Leituras e Reflexão (Portal dos Dehonianos)
A liturgia dos primeiros dias da Quaresma dá-nos as grandes linhas para a vida cristã nesta preparação pascal. A primeira leitura de hoje apresenta a palavra vinda de Deus como força portadora de vida, capaz de produzir em nós uma renovação profunda. A palavra de Deus é o grande alimento deste tempo de jejum quaresmal. A palavra é a mediação através da qual o homem sente a Deus como próximo e como ausente, uma vez que os seus caminhos não são os nossos caminhos; é uma realidade viva, enviada do céu para realizar a salvação; é eficaz pois é capaz de realizar o seu objectivo, tal como a chuva e a neve, que fecundam a terra e lhe dão capacidade de produzir frutos. A Palavra de Deus é o próprio Cristo, que saiu do Pai e veio ao mundo para manifestar a vontade do Pai e a mesma Palavra nos enche de consolação e esperança.
O Evangelho ensina-nos como responder à palavra de Deus na oração: não rezar como os pagãos, que julgam dever usar muitas palavras para atrair a atenção ou a benevolência das suas divindades; Deus, nosso Pai, está sempre atento a cada um de nós e conhece aquilo de que precisamos; mais do que falar muito, há que ter, diante d´Ele, uma atitude de filhos; no diálogo profundo em que o homem derrama a sua alma diante de Deus, a quem ousa chamar Pai. A oração é uma das ocupações principais do cristão na Quaresma. Jesus ensina-nos hoje como a oração deve ser, antes de mais, a voz do coração animado pela fé, pela esperança e pelo amor filial para com o Pai celeste, como o próprio Senhor fez durante os 40 dias que passou no deserto.
«Santificado seja o vosso nome». Não se trata de nós santificarmos a Deus, que é O Santo, mas de que, pelas nossas palavras e pela nossa vida, todos os homens e mulheres do mundo O louvem, O adorem, O reconheçam como Senhor e se tornem e vivam como seus filhos.
«Venha a nós o vosso reino». O reino já está no meio de nós. Mas é preciso reconhecê-lo e acolhê-lo, aceitando a senhoria de Deus.
«Seja feita a vossa vontade». A vontade de Deus cumpre-se no céu e na terra. Mas é preciso que se cumpra em cada um de nós. Por isso, quer que a acolhamos e adiramos a ela com amor, como Jesus.
«O pão nosso…». Este pão é tudo aquilo que o homem precisa para viver dignamente como criatura e filho de Deus, desde o alimento, à casa, às condições de vida, até ao Pão, que é o próprio Jesus.
«Perdoai-nos…». Precisamos do perdão de Deus para entrarmos no Reino; mas não podemos pedir para nós o que recusamos aos outros…
«Não nos deixeis cair em tenação…». Pedimos que, diante das provações da vida, jamais deixemos de acreditar na bondade de Deus, nosso Pai, e jamais reneguemos a fé em Jesus Cristo, cedendo ao Maligno.
«Livrai-nos do mal…». É um pedido que reforça o anterior, pois o Maligno é o instigador do mal, o tentador.
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