Thursday, March 27

Quinta-feira da Semana III da Quaresma


Leituras: Jer 7, 23-28; Sl 94 (95), 1-2. 6-7. 8-9; Lc 11, 14-23

A Quaresma é tempo de conversão ao Senhor; é tempo de exame de consciência, de revisão de vida à luz da palavra de Deus. Esta palavra nos acuse, nos desmascare, nos queira tocar no mais fundo do coração. 
Ao condenar o formalismo do culto, o profeta condena a surdez de Israel à voz de Deus, escutada no momento da Aliança, no monte Sinai. Só na escuta o povo de Israel pode conhecer o seu Deus, diferente de todas as outras divindades. Por isso, o primeiro mandamento é: escuta, Israel. Os verdadeiros profetas apelam continuamente a essa escuta.

Deus não se cansa de falar ao seu povo. Enviou muitos profetas, desde a saída do Egipto até ao aparecimento de Cristo, a quem compete proclamar a Boa Nova. O povo não escutava a voz do Senhor e até se opunha a Cristo. Procuremos não fechar os nossos corações aos ensinamentos do Senhor. Recebamos a Boa Nova, tal como a Igreja no-la propõe. Assimilemos os seus ensinamentos para que sejam vida da nossa vida. Guardemo-los nos nossos corações e transmitamo-los aos nossos familiares e amigos.

Wednesday, March 26

Quarta-feira da Semana III da Quaresma


Leituras: Dt 4, 1.5-9; Sl 147 (148), 12-13. 15-16. 19-20; Mt 5, 17-19

Na primeira leitura de hoje, Moisés começa por evocar a história de Israel e por recordar ao povo a fidelidade de Deus à Sua aliança. Moisés observa que é necessário corresponder com o cumprimento fiel das leis e preceitos, é uma condição para entrar na terra prometida: Agora, Israel, escuta os preceitos que Vos dou a conhecer e põe-nos em prática, para que vivais e entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus dos vossos pais. E é também uma vocação a realizar: Ensinei-vos estas leis e preceitos, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenara, a fim de os praticardes na terra de que ides tomar posse.
Nós, hoje, somos chamados a seguir as mesmas pegadas a que os israelitas foram também chamados. Como eles também nós temos fraquezas, desânimos, tropeções e precisamos de apoio para a nossa caminhada. Os preceitos e as leis do Senhor devem ser constantemente actualizados na vida de cada um de nós. Somos todos os dias convidados a cumprir a vontade de Deus, presente na pessoa das outras pessoas, daqueleas com quem nos relacionamos. Somos interpelados a seguir Jesus tendo sempre presente o Seu convite a sermos o Seu povo eleito e a responder sempre com amor e dedicação ao Seu serviço.

No Evangelho, Jesus apresenta-se como a perfeição da Lei e dos Profetas; Ele interpreta a lei em função do homem, não o homem em função da lei. Mateus, que escreve para uma comunidade judeo-cristã apresenta Jesus como um novo Moisés que promulga a nova lei: as Bem-aventuranças.
A Lei e os Profetas não são abolidos; em Cristo atingem o pleno cumprimento: ajudaram Israel a preparar-se para a comunhão com Deus; comunhão essa que é oferecida, por graça e em plenitude.
Jesus está connosco, caminha sempre a nosso lado e n’Ele encontramos a plena liberdade e felicidade, na observância aos preceitos antigos e novos, que se resumem no amor a Deus e ao próximo, um amor que se faz dom gratuito e livre, em todas as circunstâncias.

Monday, March 24

Segunda-feira da Semana III da Quaresma


Leituras: 2 Re 5, 1-115a; Sl 41 (42), 2-3; 42 (43), 3. 4; Lc 4, 24-30

A saúde restituída a um leproso por meio de simples banho no rio é figura do Baptismo, que, num gesto tão simples, é sacramento de uma graça espiritual tão grande, que nele, de simples homens naturais, nos tornamos filhos de Deus, participantes da vida e da glória de Cristo ressuscitado. E esta graça é oferecida a todos os homens: Naamã era estrangeiro e pagão, e foi curado. 

A recusa dos habitantes de Nazaré em receber Jesus tem o seu melhor comentário na frase de João: Veio ao que era seu, mas os seus não O receberem. A revelação do filho de José, vai-se transformando, de admiração e espanto, em incredulidade hostil e mesmo em ódio homicida: levaram-no ao cimo do monte a fim de o precipitarem dali abaixo. É o destino de todos os profetas: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. Os preconceitos, religiosos, culturais, nacionalistas, impedem ou dificultam o acolhimento humilde da revelação de Deus. Mas a viúva de Sarepta e Naaman, estrangeiros e pagãos, acolhem a salvação, que os seus primeiros destinatários recusam; e estão abertos às iniciativas surpreendentes de Deus.

Friday, March 21

Sexta-feira da Semana II da Quaresma

Leituras: Gn 37, 3-4. 12-13a; Sl 104, (105) 16-17. 18-19. 20-21; Mt 21, 33-43. 45-46

A liturgia deste dia oferece um paralelo entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a figura e a realidade, entre José e Jesus: ambos foram inocentes, ambos traídos pelos seus irmãos, ambos trocados por dinheiro, ambos amados pelo pai e desprezados pelos irmãos a ponto de desejarem a morte, mas ambos finalmente restituídos à vida, depois de terem sofrido a humilhação e a condenação. Esta parábola dos agricultores bem como os maus tratos infligidos a José pelos irmãos, é um anúncio dos sofrimentos de Jesus na sua Paixão e que culminaram na sua morte. É assim o processo do Mistério Pascal.

O Evangelho de hoje também mostra a má vontade de uns lavradores que por avareza matam o filho do dono da vinha, ou seja, Jesus Cristo. A vinha é Israel, dono Deus, arrendatários chefes do povo judeu, os criados os profetas, o filho morto é Jesus e o castigo de justiça é destruição de Jerusalém e a entrega da vinha a outros, o anúncio do Reino de Deus aos povos pagãos.
Este texto é uma espécie de resumo da Sagrada Escritura, é a síntese da história da salvação e da história que Deus faz connosco no nosso dia-a-dia: história de libertação, de amor, de perdão e misericórdia.

Thursday, March 20

Quinta-feira da Semana II da Quaresma

Leituras: Jer 17, 5-10; Sl 1, 1-2. 3. 4. 6; Lc 16, 19-31

Esta leitura procura ajudar-nos a descobrir a verdadeira sabedoria, a que nos ensina a encontrar o caminho da vida e da salvação. Jeremias ensina que é a força de Deus e não o poder humano quem pode salvar, embora o coração humano, o que há de mais astucioso e incorrigível, tente encontrar nos seus sentimentos mais íntimos a resposta para as suas interrogações. Só Deus experimenta e avalia com justiça os comportamentos e frutos de cada um dos homens, porque só Ele conhece o coração do homem e o pode curar.

No Evangelho, apresenta-nos 3 cenas: situação de vida do rico e de Lázaro, cena depois da morte, diálogo do rico com Abraão. Com esta história, Jesus não quer dizer que os ricos não vão para o céu. O rico não é condenado pelo simples facto de o ser mas porque não respeita Deus, prescinde de Deus, abandona os caminhos de Deus, é egoísta e não partilha os seus bens com aqueles que precisam. Lázaro não se salva porque é pobre mas porque está aberto a Deus e espera d’Ele a salvação. Afirma-se o perigo da riqueza porque pode criar o esquecimento de Deus, a surdez à Palavra de Deus e fechamento ao próximo. 

A parábola leva-nos a pensar que hoje temos à nossa volta pessoas necessitadas, como Lázaro. Precisamos partilhar com eles os bens materiais e o afecto, a amizade, a compreensão, as palavras de estímulo...

Tuesday, March 18

Terça-feira da Semana II da Quaresma

Leituras: Is 1, 10.16-20; Sl 49, (50), 8-9. 16bc-17. 21. 23: Mt 23, 1-12

Com frequência a palavra de Deus declara em que vem a consistir a conversão. A fé vive-se em toda a vida e não apenas em certos momentos. Mas a Quaresma é um tempo particularmente denso, no qual havemos de aprender, de novo, a viver, todos os dias, da fé. Só assim poderemos ter parte na Ressurreição, no termo da grande caminhada. O profeta insiste na necessidade de mudança, para acolher o perdão oferecido por Deus. A nossa conversão interior está intimamente ligada às boas obras

Seguir o caminho de justiça e de santidade é estar na escola que leva a Deus. De contrário, estaríamos condenados juntamente com os escribas e fariseus, que dizem e não fazem, ainda que ocupem a cadeira de mestres, ou então o que fazem é por ostentação, para serem tidos por grandes. A conclusão não pode ser deixar de escutar a Palavra proclamada por chefes incoerentes, mas usar o discernimento para fazer o que eles dizem, e não fazer o que fazem. O Mestre divino, começou primeiro a fazer a depois a ensinar e contrasta o seu modo de actuar com o dos escribas e fariseus.

Monday, March 17

Segunda-feira da Semana II da Quaresma

Leituras: Dan 9, 4b-10; Sal 78 (79), 8. 9. 11. 13; Lc 6, 36-38

O primeiro passo na conversão é o reconhecimento, diante de Deus, da situação de pecador. E logo surge a oração humilde e confiante de quem pede o perdão, como a de Daniel, o cativo da Babilónia. Daniel volta-se para Deus relendo a história à luz da tradição deuteronomista: à infidelidade do povo segue o castigo. Mas, até quando terá Deus que castigar o seu povo? Só Ele sabe. Por isso é que o profeta faz a pergunta a Deus e limita-se a reconhecer que o castigo é merecido. Mas a confissão e o arrependimento do profeta não o levam ao desesperar, mas a esperar confiadamente o perdão divino.

O homem, feito em santidade à imagem de Deus, também agora, ao suplicar o perdão de seus pecados, há-de imitar o Pai das misericórdias, há-de perdoar a quem o ofendeu, como numa cadeia de amor, de Deus ao pecador, deste ao seu irmão. Como praticar esta misericórdia. É o que nos indicam os versículos que hoje escutamos. Quando nos arrependemos dos nossos pecados, nos dispomos a arrepiar caminho, e nos abrimos ao amor misericordioso do Pai, o seu perdão é um dom superabundante e por isso, também nos convém ser generosos no perdão aos nossos irmãos.

Thursday, March 13

Quinta-feira da Semana I da Quaresma

À medida que experimentamos a nossa insuficiência, vamos sentindo, cada vez mais, a necessidade de recorrer ao Senhor, que é a nossa força. Em tais circunstâncias, só o orgulhoso não sabe dirigir-se a Deus e rezar. Em momento especialmente difícil da vida do seu povo, Ester, a israelita condenada à morte com todos os demais, presa de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor. A rainha, na tentativa de salvar o povo a que pertencia, decide expor-se ao perigo, intercedendo por ele junto do marido. Mas, antes de se apresentar ao rei, apresenta-se ao Senhor, numa atitude de penitência e de oração. 

A oração é uma das formas de vivermos a penitência quaresmal, com o jejum e a esmola. O coração aprende a orar na fé… Jesus pode pedir-nos que procuremos e batamos à porta, porque Ele é a porta e o caminho. Se precisamos de rezar não é para convencer a Deus das nossas necessidades, mas para transformarmos os nossos desejos e fazê-los coincidir com a vontade divina que quer o nosso bem.
No Evangelho é o próprio Jesus que insiste em que devemos pedir, procurar, bater à porta. Orar ao Senhor é acto de confiança, afirmação de fé, caminho de paz. Jesus também pediu ao Pai nas horas difíceis. Só o braço poderoso de Deus nos pode fazer passar da escravidão à libertação, da morte à vida. Jesus ensina a necessidade da oração de súplica e que é escutada. O Pai sabe, mas é preciso assumir a atitude do mendigo e reconhecer a própria condição de fraqueza e dependência de Deus.