O frade inglês Fr. Tomoth Radcliffe, antigo superior geral dos Dominicanos, publicou no final de 2008 um livro intitulado “Why go to church?” (Porquê ir à igreja?). Com a devida vénia publicamos a entrevista do autor ao «site» «Pélerin».
- Ir à missa é verdadeiramente uma obrigação para se ser um bom cristão?
- Há sem dúvida pessoas muito santas que não vão à Igreja! Ir à missa não tem nada a ver com uma obrigação jurídica, como pagar anualmente os impostos ou como a proibição de conduzir a mais de 120 km/h...
Para mim, ir à missa é uma obrigação no sentido em que fazer parte da comunidade de Jesus faz parte da minha identidade. Você é obrigada a festejar o aniversário da sua mãe? Não, mas foi a sua mãe que lhe deu a vida: festejar o seu aniversário é como uma obrigação natural... Quando se toma consciência do sentido da Eucaristia, surge naturalmente o desejo de participar.
- Porquê ir à igreja quando se pode rezar em casa?
- É verdade, pode ter-se uma relação pessoal com Deus. No entanto, somos convidados a entrar na amizade de Jesus. Ora, partilhar esta amizade implica partilhar os seus amigos. Seria absurdo querer viver uma espiritualidade cristã ignorando os outros cristãos. Seria a mesma coisa que querer jogar futebol sozinho. Por outro lado, sair de casa não é um acto inócuo. Ir à igreja, deslocar-se, lembra-nos que somos peregrinos e que a nossa morada final está em Deus.
- Não é mais importante ser crente do que ser praticante?
- Não desejo fazer-me juiz desse género de afirmação. Essa maneira de ver parece-me muito típica de uma sociedade que tem uma ideia demasiado individualista da pessoa humana. Ser cristão é crer que sou convidado a ser membro da comunidade de Jesus.
Na Eucaristia, Jesus dá-nos o seu corpo. Para mim, seria um pouco estranho dizer: “Acredito em Ti mas não, obrigado, não quero receber o teu Corpo”.
- “Eucaristia” significa “agradecer”, “acção de graças”, “obrigado”. Obrigado por quê?
- Obrigado por tudo! Obrigado pelo dom da existência; eu existo, os seus filhos existem. Tudo é dado a cada instante. As pessoas que trabalham no campo compreendem-no muito melhor.
Em casa dos meus pais, comi sempre legumes da horta: é uma grande bênção. Toma-se consciência de que é um dom! E o dom maior é o próprio Deus que se dá. Na nossa sociedade, perdeu-se muito este sentido do dom: não somos mais do que consumidores que consumimos “produtos”.
- A missa é a melhor maneira de encontrar Deus?
-Depende de nós e depende de Deus. Pode ser que ele entre nas nossas vidas por um amigo, familiares, um livro...
É Deus que toma a iniciativa, cabendo a nós estar atentos aos seus passos e à sua voz. Deus está sempre lá, à nossa frente. A Eucaristia é o reconhecimento de que ele está já presente entre nós; ela é a celebração da sua presença.
- Ir à missa é verdadeiramente uma obrigação para se ser um bom cristão?
- Há sem dúvida pessoas muito santas que não vão à Igreja! Ir à missa não tem nada a ver com uma obrigação jurídica, como pagar anualmente os impostos ou como a proibição de conduzir a mais de 120 km/h...
Para mim, ir à missa é uma obrigação no sentido em que fazer parte da comunidade de Jesus faz parte da minha identidade. Você é obrigada a festejar o aniversário da sua mãe? Não, mas foi a sua mãe que lhe deu a vida: festejar o seu aniversário é como uma obrigação natural... Quando se toma consciência do sentido da Eucaristia, surge naturalmente o desejo de participar.
- Porquê ir à igreja quando se pode rezar em casa?
- É verdade, pode ter-se uma relação pessoal com Deus. No entanto, somos convidados a entrar na amizade de Jesus. Ora, partilhar esta amizade implica partilhar os seus amigos. Seria absurdo querer viver uma espiritualidade cristã ignorando os outros cristãos. Seria a mesma coisa que querer jogar futebol sozinho. Por outro lado, sair de casa não é um acto inócuo. Ir à igreja, deslocar-se, lembra-nos que somos peregrinos e que a nossa morada final está em Deus.
- Não é mais importante ser crente do que ser praticante?
- Não desejo fazer-me juiz desse género de afirmação. Essa maneira de ver parece-me muito típica de uma sociedade que tem uma ideia demasiado individualista da pessoa humana. Ser cristão é crer que sou convidado a ser membro da comunidade de Jesus.
Na Eucaristia, Jesus dá-nos o seu corpo. Para mim, seria um pouco estranho dizer: “Acredito em Ti mas não, obrigado, não quero receber o teu Corpo”.
- “Eucaristia” significa “agradecer”, “acção de graças”, “obrigado”. Obrigado por quê?
- Obrigado por tudo! Obrigado pelo dom da existência; eu existo, os seus filhos existem. Tudo é dado a cada instante. As pessoas que trabalham no campo compreendem-no muito melhor.
Em casa dos meus pais, comi sempre legumes da horta: é uma grande bênção. Toma-se consciência de que é um dom! E o dom maior é o próprio Deus que se dá. Na nossa sociedade, perdeu-se muito este sentido do dom: não somos mais do que consumidores que consumimos “produtos”.
- A missa é a melhor maneira de encontrar Deus?
-Depende de nós e depende de Deus. Pode ser que ele entre nas nossas vidas por um amigo, familiares, um livro...
É Deus que toma a iniciativa, cabendo a nós estar atentos aos seus passos e à sua voz. Deus está sempre lá, à nossa frente. A Eucaristia é o reconhecimento de que ele está já presente entre nós; ela é a celebração da sua presença.
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