Monday, March 22

Reflectindo: Domingo V da Quaresma (III)

Saber perdoar
- Um dia o Zeca regressou da escola cheio de raiva. Antes que o pai lhe perguntasse alguma coisa, gritou irritado:
- O Pedro não devia ter feito aquilo para comigo. Humilhou-me à vista de todos. Quero que ele sofra como eu. Quem me dera que ele parta uma perna...
O pai escutou tudo calado enquanto caminhou para o fundo do jardim onde guardava um saco cheio de carvão. O Zeca viu o saco aberto e o pai a propor-lhe:
- Filho, faz de conta que aquela camisa branca a secar no varal é o amigo que te ofendeu e cada pedaço de carvão é uma acusação que tens contra ele. Atira-lhe este carvão todo.
O miúdo achou a brincadeira divertida e descarregou assim a sua fúria mas a camisa estava longe demais e poucos pedaços acertaram o alvo. No final sentiu-se cansado mas satisfeito por ter conseguido alguma coisa. O pai levou-o então até ao espelho do quarto onde pôde ver a sua figura toda suja de carvão. Só enxergava os dentes e os olhos. O pai concluiu ternamente:
- Filho, viste que aquela camisa quase que nem se sujou mas, olha para ti. O mal que desejamos aos outros é aquilo que nos desfigura. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com as nossas acusações, a borra, os resíduos e a fuligem ficam sempre em nós mesmos.


Jesus ensinou o mesmo: quem não tiver pecado que atire a primeira pedra! É um apelo à misericórdia e ao amor de Deus, à esperança e ao desejo de uma vida nova. A força de Deus está no perdão, no amor, na nova oportunidade de vida que Ele nos dá e não no castigo pelo mal cometido.
São Paulo, na 2ª leitura, desafia-nos a libertar-nos do lixo que nos impede a descoberta do fundamental: a comunhão com Cristo, a identificação com Cristo na nossa vivência do dia-a-dia.

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