Torgal Ferreira, D. Manuel Clemente, padre Peter Stilwell, padre Vaz Pinto.
Jesus Cristo tornou-se incómodo para as autoridades políticas e religiosas do seu tempo, os romanos e os judeus, receosos da subversão social e política que as ideias de Jesus Cristo podiam trazer. Segundo os Evangelhos, Jesus ousou dizer, "Foi-vos dito... mas Eu digo-vos", considerou caduca a interpretação legalista da regra do puro e do impuro, expulsou os comerciantes do Templo, purificando-o. A poucos dias de se comemorar a data que assinala o nascimento de Jesus Cristo, o Semanário foi ouvir vários dignatários da Igreja Portuguesa sobre aquilo que Jesus Cristo denunciaria e se também seria alvo da hostilidade dos poderes instalados, visto como subversivo da ordem social e política vigente: Frei Bento Domingues, D. Carlos Azevedo, padre Carreira das Neves, padre Feytor Pinto, D. Januário Torgal Ferreira, D. Manuel Clemente, padre Peter Stilwell, padre Vaz Pinto, padre Vitor Melícias.
D. Manuel Clemente: "Contra a opulência, a soberba e o seguidismo"
"Jesus respeita a autoridade política e até a fundamenta, no diálogo com Pilatos, governador romano da Judeia: "Nenhum poder terias sobre mim, se não te fosse dado do alto". Mas esta mesma fundamentação, indicando que a autoridade política é de algum modo querida por Deus, para garantir a sociabilidade humana, dá-lhe também um enquadramento que a relativiza e responsabiliza. Quando a autoridade política esquece a sua finalidade social positiva e se arvora num absoluto - como o Império Romano daquele tempo e os seus sucedâneos futuros - perde legitimidade e razão de ser." No que se refere ao que Jesus hoje denunciava, D. Manuel Clemente refere que "nuns lados denunciaria a miséria, noutros a opulência; nuns a irresponsabilidade, noutros a soberba; nuns o individualismo, noutros o seguidismo... Em qualquer circunstância denunciaria a falta de respeito por cada pessoa humana e o esquecimento de Deus.
D. Carlos Azevedo : "Seria ecologista e denunciava a corrupção"
A denúncia permanece actualíssima. O centro da vida das pessoas, o que atrai os seus comportamentos, o que move o seu agir anda afastado do querer de Deus e portanto o confronto com o Evangelho é provocante. Quando os cristãos são fiéis a Cristo e optam por critérios de vida inovadores fazem-se defensores dos direitos humanos, sem descontos; livres de interesses, servem as causas dos mais pobres; desgastam-se pelo bem comum e mostram espírito crítico relativamente ao consumo sem limites ao lado da pobreza, ao lucro sem medida, ao uso do corpo sem equilíbrio, às vaidades nacionalistas, ao uso das armas e o recurso à violência na resolução de conflitos, a exploração do trabalho. Hoje certamente Jesus seria ecologista, porque a terra tem sido estragada pelos erros humanos. Denunciaria a corrupção como grave atentado à justiça, a indiferença como vício e a quebra da fidelidade familiar como caminho desumanizador.
Padre Carreira das Neves: "Denunciaria a guerra do Iraque e o terrorismo religioso islâmico em nome de Deus."
É difícil responder porque vivemos numa cultura política, histórica e religiosa muito diferente da de então. Se Jesus vivesse hoje, aderia à democracia, à monarquia, à esquerda ou à direita? No seu tempo, Jesus não aderiu a nenhum "partido", fossem eles dos fariseus, saduceus, zelotas, essénios e, até, de João Baptista. Aderiu apenas ao seu próprio partido, o do Reino de Deus, que, a julgar pelas parábolas, estava carregado de mistério interior e de misericórdia, onde podiam e deviam entrar aqueles e aquelas que o judaísmo oficial proibia: publicanos, samaritanos, mulheres de má vida, toda a variedade de doentes mentais e físicos. Neste "partido" só há portas para a inclusão e não para a exclusão.
Nos dias de hoje, não sei se Jesus aderiria ao partido socialista, ao social democrata, à esquerda ou à direita. Não sei o que é que diria ao Papa, ao Dalai Lama, aos protestantes, aos mórmones, aos testemunhas de Jeová, aos muçulmanos e hindus. Penso, no entanto, que denunciaria a guerra do Iraque e, muito mais, o terrorismo religioso islâmico em nome de Deus.
Seria alvo de hostilidade? Naturalmente que sim. Quem defende a política da inclusão contra a exclusão acaba por ser hostilizado porque os interesses humanos, desde os políticos, aos económicos e religiosos, passam, infelizmente, pela exclusão. Penso que Jesus teria uma "política" diferente da normal católica em relação aos divorciados e aos ministérios ordenados das mulheres.
Padre Vaz Pinto: "Luta contra uma mentalidade que sufoca a relação com Deus"
"Certamente Jesus Cristo denunciaria os poderes instalados, mas não no sentido de ser uma alternativa politica, caminho que claramente recusou. A Sua luta seria e é contra uma mentalidade, uma maneira de ver e de viver que então e agora sufoca a relação com Deus e a relação com o outro, o homem nosso irmão. " Vaz Pinto refere, também, que "o respeito pelo homem, sobretudo pelos mais necessitados, pobres, doentes e marginalizados, a proximidade e a atenção à pessoa, são marcas cristãs de sempre e estes valores quando vividos provocam uma profunda alteração social e económica."
Frei Bento Domingues: "Os gestos que nos colocam ao lado dos excluídos têm toda a probabilidade de serem reconhecidos por Cristo."
A repetida pergunta: "O que é que Jesus, hoje, denunciaria?" não é de resposta fácil. É perigoso que alguém se tome por Jesus Cristo para fazer as suas denúncias. Primeiro, importa identificar a proposta de Jesus e ver como é que ela poderia ser apresentada, hoje, pelas Igrejas ou por qualquer pessoa ou grupo. Segundo, abolir de vez a tentação de colocar na boca de Deus ou de Cristo o que são interpretações nossas. É tentador cobrir-se com a autoridade de Cristo para dizer o que julgamos certo. É um erro dogmatizar os pronunciamentos de Papas, Bispos, Padres, etc.. Hoje, tudo o que sai da boca do Papa é tomado como um dogma infalível. É um abuso. No século XX, só houve a proclamação de um dogma, isto é, um pronunciamento que envolve a fé da Igreja. O que deveria identificar os pronunciamentos e as atitudes dos cristãos - são eles a Igreja, a hierarquia é apenas uma hierarquia de serviços - seria o seguinte: os pronunciamentos, as atitudes, os gestos que nos colocam ao lado dos excluídos pelas religiões, pelas sociedades, pelas economias e pelas políticas, de cada país e de cada continente, têm toda a probabilidade de serem reconhecidos por Cristo. Basta ler o capítulo 25 de S. Mateus, 31-46 para saber onde nos podemos encontrar com Deus, com Jesus Cristo.
D. Januário Torgal Ferreira: "Denunciava as promessas não cumpridas"
"Com a sua mensagem, Jesus Cristo abalou os fundamentos da época, designadamente contra o judaísmo, do modo que era praticado. Hoje o catolicismo tem nas suas franjas, sectores fundamentalistas contra os quais Jesus Cristo se poderia insurgir. Por outro lado, denuciava o facto de, no interior da Igreja, não estarmos atentos para a justiça e a caridade, não olharmos para a doutrina social da igreja, onde está tudo. Além do mais, Jesus Cristo denunciaria o egoísmo e a insensibilidade social, a hipocrisia, as promessas não cumpridas, a exploração dos pobres e humildes, o irrealismo de tantas ilusões que não tocam a realidade."
Padre Feytor Pinto: "Os que seguem Jesus Cristo continuam a ser vitimizados"
"É frequente hoje, aqueles que seguem Jesus Cristo e aceitam a sua radicalidade, serem vitimizados e condenados arbitrariamente como aconteceu com Jesus Cristo. A recente Encíclica de Bento XVI cita três exemplos: a do mártir vietnamita Paulo-le-Bao-Thin que sofre os suplícios mais violentos, com ódio, agressões, calúnias, grilhões, cadeias de ferro, porque em pleno campo de concentração, pretende afirmar a sua fé em Jesus Cristo, único salvador (tribunal religioso); a do Cardeal Nguyen Van Thuam que durante 13 anos, na China, não cedeu aos critérios de uma sociedade que não respeitava os direitos humanos (o tribunal político); e até a da africana Josefina Bakhita do Darfur, Sudão, que, escrava, com os mais diversos "patrões", acabou por lutar pela liberdade até consegui-la com a afirmação da fé a exigir os valores do Evangelho, que não eram respeitados pelo povo (tribunal popular). A presença dos valores cristãos no mundo exigem denúncia e proposta, a denúncia do que está errado, a proposta dos 4 pilares da paz, a verdade, a justiça, a liberdade, o amor, sem o que não há uma sociedade nova. Cristo continua a interpelar a humanidade, com os seus poderes."
Padre Peter Stilwell: "Entender como irmãos todos os povos colide com os interesses de grandes e pequenos poderes económicos e financeiros"
É minha convicção que Jesus foi condenado porque houve quem compreendesse o alcance do seu desafio: era necessário alterar o modo como as autoridades de Jerusalém interpretavam a identidade e objectivo estratégico do seu povo. Jesus retoma uma visão herdada dos grandes profetas de Israel que entreviam Jerusalém e a resposta à Benevolência Inimaginável como lugares de reencontro fraterno entre todos os povos. Nos nossos tempos a proposta continua a ser problemática. Entender como "irmãos" todos os povos esbarra com interesses que não são só, nem principalmente, dos "poderes instalados". Colide com o nível de vida das populações, com as regras que se pretende estabelecer para os fluxos migratórios, com os interesses de grandes e pequenos poderes económicos e financeiros... Sobretudo, parte de um apelo à descoberta do Deus vivo cuja presença-ausência rompe com todos os projectos, esquemas e distinções de etnia e religião que o tempo e uma subtil entropia da alma humana se encarregam de tornar fronteiras da inimizade.
Jesus Cristo tornou-se incómodo para as autoridades políticas e religiosas do seu tempo, os romanos e os judeus, receosos da subversão social e política que as ideias de Jesus Cristo podiam trazer. Segundo os Evangelhos, Jesus ousou dizer, "Foi-vos dito... mas Eu digo-vos", considerou caduca a interpretação legalista da regra do puro e do impuro, expulsou os comerciantes do Templo, purificando-o. A poucos dias de se comemorar a data que assinala o nascimento de Jesus Cristo, o Semanário foi ouvir vários dignatários da Igreja Portuguesa sobre aquilo que Jesus Cristo denunciaria e se também seria alvo da hostilidade dos poderes instalados, visto como subversivo da ordem social e política vigente: Frei Bento Domingues, D. Carlos Azevedo, padre Carreira das Neves, padre Feytor Pinto, D. Januário Torgal Ferreira, D. Manuel Clemente, padre Peter Stilwell, padre Vaz Pinto, padre Vitor Melícias.
D. Manuel Clemente: "Contra a opulência, a soberba e o seguidismo"
"Jesus respeita a autoridade política e até a fundamenta, no diálogo com Pilatos, governador romano da Judeia: "Nenhum poder terias sobre mim, se não te fosse dado do alto". Mas esta mesma fundamentação, indicando que a autoridade política é de algum modo querida por Deus, para garantir a sociabilidade humana, dá-lhe também um enquadramento que a relativiza e responsabiliza. Quando a autoridade política esquece a sua finalidade social positiva e se arvora num absoluto - como o Império Romano daquele tempo e os seus sucedâneos futuros - perde legitimidade e razão de ser." No que se refere ao que Jesus hoje denunciava, D. Manuel Clemente refere que "nuns lados denunciaria a miséria, noutros a opulência; nuns a irresponsabilidade, noutros a soberba; nuns o individualismo, noutros o seguidismo... Em qualquer circunstância denunciaria a falta de respeito por cada pessoa humana e o esquecimento de Deus.
D. Carlos Azevedo : "Seria ecologista e denunciava a corrupção"
A denúncia permanece actualíssima. O centro da vida das pessoas, o que atrai os seus comportamentos, o que move o seu agir anda afastado do querer de Deus e portanto o confronto com o Evangelho é provocante. Quando os cristãos são fiéis a Cristo e optam por critérios de vida inovadores fazem-se defensores dos direitos humanos, sem descontos; livres de interesses, servem as causas dos mais pobres; desgastam-se pelo bem comum e mostram espírito crítico relativamente ao consumo sem limites ao lado da pobreza, ao lucro sem medida, ao uso do corpo sem equilíbrio, às vaidades nacionalistas, ao uso das armas e o recurso à violência na resolução de conflitos, a exploração do trabalho. Hoje certamente Jesus seria ecologista, porque a terra tem sido estragada pelos erros humanos. Denunciaria a corrupção como grave atentado à justiça, a indiferença como vício e a quebra da fidelidade familiar como caminho desumanizador.
Padre Carreira das Neves: "Denunciaria a guerra do Iraque e o terrorismo religioso islâmico em nome de Deus."
É difícil responder porque vivemos numa cultura política, histórica e religiosa muito diferente da de então. Se Jesus vivesse hoje, aderia à democracia, à monarquia, à esquerda ou à direita? No seu tempo, Jesus não aderiu a nenhum "partido", fossem eles dos fariseus, saduceus, zelotas, essénios e, até, de João Baptista. Aderiu apenas ao seu próprio partido, o do Reino de Deus, que, a julgar pelas parábolas, estava carregado de mistério interior e de misericórdia, onde podiam e deviam entrar aqueles e aquelas que o judaísmo oficial proibia: publicanos, samaritanos, mulheres de má vida, toda a variedade de doentes mentais e físicos. Neste "partido" só há portas para a inclusão e não para a exclusão.
Nos dias de hoje, não sei se Jesus aderiria ao partido socialista, ao social democrata, à esquerda ou à direita. Não sei o que é que diria ao Papa, ao Dalai Lama, aos protestantes, aos mórmones, aos testemunhas de Jeová, aos muçulmanos e hindus. Penso, no entanto, que denunciaria a guerra do Iraque e, muito mais, o terrorismo religioso islâmico em nome de Deus.
Seria alvo de hostilidade? Naturalmente que sim. Quem defende a política da inclusão contra a exclusão acaba por ser hostilizado porque os interesses humanos, desde os políticos, aos económicos e religiosos, passam, infelizmente, pela exclusão. Penso que Jesus teria uma "política" diferente da normal católica em relação aos divorciados e aos ministérios ordenados das mulheres.
Padre Vaz Pinto: "Luta contra uma mentalidade que sufoca a relação com Deus"
"Certamente Jesus Cristo denunciaria os poderes instalados, mas não no sentido de ser uma alternativa politica, caminho que claramente recusou. A Sua luta seria e é contra uma mentalidade, uma maneira de ver e de viver que então e agora sufoca a relação com Deus e a relação com o outro, o homem nosso irmão. " Vaz Pinto refere, também, que "o respeito pelo homem, sobretudo pelos mais necessitados, pobres, doentes e marginalizados, a proximidade e a atenção à pessoa, são marcas cristãs de sempre e estes valores quando vividos provocam uma profunda alteração social e económica."
Frei Bento Domingues: "Os gestos que nos colocam ao lado dos excluídos têm toda a probabilidade de serem reconhecidos por Cristo."
A repetida pergunta: "O que é que Jesus, hoje, denunciaria?" não é de resposta fácil. É perigoso que alguém se tome por Jesus Cristo para fazer as suas denúncias. Primeiro, importa identificar a proposta de Jesus e ver como é que ela poderia ser apresentada, hoje, pelas Igrejas ou por qualquer pessoa ou grupo. Segundo, abolir de vez a tentação de colocar na boca de Deus ou de Cristo o que são interpretações nossas. É tentador cobrir-se com a autoridade de Cristo para dizer o que julgamos certo. É um erro dogmatizar os pronunciamentos de Papas, Bispos, Padres, etc.. Hoje, tudo o que sai da boca do Papa é tomado como um dogma infalível. É um abuso. No século XX, só houve a proclamação de um dogma, isto é, um pronunciamento que envolve a fé da Igreja. O que deveria identificar os pronunciamentos e as atitudes dos cristãos - são eles a Igreja, a hierarquia é apenas uma hierarquia de serviços - seria o seguinte: os pronunciamentos, as atitudes, os gestos que nos colocam ao lado dos excluídos pelas religiões, pelas sociedades, pelas economias e pelas políticas, de cada país e de cada continente, têm toda a probabilidade de serem reconhecidos por Cristo. Basta ler o capítulo 25 de S. Mateus, 31-46 para saber onde nos podemos encontrar com Deus, com Jesus Cristo.
D. Januário Torgal Ferreira: "Denunciava as promessas não cumpridas"
"Com a sua mensagem, Jesus Cristo abalou os fundamentos da época, designadamente contra o judaísmo, do modo que era praticado. Hoje o catolicismo tem nas suas franjas, sectores fundamentalistas contra os quais Jesus Cristo se poderia insurgir. Por outro lado, denuciava o facto de, no interior da Igreja, não estarmos atentos para a justiça e a caridade, não olharmos para a doutrina social da igreja, onde está tudo. Além do mais, Jesus Cristo denunciaria o egoísmo e a insensibilidade social, a hipocrisia, as promessas não cumpridas, a exploração dos pobres e humildes, o irrealismo de tantas ilusões que não tocam a realidade."
Padre Feytor Pinto: "Os que seguem Jesus Cristo continuam a ser vitimizados"
"É frequente hoje, aqueles que seguem Jesus Cristo e aceitam a sua radicalidade, serem vitimizados e condenados arbitrariamente como aconteceu com Jesus Cristo. A recente Encíclica de Bento XVI cita três exemplos: a do mártir vietnamita Paulo-le-Bao-Thin que sofre os suplícios mais violentos, com ódio, agressões, calúnias, grilhões, cadeias de ferro, porque em pleno campo de concentração, pretende afirmar a sua fé em Jesus Cristo, único salvador (tribunal religioso); a do Cardeal Nguyen Van Thuam que durante 13 anos, na China, não cedeu aos critérios de uma sociedade que não respeitava os direitos humanos (o tribunal político); e até a da africana Josefina Bakhita do Darfur, Sudão, que, escrava, com os mais diversos "patrões", acabou por lutar pela liberdade até consegui-la com a afirmação da fé a exigir os valores do Evangelho, que não eram respeitados pelo povo (tribunal popular). A presença dos valores cristãos no mundo exigem denúncia e proposta, a denúncia do que está errado, a proposta dos 4 pilares da paz, a verdade, a justiça, a liberdade, o amor, sem o que não há uma sociedade nova. Cristo continua a interpelar a humanidade, com os seus poderes."
Padre Peter Stilwell: "Entender como irmãos todos os povos colide com os interesses de grandes e pequenos poderes económicos e financeiros"
É minha convicção que Jesus foi condenado porque houve quem compreendesse o alcance do seu desafio: era necessário alterar o modo como as autoridades de Jerusalém interpretavam a identidade e objectivo estratégico do seu povo. Jesus retoma uma visão herdada dos grandes profetas de Israel que entreviam Jerusalém e a resposta à Benevolência Inimaginável como lugares de reencontro fraterno entre todos os povos. Nos nossos tempos a proposta continua a ser problemática. Entender como "irmãos" todos os povos esbarra com interesses que não são só, nem principalmente, dos "poderes instalados". Colide com o nível de vida das populações, com as regras que se pretende estabelecer para os fluxos migratórios, com os interesses de grandes e pequenos poderes económicos e financeiros... Sobretudo, parte de um apelo à descoberta do Deus vivo cuja presença-ausência rompe com todos os projectos, esquemas e distinções de etnia e religião que o tempo e uma subtil entropia da alma humana se encarregam de tornar fronteiras da inimizade.
Fonte: Jornal O Semanário
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