Thursday, January 31

Pensamento do dia: 31-01-2013

A nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida. (José Saramago - 1922-2010)

Quinta-feira da Semana III do Tempo Comum


O escritor sagrado faz um grande apelo à fidelidade. São muitos os motivos da nossa esperança e, por isso, não tem sentido o desânimo nem pode haver lugar para desleixos. Jesus Cristo, o Sacerdote da nova Aliança, abriu o caminho a todos para chegarmos ao Santuário celeste. Toda a nossa vida sobre a terra há-de ser avançar, na fé, na esperança e na caridade, para esse Santuário, vivendo na Casa de Deus, que é a Igreja, na prática das boas obras, fiéis à assembleia litúrgica, onde a fé se anima e a comunidade se constrói. Chama a todos irmãos porque todos foram redimidos pelo sangue de Cristo, podem entrar em comunhão vital com Ele e uns com os outros.

No Evangelho, temos quatro pequenas parábolas resumidas. São afirmações genéricas, que podem ter aplicação em circunstâncias diversas, mas aqui parecem aplicar-se à atitude que se deve ter diante da doutrina de Jesus, a luz que é preciso difundir, generosamente, de mãos largas, que isso aproveitará a quem a recebe e a quem a dá. A palavra de Deus é como uma lâmpada; o seu sentido deve ser revelado, para que sejam manifestos aos homens os desígnios de Deus. O Evangelho é para todos na comunidade.

Wednesday, January 30

Pensamento do dia: 30-01-2013

A alegria não está nas coisas, senão em nós. (Richar Wagner - músico e poeta alemão, 1813-1883)

Quarta-feira da Semana III do Tempo Comum


Antes de Cristo, repetiam-se os sacrifícios, porque nenhum deles tinha alcance universal e eterno. Jesus, porém, ofereceu-Se a Si mesmo, e este seu sacrifício tem valor infinito, porque é o sacrifício do Filho de Deus. Por isso, Ele santifica, de uma vez para sempre, os homens que a Ele se queiram submeter, obtém-lhes o perdão dos seus pecados e garante-lhes participação na glória celeste. Esta é a Aliança nova e eterna, mais eficaz do que qualquer das alianças anteriores, que sempre se encaminhavam para este momento definitivo.

As parábolas são histórias aparentemente simples, mas com um elemento-surpresa e uma conclusão inesperada que convidam a procurar um segundo significado, para além do imediato. Esta parábola diz-nos que o Messias está próximo e descreve a abundância de graça do Reino messiânico, procura sublinhar a importância que tem o tornar-se discípulo na escola de Jesus para poder compreender-se o que é o Reino de Deus e nele entrar.
Na Sagrada Escritura não recebemos uma palavra humana mas aquilo que na realidade é: a Palavra de Deus. Procuremos ouvi-la e meditá-la com regularidade, para que não caia nos três primeiros terrenos da parábola.

Tuesday, January 29

Pensamento do dia: 29-01-2013

A alegria é o secreto gigante do Cristianismo. (Gilbert Chesterton - escritor britânico, 1874-1936)

Terça-feira da Semana III do Tempo Comum


Continuando a comparação, entre o sacrifício de Cristo e os sacrifícios do Antigo Testamento, a leitura mostra como o que dá sentido e valor à oblação de Jesus e faz dessa oblação um sacrifício novo, e de uma ordem absolutamente superior, é a atitude profunda do coração do Senhor, o amor que Ele tem ao Pai e que se manifesta na obediência à vontade d’Ele. Assim, o autor põe na boca de Jesus, desde a sua entrada neste mundo, o versículo do salmo que testemunha essa sua disposição de vir fazer a vontade do Pai.
Jesus veio ao mundo para percorrer o caminho de regresso ao Pai, abrindo também aos homens esse caminho, que é o único que leva à salvação. Sendo Filho de Deus, abaixou-Se à condição humana e fez-se obediente até à morte de cruz. Fomos santificados graças à sua entrega sacrificial obediente.

Nem a família de Jesus parece ter, a princípio, compreendido, em toda a profundidade, a sua pessoa e a sua missão. Mas Jesus, sem negar em nada os laços do sangue, proclama a profundidade ainda maior do parentesco espiritual, fruto da comunhão com a vontade de Deus. Por esta comunhão espiritual todos são chamados a entrar na família do Senhor.
Não podemos ver neste texto qualquer atitude de menosprezo pela Mãe, nem pelos afectos humanos. Todos quantos rodeiam Jesus, ainda que simples curiosos, discípulos hesitantes ou apóstolos tardos em compreender, ou mesmo traidores, são mãe e irmãos. Ser irmão de Jesus, não é questão de sangue, de mérito, mas de graça: Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe, por que se torna filho de Deus.

Monday, January 28

Pensamento do dia: 28-01-2013

As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros. (Oscar Wilde - 1854-1900)

Segunda-feira da Semana III do Tempo Comum


Continuando a fazer a comparação entre o culto e a mediação de Cristo e os ritos do Antigo Testamento, a epístola afirma a superioridade absoluta de Cristo sacerdote. O seu sacrifício é único, oferecido de uma vez para sempre; ele atinge o fim dos tempos e inaugura o reino celeste, onde Cristo entrou de uma vez para sempre, como Cabeça do corpo da Igreja. É de lá que ela O espera para que Ele a associe à sua vitória pascal. Cristo é o mediador da nova aliança, sumo sacerdote da nova lei, o mediador entre Deus e a humanidade. Há continuidade entre a antiga e a nova aliança. Jesus não é apenas sacerdote da nova aliança; é também vítima. Na paixão, entregou-se a Deus pelos pecadores. Não ofereceu sangue de outros, mas o seu próprio sangue.

A falta de fé dos adversários de Jesus toca a insensatez, não os deixando reconhecer o reino de Deus presente no meio deles. Não é pelo poder do demónio, mas pelo poder de Deus que Jesus expulsa os demónios e instaura, no meio deste mundo, o reino de Deus. Negá-lo é pecar contra o Espírito Santo. O orgulho cega o homem e não o deixará nunca reconhecer a obra de Deus.
Jesus enfrenta decidida e corajosamente os seus caluniadores para os refutar. Evidencia as suas contradições: se fosse Satanás a expulsar Satanás, não era preciso estar preocupados com ele, porque o seu poder tinha chegado ao fim. Libertar os pecadores do poder de Satanás e da escravidão do pecado era um sinal claro de que Jesus actuava em nome de Deus. Dizer que actuava pelo poder do espírito maligno era blasfemar contra o Espírito Santo.

Friday, January 25

Festa da Conversão de São Paulo


Aguerrido perseguidor dos discípulos de Jesus, Paulo dirigia-se para Damasco, quando, inesperadamente, o Senhor Ressuscitado lhe aparece e Se lhe revela. Vencido pela graça, entrega-se, incondicionalmente a Cristo, que o escolhe para Seu apóstolo e o encarrega de anunciar o Evangelho.
O evento de Damasco articula-se em três momentos: um diálogo de reconhecimento mútuo entre Jesus Ressuscitado e Saulo de Tarso; a conversão de Saulo revelada na pergunta: Que hei de fazer, Senhor?; a missão e torna-se testemunha do que viu e ouviu.
Este encontro marcou profundamente a vida, o pensamento e a acção deste Apóstolo. Paulo descobriu, nesse momento, o poder extraordinário da graça, poder capaz de transformar um perseguidor em Apóstolo. Descobriu também que Jesus Ressuscitado Se identifica com os cristãos (Porque Me persegues?).
Mas este acontecimento foi de grande importância para o desenvolvimento da Igreja. O convertido de Damasco será o Apóstolo que mais virá a contribuir para a expansão missionária da Igreja entre os povos pagãos. Este encontro de Saulo com Jesus representa uma mudança completa da sua vida. A graça de Deus condu-lo à conversão e ao anúncio do Evangelho. Jesus ressuscitado, que ele perseguia, tornou-se o centro da sua espiritualidade e da sua teologia.

Thursday, January 24

S. Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja


Nasceu na Sabóia no ano 1567. Ordenado sacerdote, trabalhou muito pela restauração da fé católica na sua pátria. Esse santo oferece-nos a mais perfeita lição do quanto se pode conseguir pela bondade e pela doçura.
Foi Bispo de Genebra, na Suíça, mostrou-se verdadeiro pastor do clero e dos fiéis, instruindo-os com os seus escritos e obras, feito modelo para todos. Viu-se logo cercado pelos calvinistas que, naquele tempo, eram tomados por uma grande aversão contra tudo o que fosse católico. Ao invés de brigar e de se entregar à oposição, S. Francisco de Sales preferiu seguir o caminho de um humanismo suave. Fez valer esta máxima: Mais moscas se caçam com um pingo de mel do que com um barril de vinagre.
Ele passou a vida escrevendo e é o patrono dos jornalistas. Os seus dois livros - Tratado do Amor de Deus e Introdução à Vida Devota lêem-se com a mesma facilidade e interesse como no tempo em que foram escritos.
Fundou a Ordem da Visitação e foi capaz de interpretar o que Deus deseja e o que está no íntimo de cada coração humano.
Morreu em Lião a 28 de Dezembro de 1622, mas foi sepultado definitivamente em Annecy a 24 de Janeiro do ano seguinte.

Quinta-feira da Semana II do Tempo Comum


O sacrifício que Jesus ofereceu na Cruz é único, total e definitivo. Pelo sacrifício de Jesus Cristo, o homem morreu para o pecado e ressuscitou para a vida nova; inaugurou-se então a escatologia, o tempo do fim, os últimos tempos; atingiu-se, em Cristo, a comunhão do homem com Deus.

Jesus é procurado pelos que mais precisam e mostra-Se-lhes como a fonte da vida; por isso, cura os doentes, como sinal de que tinham chegado os tempos anunciados pelos profetas. Mas quer acima de tudo que as pessoas O encontrem na fé, e não vejam n’Ele apenas um simples benfeitor ou uma pessoa que arrasta multidões. A fé há-de nascer no coração e não na exaltação momentânea, fruto de emoção.


Wednesday, January 23

Quarta-feira da Semana II do Tempo Comum


Nesta passagem afirma-se a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o dos sacerdotes da Antiga Aliança, o sacerdócio levítico; Melquisedec é um rei sacerdote, diferente dos sacerdotes da tribo de Levi, a tribo sacerdotal do Antigo Testamento. O silêncio da Sagrada Escritura sobre a sua origem e os seus descendentes faz pensar num sacerdócio eterno, que é aqui tomado como figura do sacerdócio de Cristo.

Jesus procura fazer compreender o sentido profundo das observâncias religiosas, particularmente do descanso do sábado. Entra na sinagoga em dia de sábado. Há um homem doente que O espera e também quem esteja atento para apanhar Jesus em qualquer falha contra a lei. Jesus põe no centro o homem que tinha a mão paralisada e interroga os adversários sobre a liceidade de fazer ou não fazer o bem em dia de sábado. Responde com um silêncio eloquente, que causa tristeza a Jesus. Jesus continua fielmente o seu serviço profético, insistindo numa instituição sabática que sirva o homem. Fazer bem ao homem, exigirá a Deus o preço da eliminação do seu Filho.

Tuesday, January 22

Pensamento do dia: 22-01-2013

A mais bela tarefa dos homens é a tarefa de unir os homens. (Saint-Exupéry)

São Vicente de Saragoça, Diácono e Mártir

Vicente de Saragoça foi um mártir do início do século IV que sofreu o martírio em Valência (Espanha). É o santo padroeiro de Lisboa.
Durante o Império de Diocleciano, o delegado imperial Daciano moveu na Ibéria uma perseguição aos cristãos. Vicente recusou oferecer sacrifícios aos deuses e foi cruelmente martirizado até à morte, que terá ocorrido em 304.
É representado de modos diversos: com palma e evangeliário, com uma barca e um corvo, porque, de acordo com a tradição, quando, em 1173, o rei Afonso Henriques ordenou que as relíquias do santo fossem trazidas do Cabo de S. Vicente, junto a Sagres, para a cidade de Lisboa, duas daquelas aves velaram o corpo do santo que seguia a bordo da barca. É padroeiro dos vinhateiros e profissões afins.

Terça-feira da Semana II do Tempo Comum


Diante da dureza da vida e das provações a que a sua fé está sujeita, os cristãos não hão-de perder a coragem ou cair na apatia ou no desespero; antes, corajosos e firmes, hão-de apoiar-se, em todas as circunstâncias, na fidelidade de Deus às suas promessas. Para nos fazer acreditar nelas, Deus até as quis garantir com um juramento. Por isso, da fé nasce a esperança, que é aqui comparada a uma âncora, garantia de segurança inabalável. Jesus é o Sumo-sacerdote, prefigurado em Melquisedec, que penetrou no santuário, nos céus, e está sentado à direita do Pai sempre a interceder por nós.

A lei do sábado, no Antigo Testamento, e o descanso que lhe estava ligado, tinha um sentido que encontrava em Jesus a sua plenitude. Ele é Senhor do sábado: Ele é a Paz, o encontro do homem com Deus, o repouso em Deus. Este Evangelho realça a autoridade definitiva de Jesus e um dos princípios centrais do Evangelho: Jesus não veio condenar o homem, mas salvá-lo de toda a alienação e toda a lei, mesmo a mais sagrada, é em função do homem e não vice-versa.

Monday, January 21

Santa Inês, Virgem e Mártir

A Igreja venera hoje uma santa muito conhecida e amada: Santa Inês. Ela é, sem dúvida, a mais famosa de todas as virgens e mártires dos primeiros tempos do cristianismo.
Na idade de treze anos, recebeu uma proposta de casamento por parte do filho do prefeito de Roma, apaixonado pela sua beleza. Inês pertencia à nobreza romana. Mas era cristã e queria dar a Cristo todos os seus dons, juntamente com a vida.
Conta a história que, por vingança, ela foi condenada à fogueira. E o povo acrescenta que o fogo não tocou nem mesmo os seus longos e belos cabelos. Decidiram então os algozes decepar-lhe a cabeça e assim morreu (passou definitivamente para a verdadeira Vida, com Cristo, no Reino do Pai).
O Papa São Dâmaso escreveu sobre Santa Inês, exaltando-lhe as virtudes e propondo-a como modelo para as jovens cristãs de todos tempos. Adornou com versos o seu sepulcro e muitos santos Padres, seguindo S. Ambrósio, celebraram os seus louvores.

Segunda-feira da Semana II do Tempo Comum


Jesus é o Sumo-Sacerdote da Nova Aliança, semelhante aos sacerdotes da Aliança antiga no facto de ser homem, capaz de Se compadecer de seus irmãos, e de sofrer com eles e por eles; mas superior aos sacerdotes da lei antiga, porque é o próprio Filho de Deus, consagrado Sacerdote pelo mistério da sua Encarnação, fruto da acção do Espírito Santo, e obediente à vontade do Pai, até à morte. Cristo deu-nos exemplo de obediência: Apesar de ser filho aprendeu, de quanto sofrera, o que é obedecer, aprendeu, pelo sofrimento, o que é obedecer. Com orações e súplicas, com grande clamor e lágrimas, realiza a oferta de Si mesmo e agrada ao Pai pela respeitosa submissão à sua divina vontade. Então, o Pai torna-O perfeito, capaz de obter a salvação para todos aqueles que acolhem a sua Palavra. A sua experiência de sofrimento ensinou-Lhe o que significa para o homem a obediência a Deus enquanto dura a vida terrena, o sacrifício e a dor que a fidelidade a Deus lhe acarretam e é capaz de solidarizar-se com eles.
A novidade da Boa-Nova, do Evangelho, que Jesus vem proclamar, custa a ser compreendida pelos homens, que só ouvem as palavras e não chegam a compreender-lhes o sentido. A presença de Jesus no meio dos seus discípulos era qualquer coisa de novo, e muito maior do que todos os anúncios proféticos anteriores à sua vinda. Todos eles O anunciavam. Mas os discípulos só agora começavam a ter essa experiência e, em Jesus, a entrar numa aliança nova com Deus, que era para eles como a alegria de um noivado. Um dia virá a ausência do Noivo, a hora em que Ele for levado à morte. Então jejuarão, jejum este que está na origem do jejum pascal da Igreja.

Rezar a Palavra
Não posso jejuar quando o meu coração pula de alegria por te encontrar, por te acolher em mim, por experimentar que me salvas da mesquinhez da minha vã maneira de pensar e de viver. Hoje sou um homem livre e feliz. Tu vieste a mim e transformaste tudo numa vida nova que venceu o mal e apagou o pecado. Que eu seja capaz de traduzir esta alegria para renovar em ti, todos os irmãos.

Sunday, January 20

Domingo II do Tempo Comum


A liturgia de hoje apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus.
A primeira leitura define o amor de Deus como um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.
O Evangelho apresenta, no contexto de um casamento (cenário da aliança), um sinal que aponta para o essencial do programa de Jesus: apresentar aos homens o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade plenas.
A segunda leitura fala dos carismas – dons, através dos quais continua a manifestar-se o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos; não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm de ser postos ao serviço de todos com simplicidade. É essencial que na comunidade cristã se manifeste, apesar da diversidade de membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Friday, January 18

Sexta-feira da Semana I do Tempo Comum


O repouso, como termo da caminhada do povo de Deus, é a vida eterna. Este repouso, que foi para os israelitas do Antigo Testamento a Terra Prometida, é a pátria celeste, onde Jesus entrou pela sua passagem pascal. A leitura exorta-nos a sermos fiéis à Boa Nova que recebemos, para que não nos aconteça como aconteceu a muitos do antigo povo de Deus, que, por causa da sua infidelidade, não chegaram a entrar no repouso da Terra da Promessa. Enquanto dura o hoje, há que não deixar endurecer o coração, afastando-se de Deus pela incredulidade. Voltar à incredulidade era quebrar relações com Deus, pecar contra a luz, recusar percorrer o único caminho que pode levar à luz e à vida, ao repouso de Deus. A promessa feita a Israel continua válida para os crentes em Cristo, mas a boa nova anunciada por Deus deve ser acolhida na fé que exige compromisso perseverante, a nível pessoal, mas também a nível eclesial, é na comunidade que a Palavra é transmitida.

Marcos oferece-nos um exemplo concreto da sua palavra actuante. Quatro homens conduzem a Jesus um paralítico. Esta iniciativa contrasta com o imobilismo dos escribas sentados, a tentarem surpreender Jesus em alguma palavra ou gesto contra a Lei. O milagre confirma a palavra de Jesus, o seu poder de reconciliação dos homens com Deus. A atenção é deslocada de um mal físico para o pecado que paralisa o homem, impedindo-o de avançar segundo o projecto de Deus. Os escribas compreendem o alcance das palavras de Jesus. mas não estão dispostos a aceitar uma tal blasfémia, porque só Deus pode perdoar os pecados. Jesus reage reforçando a sua afirmação: Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar os pecados, Eu te ordeno: levanta-te. O perdão dos pecados anda sempre ligado à Boa Nova do Reino de Deus. O perdão dos pecados é a primeira libertação de que o homem precisa para poder sair do círculo fechado em que o Mal o envolve e o angustia. A cura do paralítico é uma síntese da palavra pregada por Jesus. O reino de Deus está próximo, porque Deus decidiu oferecer o seu perdão aos homens, em Jesus. Esse perdão introduz o homem todo, corpo e espírito, na salvação. Só com a ajuda de outros que, salvos pela misericórdia de Deus, se dispõem a ajudar os irmãos.

Thursday, January 17

Pensamento do dia: 17-01-2013

A alegria é a pedra filosofal que tudo converte em ouro. (Benjamim Franklin - filósofo e físico dos Estados Unidos, 1706-1790)

Santo Antão


O Santo principal de hoje é conhecido como o grande iniciador da vida monástica: Santo Antão, que viveu por volta de 251-356. Ele levou homens e mulheres a renunciarem ao dinheiro, ao casamento e a qualquer privilégio para viverem plenamente o Evangelho, numa vida em comum. Santo Antão entendeu a palavra de Jesus: Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres. Mas, depois de viver 18 anos rezando e jejuando sozinho, no deserto, compreendeu que a oração não é completa sem a acção, ou seja, sem a caridade e o amor. Passou então a confortar seus irmãos na fé e no amor, visitando regularmente todos os seus discípulos, que viviam nos mosteiros.
Cristo atrai cada pessoa de modo diferente. E faz com que essa pessoa desenvolva seus dons, em favor daqueles com quem se relaciona. Faz com que trabalhe e reze junto com seus companheiros, discípulos ou mestres.

Quinta-feira da Semana I do Tempo Comum


No deserto, o povo de Deus não ouviu a sua palavra e, por isso, eles não chegaram à Terra Prometida, não entraram no repouso de Deus. Agora, nós somos convidados a escutar a voz de Deus para não deixarmos endurecer o coração mas sermos fiéis até ao fim, e podermos entrar na nova terra prometida, a glória celeste. O Espírito Santo continua a falar hoje para nos ajudar a viver de acordo com a vontade de Deus. Os cristãos devem renovar, cada dia, a sua fidelidade, e ajudar-se uns aos outros nessa renovação.
O coração endurece quando cai na descrença; quando é seduzido pelo pecado. Por isso estejamos atentos para ouvirmos hoje, agora a voz do Senhor que bate à porta do nosso coração. Ele curar-nos-á das doenças da alma como curou o leproso da doença do corpo.

Jesus é a fonte da vida. Ele, por quem todas as coisas foram feitas, é também Aquele que restaura todas as destruições, fruto dos males de que o homem sofre e de que a lepra é sinal bem significativo. Jesus, no entanto, não quer que as suas obras sejam espectáculo, mas sinais da presença do reino de Deus e ocasiões de fé: por isso, não dispensa os que foram curados de se apresentarem aos sacerdotes, conforme a lei ordenava.
Jesus acolhe-o e toca-o com a mão, restituindo-o à sua dignidade. As leis só obrigam na medida em que concorrem para o bem do homem. Operada a cura, Jesus manda ao leproso que não faça publicidade dela, mas se apresente aos sacerdotes para que o reintegrem na comunidade. O objectivo da cura era reintegrar o marginalizado. A salvação já não se encontra na separação e na marginalização, mas na reintegração porque, com Jesus, entrou no mundo o próprio poder salvífico de Deus, que se põe do lado dos pobres e dos últimos da sociedade dos homens. A nova sociedade inaugurada por Jesus não marginaliza ninguém, não separa, não exclui, porque aboliu o sistema que separava o puro do impuro tal como o entendia o mundo judaico. O cristão é um homem livre para Deus e para os outros. A Igreja deve estar na linha da frente para que a liberdade se torne real para todos os homens.

Wednesday, January 16

Quarta-feira da Semana I do Tempo Comum


Fazendo-Se homem, Jesus torna-Se participante da natureza e da condição humana, em tudo, menos no pecado. Sofre a morte, como todos os homens, mas sofre-a oferecendo a vida como acto de amor ao Pai e liberta assim os seus irmãos do pecado e da morte eterna. Ele é o sacerdote, o medianeiro, fiel para com Deus, misericordioso para com os homens.
Jesus assumiu plenamente a realidade humana, marcada pela fragilidade e pela morte, por causa do pecado. Embora não tenha conhecido pecado, Jesus tomou sobre si as consequências dele. O Filho tornou-se participante da nossa condição, para que pudéssemos participar da sua. Ele é o verdadeiro sumo sacerdote, misericordioso para com os homens e fiel nas coisas que se referem a Deus, porque foi enviado pelo Pai para nossa salvação.

O Evangelho relata um dia da vida de Jesus: vem da assembleia de oração para casa dum discípulo; cura a sogra de Pedro; recebe e cura os doentes que lhe são apresentados ao entardecer; dorme durante a noite; de manhãzinha procura a solidão para falar ao Pai na maior intimidade; parte para novas terras a anunciar o Reino. Jesus vai manifestando assim quem é por meio das obras que realiza. Ele é Senhor da morte e da vida, da doença e da saúde. Ele domina os espíritos do mal e tem a palavra da verdade. Mas procura evitar que o povo simples e sempre sensível ao espectacular faça uma ideia errada do Messias e da sua missão; por isso, pede sempre muita discrição em volta dos seus milagres. Jesus não se deixa levar pelo entusiasmo do povo, mas refugia-se no deserto para se encontrar a sós com o Pai e orar, beber no rio da graça do Pai, para a poder derramar sobre todos. A sua oração, solitária e prolongada, é o segredo que anima o seu ministério, porque O mantém em relação com o Pai e na fidelidade ao seu projecto. Continua a sua peregrinação no meio de nós, alargando os confins do Reino e vencendo as forças do mal.

Tuesday, January 15

Pensamento do dia: 15-01-2013

Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos: conservar os velhos. (Elmer G. Letterman)

Terça-feira da Semana I do Tempo Comum


Comentando o salmo 8, a leitura mostra que Jesus, para levar os homens à salvação, Se tornou semelhante a eles, até mesmo no sofrimento. Assim, durante certo tempo, sobretudo o da paixão, Ele Se colocou abaixo dos Anjos, para depois, ainda segundo o mesmo salmo, ser coroado de glória e de honra.
Cristo é o Filho de Deus, superior aos anjos, é o Jesus da história, Aquele que sofreu e morreu. Assim se revela a maravilhosa justiça de Deus: o Criador e Fim de todas as coisas julgou tão importante o homem que o quis atrair à comunhão filial Consigo. Para isso, tornou-se solidário connosco no Filho Unigénito, enviado para nos levar à glória, ao mundo futuro. Deus realiza a nossa santificação através do amor humilde de Jesus, que se entrega para nos poder chamar irmãos e anunciar-nos o Pai.

O Evangelho de hoje situa-nos na continuação das manifestações que revelam o mistério de Jesus. A doutrina que Ele ensina e o modo como a apresenta e o seu poder sobre os espíritos do mal deixam maravilhados quantos O escutam e O observam.
Desde o começo do seu evangelho, Jesus é Aquele que ensina, tem o poder do Reino de Deus e usa-o desde o princípio para evangelizar e para libertar o homem a todos os níveis e de tudo quanto o possui e oprime, sem a preocupação de o interpretar. Jesus, com uma só palavra, cala o demónio e devolve ao homem a sua dignidade. A pessoa de Jesus causava impacto no meio do povo, que se dava conta de que Ele não se limitava a explicar os profetas anteriores, mas que se apresentava como profeta, investido de um poder que lhe vinha de Deus: ensinava com autoridade e curava os doentes. O ensino de Jesus era verdadeiramente eficaz. Todos somos chamados a ser corredentores, colaborando com a nossa vida de oração e de trabalho, com os nossos sacrifícios, com cada acção realizada em união com o Senhor.

Monday, January 14

Pensamento do dia: 14-01-2013

O mar não é tão fundo que me tire a vida. (António Lobo Antunes)

Segunda-feira da Semana I do Tempo Comum


A 1ª leitura põe frente a frente a Palavra de Deus transmitida por Cristo e as revelações do Antigo Testamento; e afirma a igualdade de Cristo com Deus Pai. A revelação de Deus na história humana, cujo centro é o Filho, aconteceu de modo paulatino e progressivo. Antes da vinda do Filho, Deus tinha-se revelado em inúmeros pequenos e grandes acontecimentos: sonhos, visões, experiências, epifanias na natureza e no coração dos homens. A vinda de Cristo inaugura uma nova época: Ele fala-nos de Deus, sendo Filho do mesmo Deus. A sua revelação é plena e completa. Ensina-nos que o Deus dos Pais é único, o Filho é criador com o Pai, revela-O plenamente e participa da sua soberania. N’Ele mora o esplendor de Deus que se torna perceptível ao homem: o templo era um símbolo desta realidade que se cumpre em Jesus. Verdadeiro templo, Jesus é também o verdadeiro sacerdote que realizou a purificação dos pecados, pela oferta sacrificial de si mesmo.

No Evangelho, ouvimos um grande convite à conversão que é o primeiro fruto da Palavra de Deus no coração dos homens e o ponto de partida no caminho que leva a Deus, a primeira resposta a Deus que Se dirige a nós. O Senhor também nos convida a segui-lo, para partilhar connosco a sua vida íntima e a sua missão (o anúncio da Boa Nova entre os nossos conhecidos).
Jesus exige ao discípulo uma atitude nova e radical. Os discípulos são chamados a um novo êxodo, ao caminho inaudito do evangelho: Vinde comigo; Deixando logo as redes, seguiram-no. Todo este dinamismo parte do olhar e do chamamento de Jesus. É Deus que vem ao encontro do homem. A Encarnação torna possível o seguimento, o caminhar com Jesus, o Filho de Deus feito homem. O seguimento de Jesus implica deixar algumas pessoas, algumas coisas, alguns projectos pessoais, o que sempre requer algum sacrifício. O Senhor também nos convida a segui-lo, para partilhar connosco a sua vida íntima e a sua missão (o anúncio da Boa Nova entre os nossos conhecidos).

Sunday, January 13

Festa do Baptismo do Senhor


A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No Baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Jesus fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado, empenhou-Se em promover-nos para que pudéssemos chegar à vida plena.
A primeira leitura anuncia um misterioso Servo, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Animado pelo Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.
No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética veiculada pela primeira leitura: Jesus é o Filho/Servo enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito, e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele passou pelo mundo fazendo o bem e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

Friday, January 11

Sexta-feira depois da Epifania


Na água e no sangue saindo do lado do Senhor morto na Cruz viu a tradição cristã, o sinal dos sacramentos do Baptismo e da Eucaristia. Os Sacramentos, pela acção do Espírito Santo, dão testemunho de que Deus comunica a sua vida, por Cristo, à Igreja, e assim alimenta nela a fé.
A vitória do cristão sobre o mundo é a fé. Para alcançar essa vitória, precisa de enfrentar uma luta interior e exterior contra tudo o que é mundano e realizar a vontade de Deus. A certeza da vitória vem da força da vida divina e da união com Deus. Jesus veio para dar a vida e quem acredita nele, tem a vida eterna que Jesus trouxe à humanidade porque a ofereceu no começo da sua vida pública pelo baptismo (água) e o fim da sua existência terrena pela morte na cruz (sangue) e sempre actualizada na Eucaristia.

As acções prodigiosas que Jesus faz no meio do povo, como as curas, são sinais que O manifestam como o Enviado de Deus, o Messias, como Cristo. As celebrações deste tempo da Epifania, levam-nos a aprofundar o mistério de Jesus de Nazaré, para reconhecermos que Ele é o Cristo, o Messias, o Filho de Deus que o Pai enviou ao meio dos homens para Lh’O revelar e os conduzir até Si. A fé cristã consiste em reconhecer que Jesus de Nazaré é o Cristo; por isso, ela se exprime confessando-O o Senhor Jesus Cristo.
A cura é descrita com alguns elementos típicos: o pedido do doente (Senhor, se quiseres, podes purificar-me), a resposta positiva de Jesus, que toca o doente e o cura (Quero, fica purificado), o envio ao sacerdote (Vai mostrar-te ao sacerdote). O leproso, marginalizado da comunidade, depois de curado é reinserido nela. Esta cura é também símbolo do perdão e da misericórdia de Deus e é fundamento da vida da Igreja.
Uma nota final de Lucas apresenta um aspecto particular da pessoa de Jesus: depois da cura, e no meio da fama que se espalha, Jesus retira-se a sós para rezar. É da oração que vem a força de Jesus e o seu fascínio irresistível. A oração serve-lhe também para rever a sua missão à luz do projecto do Pai.

Thursday, January 10

Quinta-feira depois da Epifania


Neste texto, temos dois temas: o amor cristão e a fé em Jesus, componentes de um único mandamento. O amor cristão conhece três relações: o amor de Deus para connosco, o nosso amor para com Deus e o nosso amor para com os irmãos. O amor a Deus e aos irmãos estão intimamente ligados: quem ama a Deus, ame também o seu irmão. O verdadeiro amor a Deus manifesta-se no amor aos irmãos: aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. O amor cristão tem a sua origem em Deus, porque Ele nos amou primeiro, como verdadeiros filhos. Pertence-nos agora corresponder ao amor e gerar amor.
É pela fé que sabemos que Deus nos ama. O fiel amado, que nasceu de Deus, ama o Pai e o Filho, mas também todos os irmãos, nascidos de Deus. Só a fé e o amor, nascidos da filiação divina, permitem ao cristão vencer tudo quanto se opõe a Cristo, vivendo os seus mandamentos.

Esta passagem apresenta a primeira pregação de Jesus. Foi em Nazaré e numa celebração litúrgica. Jesus, segundo o uso da Sinagoga, fez a leitura, e depois a homilia. Aplicando a Si próprio a passagem do profeta que acabava de ler, Jesus manifesta-Se como sendo Ele mesmo o Ungido de Deus, o Messias, o Cristo esperado desde os tempos antigos. A sua homilia foi aqui, pela primeira vez, a proclamação do Evangelho na celebração litúrgica.
A actividade evangelizadora de Jesus na Galileia caracteriza-se pela força do Espírito, pelo entusiasmo das pessoas que O escutam e pela sua fama que se espalha por toda a parte. Cumpriu-se a passagem da Escritura. O compromisso de Jesus é anunciar a Boa Nova aos pobres, aos homens. São inseparáveis a promoção e humana e a evangelização, porque Jesus assumiu todos os valores humanos, revelando-nos ao mesmo tempo a realidade transcendente da paternidade de Deus. A religião não pode ser vista como ópio do povo mas como exigência da humanidade e de conversão a Deus. Cronologicamente, porém, está o amor ao próximo, como justa medida do amor a Deus.

Wednesday, January 9

Quarta-feira depois da Epifania


Deus é amor e ama-nos. É no amor que nós O conhecemos e o amor d’Ele há-de manifestar-se no amor que temos uns aos outros e mostramos que O conhecemos e os outros O poderão reconhecer em nós. Este amor está unido à fé pela qual reconhecemos que Jesus é o Filho de Deus, enviado para nos unir ao Pai, aquele amor que expulsa tudo o que é temor. Isso tem consequências na vida cristã. Para possuir a Deus, o amor recíproco é o caminho mais excelente. Este amor é o meio mais eficaz para que o amor de Deus permaneça nos crentes como presença experimental e seja perfeito à imitação do amor vivido por Cristo. A posse do Espírito é dom que nos guia no nosso caminho interior de vida espiritual. A fé em Jesus Salvador do mundo: Quem confessar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. Só quem acredita no Filho de Deus feito homem, conhece e ama a Deus.

Jesus multiplica os sinais para que os discípulos O reconheçam como o Filho de Deus, mas o espírito deles estava embotado e a multiplicação dos pães não tinha bastado para que O reconhecessem. Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus ordenou aos discípulos que passassem à outra margem, enquanto Ele ia rezar. Era frequente em Jesus esta oração a sós com o Pai, na solidão e no silêncio, mas que não deixava de ser solidária com os discípulos. Estes encontravam-se em dificuldades na travessia do mar da vida: surpreendera-os a noite e o vento contrário. Então Jesus vai ao encontro deles caminhando sobre o mar. E diante da perturbação deles, ao ouvir o grito que lançaram, acalma o vento e diz-lhes: Tranquilizai-vos, sou Eu: não temais!
O espanto dos discípulos, unido à falta de fé em Jesus, invadiu-lhes o coração, porque não tinham compreendido o sinal dos pães e a própria identidade do seu Mestre, como Messias e Filho de Deus. As perspectivas de Jesus e dos discípulos são diferentes: eles têm o coração endurecido. Para reconhecer o rosto do Mestre, a comunidade precisa de acolhê-lo na sua barca e confiar nele, invocando-o na oração, pois não faltarão momentos de provação, de tempestade.

Tuesday, January 8

Terça-feira depois da Epifania


Deus é a fonte do amor. Deus ama os homens, ama o seu povo, manifestou este amor desde sempre, mas foi sobretudo ao enviar ao mundo o seu Filho que Ele manifestou este amor. A grande Manifestação que a Epifania celebra é em última análise a do amor de Deus, amor que se revela tanto maior quanto é verdade que o Filho de Deus veio para os homens quando eles ainda eram pecadores, não purificados pelo Sangue do Salvador.
O amor é necessário porque o amor vem de Deus e porque é amor. Fala-nos da ternura e da generosidade de Jesus como manifestação do amor do Pai. Deus enviou o seu Filho ao mundo para que tivéssemos a vida por Ele. Contemplemos esse amor do Pai e do Filho por nós. Correspondamos a esse amor com uma vida coerente com quanto Deus fez por nós. Partilhemo-lo com os irmãos. Amemos com Ele e como Ele. Isso é viver a nossa vocação oblativa.

Estamos no tempo da Epifania, das manifestações de Jesus que O revelam como Filho de Deus e Deus Ele mesmo. Jesus manifesta-Se Senhor da própria natureza, cujas leis estão nas suas mãos; manifesta-Se como o novo Moisés, ao alimentar o povo no deserto, ao ter compaixão das multidões, guiando-as como Pastor e instruindo-as como Mestre.
Jesus é o Bom Pastor que se compadece da multidão, porque eram como ovelhas sem pastor. Ele instrui aqueles que O rodeiam com a Sua Palavra e alimenta-a multiplicando o pão e os peixes, a Eucaristia. Em tudo isso envolve os discípulos: Dai-lhes vós mesmos de comer. Os vários pormenores da narrativa denunciam o pano de fundo teológico: o lugar deserto, a erva verde, as pessoas sentadas em pequenos grupos; depois, o erguer dos olhos para o céu, a bênção, a fracção do pão, a distribuição do pão com a ajuda dos discípulos. Os cinco mil homens comeram, ficaram saciados, e ainda sobejaram doze cestos com os bocados de pão e os restos de peixe. O que mais espanta os discípulos é o poder de dar aos homens o necessário para viverem cada dia. As palavras e os actos de Jesus incidem no concreto da vida dos homens e na história, transformando-as e abrindo-as à comunhão com Deus.

Monday, January 7

Segunda-feira depois da Epifania


O mistério da Encarnação do Filho de Deus é tão extraordinário, que os homens têm muita dificuldade em o aceitar. Por isso, desde o princípio, houve quem o deturpasse, por fazerem mais fé no seu próprio pensar do que no Espírito de Deus que lho manifestava. É este Espírito Santo, que nos ilumina sobre o mistério de Jesus e nos leva a confessar que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus.

A manifestação do reino de Deus começou a realizar-se na pessoa de Jesus. Pela sua pregação e pelas obras que fazia, Ele manifestava já que esse reino tinha chegado ao meio dos homens. Neste reino entra-se pela resposta de fé à palavra de Jesus, resposta que exige humildade, conversão, vida toda iluminada pela luz que Ele nos trouxe e que d’Ele para nós irradia.

Thursday, January 3

3 de Janeiro

Leituras e Reflexão no Portal dos Dehonianos
 
Aquilo que há-de determinar a nossa maneira de viver neste mundo é a consciência de que somos filhos adoptivos de Deus, à imitação e na continuidade de Jesus, o Filho de Deus por natureza, e a esperança de estarmos a caminhar para o dia da completa manifestação desta realidade, que, por enquanto, anda oculta a nossos olhos, mas já presente no coração. Jesus é modelo para todo o cristão, é o justo, Aquele que não tem pecado, o obediente por excelência ao Pai. O cristão, que vive na justiça, também é filho de Deus e não comete pecado, é um homem novo, chamado a uma vida nova, é filho de Deus, nasceu de Deus e é chamado a identificar-se cada vez mais com o Pai, a imitar Cristo e a viver em comunhão com Ele. A Primeira Carta de João diz-nos também que, tendo sido libertados do pecado, havemos de viver na pureza a realizar a justiça. Tendo sido purificados gratuitamente, havemos de viver como puros. A exigência é precedida pelo dom e porque Deus nos amou e nos transformou, não podemos pactuar com o pecado.
 
João Baptista apresenta Jesus aos homens, indicando-O como o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Deste modo, Jesus é manifestado desde já como o Salvador, que vem para dar a vida por nós e assim nos levar consigo para o Pai. João Baptista reconhece a identidade de Jesus, vê Jesus. Jesus é o Cordeiro-Servo obediente ao Pai. É Ele que, pela sua Paixão, Morte e Ressurreição tira o pecado do mundo e lhe dá a vida. O próprio Baptista vê o Espírito descer sobre o Messias. O Espírito que desce em forma de pomba anuncia o novo Israel de Deus, que começa com Jesus e é o fruto maduro da vinda do Espírito. O Espírito desce sobre Jesus, permanecendo n'Ele e transformando-O no novo templo, fonte perene do Espírito no meio dos homens. É na teofania do baptismo que João reconhece o Messias, podendo agora dar testemunho de Jesus como Filho de Deus, aquele que baptiza no Espírito e nos enche desse dom de salvação.

Wednesday, January 2

2 de Janeiro


Neste tempo do Natal, a Palavra de Deus quer despertar e enraizar em nós a fé que nos faz descobrir no Menino de Belém o Filho de Deus. Anticristo é todo aquele que nega que Jesus é o Messias, o Enviado de Deus. A unção de Cristo que nos instrui sobre todas estas coisas é a palavra de Deus que em nós penetra sob a acção do Espírito Santo. Cada nova celebração do mistério da Manifestação do Filho de Deus no meio de nós há-de preparar-nos melhor para a sua vinda gloriosa. O verdadeiro cristão deve permanecer fiel à Palavra escutada desde o princípio, ao mistério pascal na sua totalidade ensinado pelos apóstolos. É essa a fé que permite estar em comunhão com o Filho e com o Pai.

João Baptista vem preparar o caminho a Jesus. O povo tem a tendência de o confundir com o Messias; João defende-se dessa confusão. Ele dá testemunho de Jesus perante a delegação enviada pelas autoridades de Jerusalém. À pergunta: Tu quem és?, afasta todo e qualquer mal-entendido sobre a sua pessoa e a sua missão declarando não ser o Messias esperado. Declara também não ser Elias, nem qualquer profeta, personagens aguardadas para o tempo messiânico, provocando desorientação nos seus interlocutores. Ele não é a luz, mas apenas uma lâmpada que arde e dá testemunho da luz verdadeira. Ele não é a Palavra incarnada, mas apenas a voz que prepara o caminho pela purificação dos pecados e a conversão do coração e tem como missão apontar a Palavra, Jesus. O baptismo de João é apenas um rito para dispor ao acolhimento do Messias; não é ainda o baptismo dos tempos da salvação. João aproxima a sua pessoa da de Cristo para realçar a dignidade e a grandeza de Jesus, cuja vida tem dimensões de eternidade: não é digno de lhe desatar a correia das sandálias, de lhe prestar os mais humildes serviços e quer suscitar a fé em Jesus nos seus ouvintes, porque só Ele é o Salvador. O Baptista é apenas o precursor, aquele que vai à frente a preparar os caminhos. Por isso, ele aponta para Jesus e para Ele encaminha os seus discípulos.

Tuesday, January 1

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus


Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade da Mãe de Deus: somos convidados a olhar a figura de Maria, aquela que, com o seu sim ao projecto de Deus, nos ofereceu a figura de Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI quis que, neste dia, os cristãos rezassem pela paz. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nunca nos deixa, mas que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude. As leituras de hoje exploram, portanto, diversas coordenadas. Elas têm a ver com esta multiplicidade de evocações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada, como bênção que nos proporciona a vida em plenitude.
Na segunda leitura, a liturgia evoca outra vez o amor de Deus, que enviou o seu “Filho” ao nosso encontro, a fim de nos libertar da escravidão da Lei e nos tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-Lhe “papá”.
O Evangelho mostra como a chegada do projecto libertador de Deus (que veio ao nosso encontro em Jesus) provoca alegria e contentamento por parte daqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os débeis. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu cuidado e amor e a testemunhar a libertação de Deus aos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível ao projecto de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projecto divino de salvação para o mundo.