Tuesday, September 4

Nem para ver o Manchester!

Cem euros para uma família, com pai mãe e dois filhos, ir ver um Nacional-Benfica (podia ser qualquer outra combinação dos 16 clubes da Liga), não é um roubo, é uma anedota. Pior, é um insulto. Este espaço não é o mais indicado para falar de desporto, mas o caso ultrapassa as fronteiras do pontapé na bola, principalmente porque o futebol é um negócio que há muito deixou a dimensão meramente desportiva.Independentemente dos amores clubísticos - também não pagava para ver um Marítimo - FC Porto ... -, qualquer cidadão, no uso normal das suas capacidades mentais, percebe que está a ser gozado quando se aproxima de uma bilheteira e alguém lhe pede os tais 20 contos para levar os miúdos e a mulher à bola. Principalmente quando um dos rebentos tem dois anos e o outro acabou de entrar para a escola. O dinheiro dá para muitos cadernos, livros e até roupa. Podiam jantar todos e ainda sobrava dinheiro. Com um cenário destes em todos os jogos do país, não seria difícil diagnosticar a razão pela qual os estádios estão, salvo as excepções dos 'grandes', estão literalmente às moscas. Mas parece que não é fácil, porque os 'doutores da bola' inventam as mais variadas razões para fugir ao óbvio: a televisão rouba gente, há muitos estrangeiros, o tempo não ajuda, marcam-se poucos golos em Portugal (mentira). Tudo errado. A razão de não haver ninguém a assistir aos jogos é simples: os bilhetes são muito caros para um simples jogo de futebol e para a bolsa dos portugueses. Mas há mais, aquele pai de família, se fizer bem as contas, com menos de metade da despesa, paga a Sporttv e pode ver jogos até fartar e outras modalidades onde, imagine-se, até temos campeões do mundo e medalhas.
Jorge Freitas Sousa - DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA

No comments: