O jejum é forma tradicional da penitência quaresmal, não se substitui a outras obrigações, à frente das quais estão as da justiça e as da caridade. O jejum é um sinal da libertação do nosso espírito, para melhor servirmos a Deus e ao próximo, porém a maior de todas as virtudes é a caridade. O profeta pretende alertar o povo para a falta de autenticidade com que vive, proclamar o verdadeiro jejum e só tem sentido e valor quando se torna expressão de amor a Deus e ao próximo (O jejum que Me agrada: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante?) e indicar as consequências da ligação do jejum à prática da justiça (Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor).
No Evangelho, os discípulos de Jesus são acusados de não Jejuarem. Jesus responde dando a entender que, com Ele, começaram os tempos messiânicos, o tempo das núpcias, o tempo escatológico anunciado pelos profetas, tempo de alegria durante o qual não se jejua, pois o Esposo está presente. Mas muitos não conseguem ver em Jesus o Messias esperado e não reconhecem que o Reino de Deus é festa, é pérola pela qual se está disposto a deixar tudo com alegria. O jejum cristão não consiste apenas em abster-se de alimentos. Consiste em desejar o encontro com Jesus salvador.
Os dias em que o esposo será tirado é uma alusão à morte de Jesus. Esses dias serão os dias de jejum por excelência da comunidade cristã. A Quaresma prepara para a celebração do Tríduo Pascal. É neste espírito de participação na paixão do Senhor que jejuamos na Quaresma, na forma e na medida em que o acharmos oportuno e a generosidade do nosso coração o inspirar, para morrermos com Ele e com Ele ressuscitarmos.
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