Friday, March 29

Sexta-feira Santa


A Paixão do Senhor não pode tomar-se isoladamente como um facto encerrado em si mesma, visto ser apenas um dos momentos constitutivos da Páscoa. Só pode compreender-se, interpretar-se à luz da Palavra divina. Por isso, a Liturgia de hoje começa por nos introduzir, por meio de Isaías, de S. Paulo e de S. João, no mistério do sofrimento e Morte de Jesus.
A essa luz a Paixão do Servo sofredor aparece-nos como uma obra de expiação em favor da humanidade, realizada com plena, total e soberana liberdade. E Jesus surge-nos não apenas como Vítima inocente e sofredora, mas também como Sacerdote. A Sua Morte tem valor sacrificial, é acto de mediação universal e causa de salvação. Não é tragédia, mas glorificação. A Sua Cruz não é objecto de ignomínia, mas trono de glória.
Na posse do significado salvífico da Paixão, a assembleia cristã sente necessidade de unir a esse acto sacerdotal de expiação e intercessão. Assim a liturgia da Palavra encerra-se com uma solene oração que abrange a humanidade inteira, pela qual Cristo morreu.

Thursday, March 28

Quinta-feira Santa


Com a celebração da Missa comemorativa da Ceia do Senhor começa o Tríduo Pascal, tempo festivo da Páscoa do Senhor. Jesus antecipa no Cenáculo, na noite de Quinta-feira Santa, o Sacrifício do Calvário, através da Eucaristia que é fonte e centro de toda a vida cristã. 
As duas primeiras leituras apresentam a Páscoa do Antigo Testamento e do Novo Testamento e o Evangelho apresenta a Ceia de Jesus como cumprimento da Páscoa do Antigo Testamento e antecipação da Páscoa do Novo Testamento. Comemoramos e revivemos o dia em que Cristo celebrou com os Seus apóstolos a primeira e única Eucaristia que ia ser consumada na Cruz gloriosa.

Wednesday, March 27

Quarta-feira da Semana Santa


É o terceiro Cântico do Servo do Senhor. Jesus é esse Servo, humilhado, desprezado, insultado pelos homens; mas, no meio de toda essa fraqueza, Ele é o triunfador, porque o Pai está com Ele. O Pai O exaltará. Como discípulo, o Servo não diz o que lhe agrada, mas tem por missão transmitir as palavras, que atentamente escuta do Senhor, aos desanimados e hesitantes. Por isso, não opõe resistência a Deus. Sabe que Deus está com ele e mantém-se forte e manso diante dos perseguidores.

A traição de Judas é o início da Paixão. Esta traição é denunciada por Jesus durante a refeição em que celebra a Páscoa e institui a Eucaristia. Deste modo, a libertação é trazida por Jesus aos homens, ao mesmo tempo em que o homem O atraiçoa e lhe dá a morte. Esta leitura está dominada pela ideia das entregas: a entrega ou traição que Judas faz de Jesus, e a entrega que Jesus faz de Si mesmo na sua Páscoa, da qual já amanhã fará entrega aos seus discípulos na Eucaristia. Jesus sente que a sua hora se aproxima. Por isso, ordena que a celebração da Páscoa seja devidamente preparada. Deseja ardentemente comê-la com os discípulos pois, nela, o antigo memorial dará lugar ao novo, deixando-nos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento e bebida. A entrega de Si mesmo acontece num ambiente toldado pelo anúncio da entrega-traição.

Tuesday, March 26

Terça-feira da Semana Santa


O Servo de Javé diz que a sua missão deverá alargar-se até aos confins do mundo e resume a sua história: a sua vocação, momento em que também recebeu os dons para realizar com eficácia a missão de proclamar a palavra de modo eficaz. A missão começa por ser um fracasso mas reconhece que a sua causa não está perdida, e animado pela confiança no Senhor, o Servo, acolhe e transmite um novo oráculo de Deus: Não basta que sejas meu servo, só para restaurares as tribos de Jacob e reunires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra.

Na mesa da última Ceia, presencia-se um drama de amor, ressentimentos, ambições, traição e negação. A morte de Cristo inclui já a glória da ressurreição. A teologia da cruz e da glória são duas faces da mesma moeda.
Hoje aparecem-nos mais dois intervenientes na Paixão: Judas abandona apressadamente a sala onde estava o Senhor com os seus discípulos, para combinar o modo de o entregar aos seus inimigos e Pedro, que manifesta total disposição de entregar a sua vida pelo Senhor.

Monday, March 25

Segunda-feira da Semana Santa


A 1ª leitura é o Primeiro Cântico do Servo do Senhor, o primeiro de uma série de quatro cânticos que serão lidos durante esta semana. Celebram eles os desígnios de Deus, realizados, primeiro, no seu povo de Israel e, finalmente, e de maneira definitiva, no Messias, Jesus, o Servo de Deus, o Salvador. Este primeiro cântico celebra a vocação do Servo de Deus, que é o enlevo do Pai, sobre quem repousa o Espírito de Deus, e Aquele que o Pai envia para ser a luz e a salvação dos homens, como logo canta o salmo.

O Evangelho situa-nos exactamente no dia de hoje, falando à maneira judaica: seis dias antes da Páscoa. O ambiente da casa dos três irmãos, amigos de Jesus, é todo de amizade, mas também de pressentimento da morte. No entanto, tudo respira imensa paz, a paz do Mistério Pascal. O gesto de Maria manifesta o amor pelo Mestre, que dá a vida pelos homens. Ao contrário, a interpretação de Judas é cheia de ódio mal disfarçado.

Friday, March 22

Sexta-feira da Semana V da Quaresma


Jeremias continua a ser, na experiência dolorosa da sua pessoa e da sua vida, a figura do Messias, Jesus, na sua Paixão, mas ao mesmo tempo, imagem de quem sabe confiar, colocando-se sempre nas mãos de Deus. Foi assim que Jesus na sua Paixão Se tornou fonte de salvação para os pobres e perseguidos e os levou finalmente a cantar e louvar o Senhor que salva quem a Ele se entrega. Jeremias chamou o povo à conversão durante anos: Mas o povo não o quis escutar. Agora, deve anunciar que o juízo de Deus é irrevogável, e que o castigo vai abater-se sobre Israel: Jerusalém irá cair às mãos do rei de Babilónia.

Cada vez se apresenta mais negra a luta entre Cristo e os seus ouvintes, fechados à sua palavra, entrincheirados nas suas seguranças, mesmo religiosas. É difícil para o orgulho humano ver a glória de Deus através dos sinais tão humanos da pessoa, da vida e das acções de Jesus. Mas é este o caminho da Encarnação: Deus revela-Se e está perto dos homens na humildade de seu Filho, e prolonga esta revelação e esta presença na comunidade da fé, que é a Igreja. Mas, tudo isto, que devia ser aceite como sinal de aliança, torna-se, para quem não o sabe acolher, sinal obscuro, ocasião de escárnio e desprezo. E assim se dá a morte ao que se destinava a ser semente de vida. Acusa Jesus de blasfemo, por se fazer igual a Deus, sendo um homem. Jesus responde, primeiro referindo a Palavra de Deus, que todos aceitam e apelando para as obras realizadas que os seus adversários puderam testemunhar. Apela para as suas obras que são Palavra, confirmação da Sua identidade de enviado, de Messias e de Filho de Deus.

Thursday, March 21

Quinta-feira da Semana V da Quaresma


Abraão, que Jesus vai recordar no Evangelho, aparece como o homem com quem Deus faz Aliança e que se torna o pai de todo o futuro povo de Deus. Abraão é igualmente o símbolo de todos os que se entregam, confiadamente, ao poder da palavra de Deus e se tornam instrumento providencial da acção de Deus entre os homens e objecto da sua divina intimidade.

Toda a obra de Jesus é o que é e tem o valor que tem por Ele ser quem é: o Filho de Deus, imagem do Pai. Aquele que estabelece a aliança entre o Pai e os homens. Esta aliança já vem de longe: um dos seus grandes momentos foi quando Deus a fez com Abraão. Mas Jesus é maior do que Abraão e é antes dele e será depois dele. A aliança selada no sangue da sua cruz é aliança eterna, que havemos de recordar perpetuamente, como também Ele jamais a esquecerá.

Wednesday, March 20

Quarta-feira da Semana V da Quaresma


O episódio dos três jovens, que escaparam ilesos à fornalha ardente, mostra que o Deus dos hebreus é o único Deus verdadeiro, só Ele é o Deus da vida. Servi-lo é optar pela vida, mesmo que seja preciso sofrer e morrer. O martírio torna perfeita a fé daqueles que puseram a sua confiança em Deus e é o melhor testemunho para os próprios perseguidores.
Embora sendo escravos do rei da Babilónia, os três jovens foram salvos e libertados pela sua confiança em Deus.

Mais ainda do que os jovens mártires de Babilónia, poderá experimentar a libertação todo aquele que se tornar, dia a dia, discípulo na escola de Cristo: aí poderá experimentar, dia a dia, o crescimento no espírito, na verdade, no amor. É-se filho de Abraão, do povo de Deus, não pelo sangue, mas pela fé em Cristo. Está-se livre, quando se não é escravo do pecado. A Páscoa é a festa da libertação, para ela nos encaminhamos nestes dias de preparação quaresmal.
Como os Judeus, que se diziam filhos de Abraão, também nós nos dizemos cristãos porque somos fiéis a umas tantas observâncias. Mas isso não é suficiente para fazer de nós filhos de Deus, nem filhos da Igreja. Ser filhos é, em primeiro lugar, ser livres. Jesus, o Filho, revela-nos a verdadeira liberdade. A fé no Filho leva os discípulos a permanecerem nEle, Palavra do Pai, como filhos livres que permanecem na casa paterna.

Tuesday, March 19

Solenidade de São José, Esposo da Virgem Santa Maria


Hoje, comemoramos o grande patrono da Igreja Universal, São José. Ninguém ignora que São José é o esposo de Nossa Senhora e pai adoptivo de Jesus. A Bíblia não fala muito dele. No entanto, o amor cristão faz de cada palavra do Evangelho de São Mateus um ensinamento novo para a vida. Eis alguns factos que sempre recordamos: A ordem dada a São José, de receber Maria como esposa. É o fim do Antigo Testamento e o começo do Novo. Ele é o patriarca, o grande pai. A fuga para o Egipto e a volta lembram a história de todo o povo de Israel - o Êxodo. Portanto, São José é o amigo do povo, dos pobres, dos pequeninos, dos perseguidos e dos sofredores. Da Bíblia, recebeu ele o título maior que ela costuma dar a alguém: Justo. São José era um homem justo. Tanto a Idade Média quanto os tempos modernos lembraram muito São José como modelo para o lar e, também, para o operário. A simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protector escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para todos nós.

Monday, March 18

Segunda-feira da Semana V da Quaresma


Por cima do juízo dos homens, sobretudo da sua falta de justiça em julgar, está o juízo de Deus, que é sempre um juízo justo e salvador. Susana, falsamente acusada, julgada e condenada, é imagem da Igreja caluniada e condenada. Deus vem em seu auxílio e a liberta, como faz a cada um de nós, que esperamos da misericórdia de Deus a absolvição dos nossos pecados e a reintegração no seu povo. Deus ampara sempre aqueles que n’Ele confiam, umas vezes de forma patente, outras vezes nos segredos dos Seus desígnios.

Os fariseus disseram-Lhe: «Tu dás testemunho a favor de Ti mesmo: o Teu testemunho não é válido.» Jesus respondeu: «Ainda que Eu dê testemunho a favor de Mim mesmo, o Meu testemunho é válido, porque sei donde vim e para onde vou.» «Sei de onde vim e para onde vou.» Aquele que está à vossa frente e que fala possui o que não deixou: ao vir a este mundo, Ele não deixou o céu, e ao voltar para o céu, não nos abandonou.

Sunday, March 17

Domingo V da Quaresma


A liturgia de hoje fala-nos (outra vez) de um Deus que ama e cujo amor nos desafia a ultrapassar as nossas escravidões para chegar à vida nova, à ressurreição.
A primeira leitura apresenta-nos o Deus libertador, que acompanha com solicitude e amor a caminhada do seu Povo para a liberdade. Esse “caminho” é o paradigma dessa outra libertação que Deus nos convida a fazer neste tempo de Quaresma e que nos levará à Terra Prometida onde corre a vida nova.
A segunda leitura é um desafio a libertar-nos do “lixo” que impede a descoberta do fundamental: a comunhão com Cristo, a identificação com Cristo, princípio da nossa ressurreição.
O Evangelho diz-nos que, na perspectiva de Deus, não são o castigo e a intolerância que resolvem o problema do mal e do pecado; só o amor e a misericórdia geram activamente vida e fazem nascer o homem novo. É esta lógica – a lógica de Deus – que somos convidados a assumir na nossa relação com os irmãos.

Friday, March 15

Sexta-feira da Semana IV da Quaresma


O eterno conflito entre o bem e o mal, entre o pecado e a graça, entre o mundo (no sentido de aqueles que não são iluminados pela palavra da salvação) e Deus, reclama finalmente um julgamento, um juízo. E esse juízo vai ser a morte e a ressurreição de Jesus. É aqui que se revela, em toda a sua maldade, o pecado, mas também é aí que ele fica condenado, e se manifesta, em todo o seu esplendor, a verdade, a graça e a vida.

Em Jesus crucificado aparece o triunfo da morte, mas em Jesus ressuscitado, o triunfo da Vida. O Mistério Pascal é o juízo de Deus manifestado em Cristo. Quem o entenderá? E, entendendo-o, quem se disporá a aceitá-lo na fé, na esperança, no amor, na acção de graças pascal? A tanto nos quer dispor a liturgia da Quaresma.

Thursday, March 14

Quinta-feira da Semana IV da Quaresma


Apesar das obras que Deus realiza a favor do seu povo, tanto na saída do Egipto como depois na travessia do deserto, este mesmo povo, de dura cerviz, provoca o Senhor com os seus pecados, como hoje se lê na adoração do bezerro de ouro à imitação do que tinha visto fazer aos egípcios, que adoravam o boi Ápis. O povo caiu na idolatria, adorando o bezerro de ouro, obra das suas mãos, como se fosse o Deus que o tirara Egipto. Deus, acende-se em ira e informa Moisés do sucedido: a aliança fora quebrada. Deus quer repudiar Israel, apanhado em flagrante adultério e começar uma nova história cheia de esperanças com Moisés, que permanecera fiel.

Diante das obras de Jesus, só o orgulho e a má fé podem fechar o coração. Tudo e todos dão testemunho a seu favor: João Baptista, as Escrituras, Moisés... Só um povo de cabeça dura poderá não se abrir a Deus que Se revela na palavra e nas obras de Jesus. O Filho de Deus veio ao mundo como revelação do Pai; a sua missão é revelar o Pai aos homens e levar os homens ao Pai. Em Cristo, Deus deixou de ser distante para os homens, e que graça maior devia haver do que ter Deus junto de si e ser levado a Deus pelo próprio Filho de Deus feito homem! A Quaresma é tempo particularmente oportuno para nos encontrarmos em Cristo e por Ele sermos levados ao Pai.

Wednesday, March 13

Pensamento do dia: 13-03-2013

A igualdade pode ser um direito, mas não há poder sobre a Terra capaz de a tornar um facto. (Honoré de Balzac: 1799-1850)

Quarta-feira da Semana IV da Quaresma


Esta leitura anuncia o regresso do exílio, utilizando até linguagem que já se tinha referido à saída do Egipto. De facto, a história do povo de Deus é toda ela uma história pascal que deste mundo, a partir de todos os recantos da terra, nos leva ao Pai. A Quaresma é um tempo oportuno para tomar consciência deste regresso a Deus, de quem o pecado nos afastou.
Deus está sempre disposto a ajudar-nos e chega a dizer-nos que nunca nos abandona, nem nos esquecerá, pois o seu amor é mais forte do que o de uma mãe para com seus filhos. Esse amor leva-o a comunicar-nos a sua vida, principalmente através dos sacramentos.

Jesus continua a manifestar-Se como Aquele que é a Vida e que dá a Vida. Tal como o Pai, segundo a poética descrição do Génesis, faz a criação em seis dias e, no último, dá a vida ao homem, assim Jesus ressuscita e dá a Vida no último dia. Mas esse dia é para já aquele que se inaugura na sua ressurreição, e, para cada um de nós no Baptismo. Nele se exerce o juízo de Deus, condenando o pecado e chamando à graça, destruindo a morte e dando a Vida. Assim se revela a compaixão, o Seu amor por nós.

Tuesday, March 12

Terça-feira da Semana IV da Quaresma


O profeta Ezequiel contempla uma fonte que brota dos fundamentos do próprio templo e corre para Oriente, por onde entrara a Glória do Senhor para morar no meio do povo regressado do exílio. A nascente deu origem a uma pequena corrente de água que os exilados tinham contemplado. Ezequiel é convidado a experimentar no seu corpo a grandeza e a força da torrente e à sua fecundidade e eficácia.

Jesus, salvação de Deus, passa por entre os doentes e deficientes que se acumulam à volta da piscina, junto à Porta da Ovelhas, em Jerusalém. Dá especial atenção a um homem que ali jaz paralítico há 38 anos. Movido pelo Espírito da Ressurreição, o homem é liberto do pecado, fica são pela vida que Jesus lhe comunica, e assim curado, libertado, perdoado, ressuscitado em Jesus caminha são e é convidado a não mais pecar.

Monday, March 11

Segunda-feira da Semana IV da Quaresma


Com esta semana, começa a segunda parte da Quaresma. Embora, do ponto de vista litúrgico, não se pretenda estabelecer uma divisão deste tempo em dois, o facto é que nestas últimas semanas, com a aproximação da Páscoa, se intensifica a preparação para este termo. A partir de hoje leremos, de maneira contínua e até ao fim do Tempo Pascal, o Evangelho de S. João. A liturgia da palavra sublinha fortemente a perspectiva pascal: a Páscoa de Jesus é a nova criação, a passagem a novos céus e nova terra, onde os mais ambiciosos desejos humanos encontrarão a sua realização, se eles forem segundo a vontade de Deus, que tem alegria no seu povo renovado. E o salmo, que será de novo cantado na Vigília pascal, desde já dá graças pela libertação da morte. Assim, a Quaresma orienta-se claramente para a Ressurreição.

A cura de que fala o Evangelho é apresentada por S. João, (diferentemente dos Sinópticos), como um sinal, sinal de que Jesus é a Vida e fonte da Vida. Mas não é Ele o Verbo por quem tudo foi feito? É também Ele por quem agora tudo é refeito como nova criação, anunciada na leitura anterior.

Sunday, March 10

Domingo IV da Quaresma


A liturgia de hoje convida-nos à descoberta do Deus do amor, empenhado em conduzir-nos a uma vida de comunhão com Ele.
O Evangelho apresenta-nos o Deus/Pai que ama de forma gratuita, com um amor fiel e eterno, apesar das escolhas erradas e da irresponsabilidade do filho rebelde. E esse amor lá está, sempre à espera, sem condições, para acolher e abraçar o filho que decide voltar. É um amor entendido na linha da misericórdia e não na linha da justiça dos homens.
A segunda leitura convida-nos a acolher a oferta de amor que Deus nos faz através de Jesus. Só reconciliados com Deus e com os irmãos podemos ser criaturas novas, em quem se manifesta o homem Novo.
A primeira leitura, a propósito da circuncisão dos israelitas, convida-nos à conversão, princípio de vida nova na terra da felicidade, da liberdade e da paz. Essa vida nova do homem renovado é um dom do Deus que nos ama e que nos convoca para a felicidade.

Friday, March 8

Sexta-feira da Semana III da Quaresma


A liturgia de hoje quer reconduzir-nos ao essencial da nossa fé: Deus. É Ele próprio quem nos convida a voltarmos para Si. A Quaresma é tempo de regresso a Deus. Reencontrá-l’O é reencontrar o paraíso, que o profeta descreve com as conhecidas imagens de uma terra fértil e feliz, deixando para trás os deuses que nossas mãos tinham fabricado. Oseias convida o povo a voltar, a converter-se a Deus, reconhecendo o seu pecado, causa das actuais desgraças. O profeta sugere uma confissão lúcida e sincera das próprias culpas, porque agrada mais a Deus uma vida purificada e unida à oferta de louvor do que os sacrifícios de vítimas. O povo pode sentir-se pobre e desprotegido, mas é Deus que cuida dele.

Jesus soube ir logo ao fundo da questão, ao citar o Deuteronómio: Escuta, Israel. A este mandamento, Jesus acrescenta outro, tirado do Levítico: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A originalidade desta resposta de Jesus está na união destes dois mandamentos. O escriba reconheceu nela uma verdadeira síntese da Lei e do culto. Jesus elogia-o e acrescenta outra novidade: a proximidade do reino de Deus, cuja lei fundamental é o amor. Jesus confirma que Deus é o único Senhor e que é necessário amá-lo sobre todas as coisas e com todo o empenho. Nesta Quaresma pede-nos que voltemos para Deus, que o procuremos amar mais, colocando-o à frente de tudo, fazendo um esforço maior.

Thursday, March 7

Quinta-feira da Semana III da Quaresma


A Quaresma é tempo de conversão ao Senhor; é tempo de exame de consciência, de revisão de vida à luz da palavra de Deus. Esta palavra nos acuse, nos desmascare, nos queira tocar no mais fundo do coração. Ontem foi-nos dito que a palavra de Deus é a nossa lei; hoje somos acusados de a não termos escutado. Mas esta acusação quer levar-nos à conversão para encontrarmos a alegria do perdão. Ao condenar o formalismo do culto, o profeta condena a surdez de Israel à voz de Deus, escutada no momento da Aliança, no monte Sinai. Só na escuta o povo de Israel pode conhecer o seu Deus, diferente de todas as outras divindades. Por isso, o primeiro mandamento é: escuta, Israel. Os verdadeiros profetas apelam continuamente a essa escuta.

No Evangelho, uns ficam admirados porque intuem uma extraordinária presença de Deus no mundo; outros acusam Jesus de blasfémia e de aliado do diabo. Jesus responde de modo incisivo, deixando os ouvintes concluírem que Satanás não combate contra si mesmo. Para que não restem dúvidas, o próprio Jesus conclui: o Reino de Deus já chegou até vós. A expulsão dos demónios prova essa presença do Reino, prova o começo de uma nova época de liberdade para quem acolher a alegre notícia trazida por Jesus.

Wednesday, March 6

Quarta-feira da Semana III da Quaresma


Na primeira leitura de hoje, Moisés começa por evocar a história de Israel e por recordar ao povo a fidelidade de Deus à Sua aliança. Moisés observa que é necessário corresponder com o cumprimento fiel das leis e preceitos, é uma condição para entrar na terra prometida: Agora, Israel, escuta os preceitos que Vos dou a conhecer e põe-nos em prática, para que vivais e entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus dos vossos pais. E é também uma vocação a realizar: Ensinei-vos estas leis e preceitos, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenara, a fim de os praticardes na terra de que ides tomar posse.

No Evangelho, Jesus apresenta-se como a perfeição da Lei e dos Profetas; Ele interpreta a lei em função do homem, não o homem em função da lei. Mateus, que escreve para uma comunidade judeo-cristã apresenta Jesus como um novo Moisés que promulga a nova lei: as Bem-aventuranças.
A Lei e os Profetas não são abolidos; em Cristo atingem o pleno cumprimento: ajudaram Israel a preparar-se para a comunhão com Deus; comunhão essa que é oferecida, por graça e em plenitude. Porque, em Jesus, Deus se faz Emanuel, Deus-connosco. Porém, os velhos preceitos permanecerão como norma perene: se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus.

Tuesday, March 5

Terça-feira da Semana III da Quaresma


De novo, uma liturgia da palavra de tipo penitencial, bem expressa na oração de Daniel. Ao lado da espiritualidade baptismal, a Quaresma desenvolve a espiritualidade penitencial. Aliás, o baptismo é sacramento de penitência, de conversão. A penitência é a atitude que nasce no fundo do coração do homem. O sacrifício agradável a Deus é o espírito humilhado e o coração contrito. Ainda que o sofrimento seja enorme, que o povo esteja reduzido a um resto, e seja humilhado, Deus deve continuar a ser glorificado. O profeta lê todos os acontecimentos como purificação providencial. 

Este Evangelho é dedicado ao perdão das ofensas pessoais. Pedro diz-se disposto a perdoar até sete vezes. Mas Jesus aponta para um horizonte mais amplo afirmando que é preciso perdoar sempre. O cristão é chamado a assumir uma mentalidade completamente nova. Jesus ilustra o seu ensinamento com uma parábola: encontro do servo devedor com o senhor, encontro do servo libertado com outro servo que lhe é devedor, e novo encontro entre o servo e o senhor. A dívida do servo é enorme, mas o senhor tem compaixão por ele e perdoa-o gratuitamente. O servo insolvente, mas perdoado, encontra outro que lhe deve uma quantia irrisória e não lhe perdoa. A graça recebida não lhe transformou o coração. Por isso, atraiu sobre si o inevitável juízo e o castigo divino.

Monday, March 4

Pensamento do dia: 04-03-2013

Não é o fim que é interessante, mas os meios para lá chegar. (Georges Braque: 1882-1963)

Segunda-feira da Semana III da Quaresma


A saúde restituída a um leproso por meio de simples banho no rio é figura do Baptismo, que, num gesto tão simples, é sacramento de uma graça espiritual tão grande, que nele, de simples homens naturais, nos tornamos filhos de Deus, participantes da vida e da glória de Cristo ressuscitado. E esta graça é oferecida a todos os homens: Naamã era estrangeiro e pagão, e foi curado.

A liturgia de hoje põe em relevo a universalidade da redenção. É a todo o género humano que se abre a fonte do Baptismo; todos são chamados a acolherem, na fé, o reino de Deus e a entrarem na sua Igreja. Mas, por vezes, os que estão mais perto são os que têm mais dificuldade em o acolher, como aconteceu com os de Nazaré. Ainda no começo da sua missão, Jesus regressa à sua terra, vai à sinagoga e lê um texto de Isaías. Conclui afirmando que esse texto se realiza na sua pessoa.

Friday, March 1

Sexta-feira da Semana II da Quaresma


A 1ª leitura inicia a história bíblica de José que é vendido pelos irmãos como escravo porque a inveja deles alimenta um grande ódio. Mas Deus escreve direito por linhas tortas e com o passar dos anos, será José, como primeiro-ministro do faraó do Egipto, será ele o salvador dos seus irmãos.

O Evangelho de hoje também mostra a má vontade de uns lavradores que por avareza matam o filho do dono da vinha, ou seja, Jesus Cristo. A vinha é Israel, dono Deus, arrendatários chefes do povo judeu, os criados os profetas, o filho morto é Jesus e o castigo de justiça é destruição de Jerusalém e a entrega da vinha a outros, o anúncio do Reino de Deus aos povos pagãos.
Este texto é uma espécie de resumo da Sagrada Escritura, é a síntese da história da salvação e da história que Deus faz connosco no nosso dia-a-dia: história de libertação, de amor, de perdão e misericórdia.