Thursday, February 10

Quinta-feira da Semana V do Tempo Comum

Leituras e reflexão (Portal dos Dehonianos)

Outra imagem poética representa a mulher a ser criada a partir do homem, para levar a concluir a unidade do par humano, célula e berço da própria sociedade humana. A nudez inicial significa a ausência da concupiscência, que aparecerá mais tarde ligada ao pecado. Por enquanto, tudo respira a frescura matinal do paraíso, depois tristemente perdido.
O homem só, sem companhia nem ajuda, não é homem, nem pode viver como tal. A primeira ajuda vem-lhe dos animais domésticos. O homem é superior aos animais, pois é capaz de lhes dar nomes e de lhes destinar um lugar no âmbito dos seus domínios. O homem só é uma criatura incompleta. A mulher é uma auxiliar semelhante a ele. É uma ajuda porque o limita no seu desejo de omnipotência, porque o força a sair do seu isolamento.
É esta uma das narrações mais comoventes do Evangelho: a situação de angústia da mulher, a sua própria condição social, porque era uma estrangeira, a sua oração tão confiante, tão humilde e tão insistente, a sua fé, que tanto tocou o coração de Jesus, a ponto de Ele lhe elogiar essa sua fé e logo lhe conceder o que pedia. Assim se anunciavam os frutos da palavra de Jesus para além das fronteiras de Israel. O Filho de Deus veio ao mundo para todos os povos do mundo. No diálogo com a mulher cananeia emerge a tensão entre o papel proeminente de Israel na história da salvação e o universalismo da mesma salvação. Não só os filhos, os judeus, mas também os cães, os pagãos, são chamados à salvação. A única condição é escutar a Boa Nova e acolher Jesus como Senhor: Em atenção a essa palavra, vai; o demónio saiu de tua filha. A fé da cananeia dissolveu a tensão e alcançou-lhe o milagre: a sua filha foi libertada do demónio.

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