Thursday, February 26

Quinta-feira da Semana I da Quaresma


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro de Ester (14,1.3-5.12-14)
Naqueles dias, a rainha Ester, tomada de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor e fez esta súplica ao Senhor, Deus de Israel: «Meu Senhor, nosso único Rei, vinde socorrer-me, porque estou só e não tenho outro auxílio senão Vós e corre perigo a minha vida. Desde criança, ouvi dizer na minha tribo paterna que Vós, Senhor, escolhestes Israel entre todos os povos e os nossos pais entre os seus antepassados, para serem a vossa herança perpétua, e cumpristes tudo o que lhes tínheis prometido. Lembrai-Vos de nós, Senhor, e manifestai-Vos no dia da nossa tribulação. Fortalecei-me, Rei dos deuses e Senhor dos poderosos. Ponde em meus lábios palavras harmoniosas, quando estiver na presença do leão, e mudai o seu coração, para que deteste o nosso inimigo e o arruíne com todos os seus cúmplices. Livrai-nos com a vossa mão; vinde socorrer-me no meu abandono, porque não tenho ninguém senão Vós, Senhor».

Salmo 137 (138)
Refrão: Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor.

De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos hei-de cantar-Vos
e adorar-Vos, voltado para o vosso templo santo.

Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.

A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 7, 7-12)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Pedi e dar-se-vos-á, procurai e encontrareis, batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede recebe, quem procura encontra e a quem bate à porta abrir-se-á. Qual de vós dará uma pedra a um filho que lhe pede pão, ou uma serpente se lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus as dará àqueles que Lhas pedem! Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam fazei-lho vós também: esta é a Lei e os Profetas».


Reflexão
À medida que experimentamos a nossa insuficiência, vamos sentindo, cada vez mais, a necessidade de recorrer ao Senhor, que é a nossa força e o nosso refúgio. Ester, a israelita condenada à morte com todos os demais, presa de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor. Na tentativa de salvar o povo a que pertencia, decide expor-se ao perigo, intercedendo por ele junto do marido. Mas, antes de se apresentar ao rei, apresenta-se ao Senhor, numa atitude de penitência e de oração, sabendo que Ele irá ajudá-la e a atende.
No Evangelho é Jesus que insiste em que devemos pedir, procurar, bater à porta. Orar ao Senhor é um acto de confiança, de fé. Ele também pediu ao Pai nas horas difíceis. Só o braço poderoso de Deus nos pode fazer passar da morte à vida. Jesus ensina a necessidade da oração de súplica e que é escutada. O Pai sabe, mas é preciso assumir a atitude do mendigo e reconhecer a própria condição de fraqueza e dependência de Deus. E Deus dá a quem pede e abre a quem bate. O Pai escuta sempre os pedidos dos filhos e dá-lhes o que é melhor para eles. Este modo de agir de Deus deve levar-nos a agir assim também com os irmãos. É preciso estar atentos às suas necessidades. O verdadeiro discípulo põe no centro o Pai e os outros, e não a si mesmo.
São Jerónimo diz que É verdade que Deus dá a quem pede, que quem busca encontra, e a quem chama lhe abrem: vê-se claramente que aquele que não recebeu que não encontrou, nem lhe abriram, é porque não pediu bem, não buscou bem, nem chamou bem à porta.

Monday, February 23

Segunda-feira da Semana I da Quaresma


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro do Levítico (Lev 19, 1-2.11-18)
O Senhor dirigiu-Se a Moisés, dizendo: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. Não furtareis, não direis mentiras, nem cometereis fraudes uns com os outros. Não prestarás juramento falso, invocando o meu nome, pois profanarias o nome do teu Deus. Eu sou o Senhor. Não oprimirás nem expropriarás o teu próximo. Não ficará contigo até ao dia seguinte o salário do jornaleiro. Não insultarás um surdo nem colocarás tropeços diante de um cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. Não cometerás injustiças nos teus julgamentos: não favorecerás indevidamente um pobre, nem darás preferência ao poderoso; julgarás o teu próximo segundo a justiça. Não caluniarás os teus parentes, nem conspirarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor’».

Salmo 18 B (19)
Refrão: As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida.

A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração;
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos. 

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.

Aceitai as palavras da minha boca
e os pensamentos do meu coração
estejam na vossa presença:
Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 25, 31-46)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão-de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’ E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna».


Reflexão
A primeira leitura apresenta a toda a comunidade de Israel o mandamento da santidade. Deus é o Totalmente Outro, radicalmente diferente do que é o homem. Mas quere-o participante da sua santidade. Depois deste mandamento, seguem algumas normas de moral pessoal e social. O respeito pela santidade de Deus deve inspirar o respeito pelo próximo, particularmente pelos mais fracos.
O texto de Mateus está na linha da tradição apocalíptica bíblica e judaica: é uma revelação relativa às coisas últimas, ao juízo universal. Nela aparece o Filho de homem, figura simultaneamente humana e celeste e que tem um papel fundamental na instauração do reino de Deus e na recondução dos eleitos para Deus. Jesus identifica-se com esta personagem gloriosa. Ele virá encerrar a história, e assumir a realeza que foi escondida no tempo.

Friday, February 20

Sexta-feira depois das Cinzas


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro de Isaías (Is 58, 1-9a)
Eis o que diz o Senhor Deus: «Clama em altos brados sem cessar, ergue a tua voz como trombeta. Faz ver ao meu povo as suas faltas e à casa de Jacob os seus pecados. Todos os dias Me procuram e desejam conhecer os meus caminhos, como se fosse um povo que pratica a justiça, sem nunca ter abandonado a lei do seu Deus. Pedem-Me sentenças justas, querem que Deus esteja perto de si e exclamam: ‘De que nos serve jejuar, se não Vos importais com isso? De que nos serve fazer penitência, se não prestais atenção?’ Porque nos dias de jejum correis para os vossos negócios e oprimis todos os vossos servos. Jejuais, sim, mas no meio de contendas e discussões e dando punhadas sem piedade. Não são jejuns como os que fazeis agora que farão ouvir no alto a vossa voz. Será este o jejum que Me agrada no dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza: é a isto que chamais jejum e dia agradável ao Senhor? O jejum que Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante? Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá; se O invocares, dir-te-á: ‘Estou aqui’».

Salmo 50 (51)
Refrão: Não desprezeis, Senhor, o nosso coração humilhado e contrito.

Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as culpas.

Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei, Senhor, contra Vós
e fiz o mal diante dos vossos olhos.

Não é do sacrifício que Vos agradais
e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis.
Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido:
não desprezareis, Senhor,
um espírito humilhado e contrito.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 9, 14-15)
Naquele tempo, os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão-de jejuar».

Reflexão
O jejum é forma tradicional da penitência quaresmal, não se substitui a outras obrigações, à frente das quais estão as da justiça e as da caridade. O jejum é um sinal da libertação do nosso espírito, para melhor servirmos a Deus e ao próximo, porém a maior de todas as virtudes é a caridade. O profeta pretende alertar o povo para a falta de autenticidade com que vive, proclamar o verdadeiro jejum e só tem sentido e valor quando se torna expressão de amor a Deus e ao próximo.
No Evangelho, os discípulos de Jesus são acusados de não Jejuarem. Jesus responde dando a entender que, com Ele, começaram os tempos messiânicos, o tempo das núpcias, o tempo escatológico anunciado pelos profetas, tempo de alegria durante o qual não se jejua, pois o Esposo está presente. Mas muitos não conseguem ver em Jesus o Messias esperado e não reconhecem que o Reino de Deus é festa, é pérola pela qual se está disposto a deixar tudo com alegria. O jejum cristão não consiste apenas em abster-se de alimentos. Consiste em desejar o encontro com Jesus salvador.

Thursday, February 19

Quinta-feira depois das Cinzas


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro do Deuteronómio (Deut 30, 15-20)
Moisés falou ao povo, dizendo: «Ponho hoje diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade. Se cumprires os mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te proponho – amando o Senhor, teu Deus, seguindo os seus caminhos e observando a sua lei, os seus mandamentos e preceitos – viverás e multiplicar-te-ás e o Senhor, teu Deus, te abençoará na terra de que vais tomar posse. Mas se o teu coração se desviar e não quiseres ouvir, se te deixares seduzir para adorar e servir outros deuses, declaro-te hoje que hás-de perecer e não prolongarás os teus dias na terra em que vais entrar para dela tomar posse depois de passares o Jordão. Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós: proponho-vos a vida e a morte, a bênção e a maldição. Portanto, escolhe a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele. Disto depende a tua vida e a longa permanência na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacob».

Salmo 1, 1-2.3.4.6 (R. Salmo 39, 5a)
Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor.

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite.

É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido. Refrão

Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 22-25)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». E, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, tem de perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».


Reflexão
A Quaresma começa por nos propor a espiritualidade dos dois caminhos, o da vida e o da morte, o da bênção e o da maldição. A Quaresma é tempo para se escolher o caminho que leva à comunhão com Deus em Cristo no Espírito Santo. Os desterrados de Israel são convidados a reflectir sobre as causas da sua sorte, a acolher novamente a aliança do Senhor com todas as suas exigências e a abrir-se à esperança. Para ser mais incisivo, o autor recorre à contraposição dizendo que se trata de uma escolha entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, entre a bênção e a maldição.
Jesus anuncia, pela primeira vez, a necessidade da sua paixão aos discípulos, que acabavam de Lhe referir a opinião do povo sobre Ele e de proclamar a sua fé. Jesus reserva este ensinamento a um pequeno grupo de discípulos, os mais íntimos. Mas a todos ensina o caminho a seguir por quem pretende tornar-se seu discípulo. Mas o que a Igreja celebra na liturgia, ela o vive na vida de cada dia, seguindo o Senhor Jesus Cristo, o qual deu a vida por nós para nos levar à glória.

Monday, February 16

Segunda-feira da Semana VI do Tempo Comum


Liturgia da Palavra

Leitura do Livro do Génesis (Gen 4, 1-15.25)
O homem conviveu com Eva, sua esposa, e ela deu à luz Caim. Então Eva disse: «Obtive um homem graças ao Senhor». Depois deu à luz Abel, o irmão. Abel era pastor e Caim cultivava a terra. Passado algum tempo, Caim ofereceu em sacrifício ao Senhor produtos da terra e Abel ofereceu as primícias e a gordura do seu rebanho. O Senhor olhou benignamente para Abel e para a sua oferenda, mas não quis olhar para Caim e para a sua oferenda. Caim ficou muito irritado e de rosto abatido. O Senhor disse a Caim: «Porque estás irritado e de rosto abatido? Se procederes bem, não poderás ainda levantar a cabeça? Mas se não procederes bem, o pecado está à tua porta. Ele desejará atingir-te, mas tu poderás dominá-lo». Disse Caim a seu irmão Abel: «Vamos ao campo». E quando estavam no campo, Caim lançou-se contra seu irmão Abel e matou-o. O Senhor disse a Caim: «Onde está o teu irmão Abel?». Caim respondeu: «Não sei. Sou porventura eu o guarda do meu irmão?». O Senhor disse-lhe: «Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra por Mim. Agora ficas maldito pela terra, que abriu a boca para receber das tuas mãos o sangue do teu irmão. Ainda que a cultives, não mais te dará a sua fertilidade. Andarás errante e fugitivo sobre a terra». Caim disse ao Senhor: «O meu castigo é tão grande que não poderei suportá-lo. Se hoje me desterrais daqui, terei de ocultar-me da vossa presença; andarei errante e fugitivo sobre a terra e o primeiro que me encontre me matará». O Senhor respondeu-lhe: «Quem matar Caim será vingado sete vezes». O Senhor colocou um sinal sobre Caim, para que ele não fosse morto por quem o encontrasse. Adão conviveu ainda com a sua esposa e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Set, dizendo: «Deus concedeu-me outro descendente, em lugar de Abel, morto por Caim».

Salmo 49 (50), 1 e 8.16bc-17.20-21 (R. 14a)
Refrão: Oferece a Deus sacrifícios de louvor.

Falou o Senhor, Deus soberano,
e convocou a terra do Oriente ao Ocidente.
«Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo:
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.

Como falas tanto na minha lei
e trazes na boca a minha aliança,
tu que detestas os meus ensinamentos
e desprezas as minhas palavras?

Sentas-te a falar contra o teu irmão
e difamas os filhos da tua mãe.
Fizeste isto e Eu calei-me.
Pensaste que Eu era como tu,
hei-de acusar-te e lançar-te tudo no rosto.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 8, 11-13)
Naquele tempo, apareceram alguns fariseus e começaram a discutir com Jesus. Para O porem à prova, pediam-Lhe um sinal do céu. Jesus suspirou do fundo da alma e respondeu-lhes: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: não se dará nenhum sinal a esta geração». Depois deixou-os, voltou a subir para o barco e foi para a outra margem do lago.


Reflexão
O pecado gera o pecado. Quem não respeita a Deus não vai respeitar o homem. E assim, o pecado dos primeiros pais começa a alastrar pelo mundo, e logo entre os seus filhos aparece o primeiro homicídio, que testemunha, desde o início, a progressão do mal.
Os fariseus aparecem, geralmente, no Evangelho, como seita de gente conservadora, incapaz de se abrir à novidade da mensagem de Jesus: por isso, sempre O espiam, O julgam e O condenam. Hoje pedem-lhe um sinal do Céu, um sinal espectacular; mas Jesus não pretende causar impressão por meio de atitudes espectaculares ou pela propaganda consumista. O que Ele quer é a fé, e esta só pode andar ligada à boa intenção e à caridade.

Friday, February 6

Sexta-feira da Semana IV do Tempo Comum


Liturgia da Palavra
 
Leitura da Epístola aos Hebreus (Hebr 13, 1-8)
Irmãos: Permanecei no amor fraterno. Não esqueçais a hospitalidade, porque, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram Anjos. Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles. Lembrai-vos dos que são maltratados, porque vós também tendes um corpo. O matrimónio seja honrado por todos e o leito conjugal sem mancha, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros. O vosso modo de proceder seja desinteressado, contentando-vos com o que possuís, porque Deus disse: «Eu não te abandonarei nem te desampararei». Assim poderemos dizer confiadamente: «O Senhor é por mim: nada temo; que poderão fazer-me os homens?». Lembrai-vos dos vossos chefes, que vos anunciaram a palavra de Deus; considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé. Jesus Cristo é sempre o mesmo, hoje e ontem e por toda a eternidade.

Salmo 26 (27), 1.3.5.8b-9abc (R. 1a)
Refrão: O Senhor é a minha luz e a minha salvação.

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?

Se um exército me vier cercar,
o meu coração não temerá.
Se contra mim travarem batalha,
mesmo assim terei confiança.

No dia da desgraça,
Ele me esconderá na sua tenda,
ocultar-me-á no recôndito do seu santuário,
elevar-me-á sobre um rochedo.

A vossa face, Senhor, eu procuro:
não escondais de mim o vosso rosto,
nem afasteis com ira o vosso servo:
Vós sois o meu refúgio.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 6, 14-29)
Naquele tempo, o rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois a sua fama chegara a toda a parte e dizia-se: «João Baptista ressuscitou dos mortos; por isso ele tem o poder de fazer milagres». Outros diziam: «É Elias». Outros diziam ainda: «É um profeta como os antigos profetas». Mas Herodes, ao ouvir falar de tudo isto, dizia: «João, a quem mandei cortar a cabeça, ressuscitou». De facto, Herodes mandara prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a esposa de seu irmão Filipe, que ele tinha tomado por mulher. João dizia a Herodes: «Não podes ter contigo a mulher do teu irmão». Herodíades odiava João Baptista e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes respeitava João, sabendo que era justo e santo, e por isso o protegia. Quando o ouvia, ficava perturbado, mas escutava-o com prazer. Entretanto, chegou um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e às principais personalidades da Galileia. Entrou então a filha de Herodíades, que dançou e agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que desejares e eu to darei». E fez este juramento: «Dar-te-ei o que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Baptista». Ela voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar o pedido. E mandou imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A jovem recebeu-a e entregou-a à mãe. Quando os discípulos de João souberam a notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.


Reflexão
Estamos a chegar ao fim da Carta aos Hebreus. O seu autor dá orientações concretas para a vida dos cristãos: perseverança no amor fraterno, hospitalidade, ajuda aos presos e a outros que estão em situação de sofrimento. Todos formam connosco um só corpo. Depois, trata da santidade com que o matrimónio há-de ser vivido. Ele é um caminho de santidade. Prossegue alertando para a tentação de nos deixarmos envolver pela avareza. Jesus é a nossa verdadeira riqueza. O Pai sabe do que precisamos.
O martírio de João Baptista tem o valor de sinal para Jesus e para os apóstolos: é a sorte de todos os verdadeiros profetas do Reino de Deus! João e Jesus: ambos profetas, justos e santos; ambos escutados e temidos; ambos mortos, vítimas do ódio e testemunhas da verdade!

Monday, February 2

Festa da Apresentação do Senhor

Retirada de oguiadeeldorado.blogspot.com
Liturgia da Palavra

Leitura da Profecia de Malaquias (Mal 3, 1-4)
Assim fala o Senhor Deus: «Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim. Imediatamente entrará no seu templo o Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais. Ele aí vem – diz o Senhor do Universo. Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda, quem resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor e como a lixívia dos lavandeiros. Sentar-Se-á para fundir e purificar: purificará os filhos de Levi, como se purifica o ouro e a prata, e eles serão para o Senhor os que apresentam a oblação segundo a justiça. Então a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.

Salmo 23 (24), 7.8.9.10 (R. 10b)
Refrão: O Senhor do Universo é o Rei da glória.

Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.

Quem é esse Rei da glória?
O Senhor forte e poderoso,
o Senhor poderoso nas batalhas.

Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.

Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 22-40)
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.


Reflexão
Celebramos a Festa da Apresentação do Senhor no Templo e da Purificação de Nossa Senhora estava prescrita no Livro da Lei. O rito das velas tem origem nas palavras de Simeão referindo-se ao Menino, Luz para iluminar a nações e glória de Israel, teu povo. É a festa da Luz, com um certo sabor pascal, antecipando o brilho desta luz que brilhará sem ocaso na manhã da Ressurreição do Senhor. Jesus é a Luz do mundo que ilumina a todos que caminham nas trevas; é a fonte e princípio da luz eterna que faz brilhar no coração de seus filhos a Esperança da eternidade feliz.
Quarenta dias após o nascimento de Jesus, em obediência à lei de Moisés, Maria leva o Menino ao templo para ser oferecido ao Senhor. Na Apresentação do Senhor começa o mistério de sofrimento, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário, quando Jesus oferecer o Seu Sangue como sinal da nova e definitiva Aliança. Ao oferecer Jesus, Maria oferece-Se também com Ele, ela estará sempre ao lado de Jesus, dando a Sua colaboração para a obra da Redenção. O gesto de Maria traduz-se quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos os frutos da terra e do trabalho do homem, símbolo da nossa vida.