Friday, October 28

A unidade dos Doze, unidade da Igreja

Hoje tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos: Simão o Cananeu e Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes). Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre mencionados um ao lado do outro (cf. Mt 10, 4; Mc 3, 18; Lc 6, 15; Act 1, 13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são muitas, excepto o facto de o cânone neotestamentário conservar uma carta atribuída a Judas Tadeu. 
Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas: Mateus qualifica-o como «cananeu», Lucas define-o como «zelote». Na realidade, as duas qualificações equivalem-se, porque significam a mesma coisa; de facto, na língua hebraica, o verbo qanà' significa «ser zeloso», «ser dedicado» [...]. Portanto, é possível que este Simão, se não pertencia exactamente ao movimento nacionalista dos Zelotes, tivesse pelo menos como característica um fervoroso zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se nos antípodas de Mateus que, ao contrário, sendo publicano, provinha de uma actividade considerada totalmente impura.
Sinal evidente de que Jesus chama os Seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele interessa-Se pelas pessoas, não pelas categorias ou pelas actividades sociais! E o mais belo é que no grupo dos Seus seguidores, todos, mesmo que diversos, coexistiam, superando as imagináveis dificuldades; de facto, o motivo de coesão era o próprio Jesus, no qual todos se reencontravam unidos. Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superarmos os nossos conflitos. Tenhamos também presente que o grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os carismas, povos e raças, todas as qualidades humanas, que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.

Fonte: Papa Bento XVI, Audiência geral de 11/10/2006

Leituras da Festa litúrgica de S. Simão e S. Judas

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios (Ef 2, 19-22)Irmãos: Já não sois estrangeiros nem hóspedes, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, que tem Cristo como pedra angular. Em Cristo, toda a construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo do Senhor; e em união com Ele, também vós sois integrados na construção, para vos tornardes, no Espírito Santo, morada de Deus.
Salmo 18 A (19 A)
Refrão:
A sua mensagem ressoou por toda a terra.

Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.

Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 6, 12-19)
Naqueles dias, Jesus subiu ao monte para rezar e passou a noite em oração a Deus. Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos: Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota; Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. Depois desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidónia. Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças. Os que eram atormentados por espíritos impuros também ficavam curados. Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía d’Ele uma força que a todos sarava.

Thursday, October 27

Quinta-feira da Semana XXX do Tempo Comum


Esta passagem é um verdadeiro hino ao amor de Deus manifestado em Cristo. O amor de Deus revelou-se em Jesus Cristo, que Se fez homem por amor dos homens e por eles morreu e para eles ressuscitou e assim manifestou como é verdadeira aquela outra Palavra da Escritura, que o amor é mais forte do que a morte. Nada pode agora ser tido pelos homens como mais forte do que este amor, que assim se manifestou: nada por isso nos poderá separar dele. Foi a experiência desse amor que o transformou de perseguidor em apóstolo. Esse amor justifica-nos diante de Deus e da parte de Deus; realiza a nossa comunhão com Deus em Cristo Jesus; leva-nos a vencer tudo quanto poderia separar-nos de Deus e de Cristo; dá-nos confiança para prosseguirmos o nosso caminho de fé, de esperança e de caridade; dá-nos a certeza de que a vitória de Deus já começou na nossa vida e irá aperfeiçoar-se à medida que avançamos. É a experiência de quem se confiou plenamente ao amor de Deus, manifestado e comunicado em Cristo Jesus. É consolador saber que Deus está sempre do nosso lado: Se temos Deus por nós, quem poderá estar contra nós?
Ao lado do amor de Deus pelos homens manifestado em Cristo, concretamente pelos da pátria em que Jesus morreu, aparece a incompreensão e a ingratidão da própria cidade santa de Jerusalém. Mas, é no meio destes caminhos, cheios de pecados dos homens, que Deus vai preparar para esses mesmos homens a salvação pela oblação de seu Filho sobre a cruz. Jerusalém, teatro do pecado, será também o lugar onde o Filho de Deus dará a vida pelos homens pecadores. Herodes, com os chefes religiosos de Israel, querem matar Jesus. O Senhor reafirma a sua fidelidade ao mandato recebido do Pai: anunciar o tempo da salvação definitiva. A expulsão dos demónios e as curas são sinais dessa salvação já presente. Jesus anuncia a ruína dessa cidade, uma ruína material, será destruída pelos romanos, mas também uma ruína espiritual, pois recusando Jesus, não acolhe a realização das promessas.

Wednesday, October 26

Pensamento do dia: 26-10-2011

A gente tem o costume de querer tirar da cabeça aquilo que está no coração.

Curral das Freiras

É a maior freguesia do concelho de Câmara de Lobos, mas os 25 quilómetros quadrados do Curral das Freiras, são demasiado acidentados para existir uma agricultura sustentável. Fica a castanha, que serve de pretexto à festa anual de uma freguesia que, apesar do túnel ter encurtado distâncias, continua a sentir-se demasiado isolada.
No total são pouco mais de 1.600 habitantes que vivem desamparados sem uma esquadra de polícia que os proteja, sem uma escola secundária que evite as viagens longas dos filhos da terra, sem ligações que quebrem o isolamento. Ironicamente foi esse mesmo isolamento que baptizou a freguesia quando, em meados do século XV, segundo alguns historiadores, ou século XVI, de acordo com outros autores, as religiosas do convento de Santa Clara refugiaram-se no Curral das Freiras durante o saque dos corsários franceses à cidade do Funchal. Ficou o isolamento, mas perdeu-se a segurança, que hoje tanto aflige a população.
De resto, com excepção da já falada escola secundária, e do facto de existir uma única caixa 'multibanco' na vila, a maioria dos habitantes gosta de lá viver. Existe uma farmácia, segurança social, centro de saúde, uma secção dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos e a casa do povo, que tenta dinamizar uma população que, tal como na maioria das freguesias madeirenses, tende para o envelhecimento.


Fonte: DN Madeira

Quarta-feira da Semana XXX do Tempo Comum


Tudo na vida é dom de Deus. Saber reconhecê-lo e aceitá-lo como tal é o princípio da sabedoria, que assim virá a nascer dentro do coração e depois a manifestar-se em palavras e em obras, e a inspirar a oração de acção de graças. A esta luz, pode entender-se como Deus tudo faz concorrer para o bem dos que O amam. Paulo recomenda a oração, sem a qual não há vida verdadeiramente cristã. Para o cristão, a oração, mais do que um dever a cumprir, é uma necessidade que vem do dom recebido de Deus, da vida nova que decorre do baptismo, é um acto de abandono e de confiança n´Aquele que podemos chamar Abbá, Pai! O próprio Espírito, derramado em nossos corações, no baptismo, não só vem em auxílio da nossa fraqueza para rezarmos mas Ele próprio intercede por nós com gemidos inefáveis. A oração é fruto do Espírito Santo em nós, é oração do Espírito Santo em nós. Temos, dois intercessores diante do Pai: Jesus, o único mediador, e o Espírito, o consolador. A presença e a assistência de Jesus e do Espírito tornam eficaz a nossa oração.
A respeito de Deus e da vida do Além temos sempre a tentação de querer saber coisas por caminhos extraordinários. Jesus, interrogado sobre o número dos que se salvam vai direito ao essencial. A resposta está na vida do presente; ela traz em si a orientação do seu próprio crescimento para o futuro. E recorda aos seus ouvintes que não basta apoiarem-se no facto de terem convivido com Ele, de O terem visto e ouvido. Apresentando o reino de Deus sob a imagem do banquete, anuncia-lhes que muitos dos de fora, os pagãos, virão tomar parte nesse banquete messiânico, uma vez tornados filhos do reino, enquanto muitos dos que tinham sido convidados desde a primeira hora, como eram eles próprios, poderiam vir a ser excluídos. Jesus exorta a estar prontos e solícitos para acolher o Reino que vem. É urgente um compromisso total de todo o nosso ser e forças, como faríamos, se tivéssemos de entrar por uma porta estreita. Os últimos a receber o anúncio do Evangelho, serão os primeiros a entrar no reino de Deus, enquanto Israel, o primeiro a ouvi-lo, se verá excluído dele, se não o acolher. A salvação é uma questão de fé em Jesus e como consequência a realização de boas obras.

Tuesday, October 25

Terça-feira da Semana XXX do Tempo Comum


O homem é o rei da criação. Tornado filho de Deus, ele vive na expectativa da glória de Cristo, que se há-de revelar também nele. E não só o homem, mas toda a criação participará nesta glória, porque tudo foi criado para encontrar a unidade final em Cristo. Esta expectativa é dolorosa, como as dores que acompanham todo o nascimento; mas ela verá finalmente a nova criação em Cristo. Justificados pela graça de Deus, por meio da fé, no poder do Espírito Santo, tornámo-nos filhos de Deus, co-herdeiros com Cristo. A própria criação partilha e vive esta tensão da humanidade e de cada um de nós. Foi na esperança que fomos salvos. A nossa salvação já está adquirida mas ainda devemos esperar, com paciência, a sua plena e definitiva realização.
As duas parábolas do texto evangélico, a do grão de mostarda e a do fermento revelam-nos duas características desse reino: a sua grande expansão e a sua força transformadora e sublinham a força interna e o poder de transformação que animam o reino de Deus. Esta vitalidade íntima do reino nunca diminuirá, mesmo que a experiência nem sempre seja igual à que S. Lucas possuía. O reino de Deus só será realidade perfeita no fim dos tempos, que hão-de dar o verdadeiro sentido a toda a história; mas ele já está no meio de nós, embora em humildade cheio de vida, como o grão de semente em comparação com a árvore que ele há-de vir a ser um dia. Esse reino tem uma grande expansão no mundo, graças à pregação dos discípulos e a sua palavra que ecoa no mundo inteiro e da qual todos recebem vida. Outra característica do reino de Deus é a sua força intrínseca, que realiza um crescimento qualitativo no mundo. Como um pouco de fermento escondido na massa provoca o seu crescimento, assim o reino de Deus, pela evangelização animada pelo poder do Espírito Santo, transforma todo o mundo, sem qualquer discriminação. Todos somos enviados por Deus para sermos o fermento que faz crescer o amor de Deus no ambiente que nos rodeia. A força do fermento depende da união com Deus.

Thursday, October 20

Quinta-feira da Semana XXIX do Tempo Comum


Escravo e liberto eram palavras bem conhecidas dos Romanos a quem S. Paulo escreve: Escravos eram homens ao serviço de outros, mas de tal maneira que não eram considerados pessoas; compravam-se e vendiam-se, como se fossem coisas. Libertos chamavam-se os que, depois de terem sido escravos, recebiam a liberdade. Assim, o cristão, outrora escravo antes da conversão a Cristo, é agora um liberto por Deus em Cristo Jesus. Há-de, portanto, viver agora a liberdade da santidade, e não voltar à escravidão da vida de que foi libertado. Paulo reflecte sobre as consequências da fé e do baptismo na vida dos crentes: pela fé e pelo baptismo, o crente deixou o passado e chegou ao presente, através do mistério pascal da morte e da vida, que foi de Cristo e agora é dos cristãos. A vida cristã é essa caminhada em Cristo e com Cristo e é também serviço: se antes estávamos ao serviço da impureza e da iniquidade, agora estamos ao serviço da justiça e da santidade, justificados pelo amor de Deus, por meio da fé.
Jesus Cristo diz-nos no Evangelho que não veio estabelecer a paz. É preciso que entendamos a maneira forte de apresentar certas ideias fundamentais da doutrina de Jesus. Ele veio como fogo para iluminar e abrasar; mas, entre aqueles que O acolhem e aqueles que recusam recebê-l’O, Jesus será ocasião de divisão e desavença. Para abrir o coração e o meio em que vive à paz de Cristo, o discípulo deve dissociar-se de todos quantos, na mente e no coração, pertencem ao mundo e deve seguir e fazer parte do Reino de Deus, fonte de paz e de amor.

Wednesday, October 19

Quarta-feira da Semana XXIX do Tempo Comum


Se somos homens livres, libertados por Jesus Cristo da escravidão do pecado, havemos de viver agora como em sacrifício de acção de graças a Deus, e não retornar ao pecado. Liberto da Lei de Moisés, o cristão não vive sem lei. Mas a sua lei é a que vem do facto de ele, pelo baptismo, ter morrido e ressuscitado com Cristo; é essa situação nova que constitui para ele a suprema lei da liberdade e da fidelidade a Deus. Quem foi baptizado em Cristo, foi sepultado e ressuscitou com Ele e pode caminhar numa vida nova. É preciso sermos o que somos, actuar de acordo com o dom recebido, viver o mistério pascal de Cristo, morrer ao pecado e viver em Cristo. É preciso comprometer-se na luta contra o pecado e aderir à graça de Deus. O Apóstolo termina dando graças a Deus pelos cristãos de Roma, que já tinham percebido as exigências da sua fé em Cristo, libertando-se da escravidão do pecado e tornando-se escravos da justiça.
No Evangelho, continuam as palavras de Jesus sobre a vigilância, sobretudo a dos responsáveis. A vigilância é atitude que toca a todos; mas sobretudo aos pastores do povo de Deus. Para eles, a vigilância consistirá em apascentar o rebanho, fazendo chegar a cada um o dom que Deus lhes colocou nas mãos para fielmente o distribuírem. Vigilância e fidelidade vêm juntos. Esta parábola alerta-nos para o perigo de vivermos uma vida adormentada, não tendo em consideração que não seremos avisados da hora em que o Senhor Jesus há-de vir pedir-nos contas. Pedro, em vez de se deixar provocar positivamente, pergunta se a parábola é para os discípulos ou também para todos e parece insinuar que os que seguem Jesus, os crentes e praticantes, possam viver tranquilos. Jesus conta mais uma parábola em que manifesta a satisfação do senhor que, ao regressar, encontra os servos a cumprir fielmente os seus deveres. Mas os servos infiéis aos seus deveres serão castigados severamente. Para este combate decisivo não podemos tomar a atitude do servo brigão descuidado. Por causa dele, a casa, a nossa vida é arrombada. Devemos imitar o servo fiel e prudente que faz aquilo que deve, cumprindo os seus deveres. É um apelo do Senhor para que nos mantenhamos atentos aos seus passos, aumentando a nossa luta diária em pontos concretos.

Tuesday, October 18

São Lucas

Hoje a Igreja celebra a Festa litúrgica de São Lucas. Nasceu em Antioquia da Síria. Foi amigo e companheiro de São Paulo, apóstolo, na tarefa da propagação do Evangelho de Jesus Cristo. Toda a sua ciência médica e literária colocou à disposição do grande apóstolo. Entregou-lhe a sua pessoa e seguiu-o por toda a parte. Pertencente a uma família pagã, Lucas converteu-se ao cristianismo. Segundo São Paulo, era médico: Saúdam-vos, Lucas, o médico amado e Demas (Col. 4,14). É mais conhecido como aquele que escreveu o terceiro Evangelho. Segundo a tradição, escreveu o seu Evangelho por volta do ano 70. É o mais teólogo dos evangelistas, apresenta-nos uma visão completa do mistério da vida, da morte e da ressurreição de Cristo. Embora escrevesse mais para os gregos do que para os judeus, o seu Evangelho dirige-se a todos os homens, mostrando assim que a salvação que Jesus de Nazaré veio trazer dirige-se a todos os homens: o Filho do homem veio para procurar e salvar o que estava perdido (Lc. 19,10). De acordo com ele, Jesus é o amigo dos pecadores; é o consolador dos que sofrem. A vinda de Jesus é causa de grande alegria. O Evangelho de Lucas propõe-se como regra de vida não somente para a pessoa em si, mas para toda a comunidade.
S. Lucas transmitiu-nos, com a sua palavra e os seus escritos, os ensinamentos de Jesus no seu Evangelho e a vida da primitiva cristandade nos Actos dos Apóstolos. Acompanhou igualmente S. Paulo nas suas viagens apostólicas, encontrando-se a seu lado na prisão de Roma.
A ele devemos um melhor conhecimento da vida de Jesus, especialmente da sua infância, de algumas parábolas: o filho pródigo, o bom samaritano… Dele também ficámos com algumas referências à vida de Nossa Senhora, junto dos Apóstolos e dos primeiros cristãos.