Wednesday, March 10

Pitanga

Segundo a obra 'Fruticultura Tropical - Espécies com frutos comestíveis' do Professor Engenheiro José Mendes Ferrão, esta planta é oriunda da América tropical, mais propriamente do Brasil. Aí menciona-se que, actualmente está dispersa pelas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, bem como em zonas temperadas onde as geadas são pouco comuns. Como curiosidade, é referido que foram os portugueses que difundiram a pitangueira no Oriente. 
Apesar desta espécie ser conhecida desde longa data pelos madeirenses, desconhece-se quando é que foi introduzida na Região. O 'Elucidário Madeirense' de 1940 do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, dá conta que esta pequena árvore era muito cultivada no Funchal. Ainda hoje, é frequente verem-se pitangueiras nos quintais das casas, em pés dispersos ou como sebe viva, pois estas além de produzirem frutos, têm uma vertente ornamental muito apreciada, especialmente na rebentação e floração.
Na Madeira, encontra as melhores condições de frutificação até aos 280 metros de altitude na costa sul e 100 metros na encosta norte. Tradicionalmente, a pitangueira é propagada por semente, o que origina uma grande diversidade genética, não havendo por isso, uma garantia de ter-se um bom exemplar. Em finais da década de 90 do século passado, a Divisão de Fruticultura da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, seleccionou as melhores variedades deste fruto no que respeita à qualidade e produtividade, sendo possível adquirir lá, plantas enxertadas de inegável valor. Como consequência deste trabalho e do interesse por parte da indústria agro-alimentar, surgiram alguns pomares desta espécie.
Em termos de fitossanidade, a praga mais importante é a mosca da fruta ou 'bicho' da fruta, não havendo registo de nenhuma doença que a afecte.
A colheita decorre ao longo do ano, apresentando dois picos de produção na Primavera e no Outono. Existem duas variedades de pitanga, a 'vermelha' e a 'negra', em função da cor dos frutos maduros. Ao paladar, a primeira é ligeiramente mais ácida que a segunda, pelo que esta última é mais adequada para o consumo em fresco. A 'vermelha' tem um grande potencial de transformação, obtendo-se derivados deliciosos como o 'doce', gelado, pudim, entre outros. É possível produzir pasta de pitanga com recurso ao descaroçamento, congelando a polpa para utilização posterior, sem perda das suas características excepcionais de aroma, sabor e textura.
Embora alguns hotéis e restaurantes já incluam este fruto ou o transformado nas suas ementas, é fundamental que muitos mais o façam, pois trata-se de um produto regional de excelência, que é desconhecido da maioria dos nossos turistas. Este e outros momentos gastronómicos, proporcionam ao visitante experiências e memórias, que não esquecerá e certamente desejará repeti-las.


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