Wednesday, October 20

Comentário ao Evangelho do dia feito por Henry Newman

Bem-aventurado John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo, PPS, t. 6, n°17 «Waiting for Christ» 

«Estai preparados»
«Eis que venho como um ladrão. Feliz aquele que vigia e protege as suas vestes» diz o Senhor (Ap 16,15). [...] Quando Cristo diz que a Sua vinda está para breve, mas que contudo chegará de súbito, de modo inesperado, está a dizer que essa espera nos parecerá longa. [...] Porque será que o cristianismo fraqueja incessantemente e, no entanto, perdura? Apenas Deus o sabe, Ele quere-o assim, é um facto; e não é paradoxal afirmar que este tempo da Igreja durou quase dois mil anos, que pode durar ainda muito tempo e que, no entanto, caminha para o seu fim, que pode mesmo terminar num dia qualquer. E o Senhor quer que estejamos virados com todo o nosso ser para a iminência do Seu regresso; trata-se de vivermos como se aquilo que pode acontecer a qualquer momento fosse acontecer durante a nossa vida.
Antes da chegada de Cristo, o tempo decorria de outra forma: o Salvador iria chegar e trazer a perfeição; e a religião encaminhava-se para essa perfeição. As revelações sucediam-se [...]; o tempo era medido pela palavra dos profetas, que se sucediam. [...] O povo da Aliança não O esperava para breve, mas para depois da estadia em Canaã e do cativeiro no Egipto, após o êxodo no deserto, os juízes e os reis, no termo dos prazos fixados para O introduzir neste mundo. Esses prazos eram reconhecidos e as sucessivas revelações preenchiam essa espera.
Mas, uma vez Cristo chegado, como o Filho à Sua própria casa, com o Seu Evangelho perfeito, nada falta completar a não ser a reunião dos Seus santos. Nenhuma doutrina mais perfeita pode ser revelada. Surgiu a luz e a vida dos homens; Cristo morreu e ressuscitou. Nada mais há fazer [...]; por conseguinte, o fim dos tempos chegou. Além disso, embora deva existir um certo intervalo entre a primeira e a última chegada de Cristo, doravante o tempo já não conta. [...] O tempo já não caminha para o fim, antes caminha a seu lado, sempre tão perto dele como se tendesse para ele. [...] Cristo está sempre à nossa porta, tão próximo hoje como há dezoito séculos, e não mais próximo do que nessa altura, nem mais próximo do que quando vier.

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