Monday, April 30

Segunda-feira da Semana IV da Páscoa


O baptismo de Cornélio, pagão, estrangeiro, por nascimento, em relação ao povo judaico, e a explicação que Pedro faz do acontecimento levaram a comunidade dos cristãos de origem judaica a compreenderem que a Igreja de Cristo seria a comunidade universal de todos a quem chegasse a palavra de Deus e a Ele se convertessem.

Estamos ainda a celebrar a Páscoa. Páscoa significa Passagem. Pela morte na Cruz, Cristo passou para o Pai. Nesta leitura, Ele Se apresenta agora como a Porta; de facto, é por que Ele todos passamos também para o Pai. A imagem do rebanho, que segue atrás do pastor, é figura muito expressiva desta passagem do mundo terrestre ao mundo celeste, por Cristo, o Bom Pastor, ao mesmo tempo que a da Porta, por onde o rebanho pode passar. A imagem da Porta e a do Pastor completam-se uma à outra.

Sunday, April 29

Domingo IV da Páscoa


O 4º Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-l’O no caminho do amor e da entrega.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direcção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele.

Friday, April 27

Sexta-feira da Semana III da Páscoa


Saulo está a caminho de Damasco, decidido a exterminar aquilo que julgava ser uma seita. Mas é envolto em luz e ouve uma voz que o interroga… Saulo ouve a voz d´Aquele que persegue. Cai das suas certezas, fica cego e jejua três dias. Saulo é chamado a levar o nome de Jesus aos pagãos e a todos os que não conhecem Jesus, começando a sua missão de anunciar Jesus Cristo.
A conversão de S. Paulo é acontecimento muito grande na história da Igreja. Paulo, depois de convertido, vai ser o portador do Evangelho ao meio dos pagãos. A aparição de Jesus ressuscitado a Paulo vem bastante tempo depois das aparições aos outros Apóstolos, as quais se deram nos primeiros 40 dias depois da morte do Senhor, mas nem por isso foi menos autêntica e menos empenhativa para aquele que a mereceu ter.
Rezemos ao Senhor da messe, para que mande trabalhadores para a sua messe, e demos testemunho para ajudar os novos apóstolos de Deus.

Jesus é a Palavra de Deus, que o Pai envia aos homens, para Se lhes revelar. Mas, feito homem, Ele é ainda, pela sua natureza humana, na sua Carne e Sangue, a vítima oferecida em Sacrifício ao Pai em vez e em favor dos homens. A Sua Palavra escuta-se para n’Ele se crer, e a sua Carne e Sangue são alimento da refeição sacrificial da Eucaristia, para se participar no Seu sacrifício pascal.
Jesus é o pão da vida, é a Eucaristia, é Palavra de Deus, é vítima sacrificial, que se faz dom por amor ao homem. A Eucaristia é presença, no meio de nós, do corpo e do sangue de Jesus, que deve encher toda a nossa vida, dando-nos uma nova forma de existência: Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Anuncia frutos extraordinários para aqueles que participam no banquete eucarístico: não se perderá, será ressuscitado no último dia e viverá eternamente.

Thursday, April 26

Quinta-feira da Semana III da Páscoa


O etíope ao regressar a casa encontra no caminho Filipe e é por ele evangelizado, é o símbolo das primeiras pessoas de origem estranha ao antigo povo de Deus a receber o baptismo de Jesus. O baptismo que está ligado à fé e esta tem como tema central Jesus Cristo, o Servo sofredor, que dá a vida para salvação dos homens. É esta a fé de todo o que é baptizado. É o Espírito Santo que leva Filipe ao encontro do etíope e que o leva a anunciar o Evangelho.
O livro dos Actos dos Apóstolos é um olhar de fé sobre a caminhada da Igreja guiada pelo Espírito Santo; é o Evangelho do Espírito Santo.
Como é que eu posso entender sem ninguém me explicar? é um apelo a conhecermos e a aprofundarmos mais a Sagrada Escritura.

A fé é um dom de Deus, parte da livre iniciativa de Deus, do Seu chamamento. É um encontro pessoal com Cristo, com a Sua Palavra e no Pão que é o Seu Corpo fazendo disso o centro e o coração da nossa vida.
Os judeus têm diante dos olhos as provas da graça de Deus e não acreditam. Jesus ensina-lhes como ir até Ele, comendo o pão que Ele dá e que é a Sua carne para a vida do mundo. Jesus Se contrapõe ao maná que caiu do Céu no tempo de Moisés. O verdadeiro Pão do Céu é Ele próprio, que na Eucaristia Se torna o alimento do seu povo. Na Cruz, Ele deu a vida por nós; na Eucaristia, dá-nos o sacramento da sua passagem da morte à vida, e assim, pela Eucaristia, Ela faz chegar até nós essa mesma vida. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.

Wednesday, April 25

São Marcos, Evangelista

São Marcos era primo de Barnabé. Admite-se que o autor do Segundo Evangelho, de Marcos - e o primo de Barnabé, de que se fala nos Actos e nas Epístolas - sejam uma só e mesma pessoa. Santo Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria atribuem decididamente a Marcos, discípulo e intérprete de São Pedro, o segundo Evangelho. E segundo os críticos modernos, o evangelho de Marcos foi escrito por volta dos anos 60/70 e dirigido aos cristãos de Roma.
Marcos e Maria viviam em Jerusalém. A sua casa servia de local de reunião dos primeiros cristãos. Acompanhou o apóstolo Paulo na sua primeira viagem, e depois também o acompanhou a Roma, esteve ao seu lado quando este ficou preso em Roma. Foi discípulo de Pedro a que (Igreja) está em Babilónia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho (1 Pedro 5,13s.), de cuja pregação se fez intérprete no Evangelho que escreveu. É-lhe atribuída a fundação da Igreja de Alexandria.
Recebeu a missão de proclamar a Boa Nova: a mesma que recebemos nós. Para a cumprirmos precisamos de escutá-la e depois pô-la em prática e comunicá-la aos outros, com toda a fidelidade.


Leituras da Festa de Marcos

Leitura da Primeira Epístola de São Pedro (1 Pedro 5, 5b-14)
Caríssimos: Revesti-vos de humildade, uns para com os outros, porque «Deus resiste aos soberbos e dá a graça aos humildes». Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-Lhe todas as vossas preocupações, porque Ele vela por vós. Sede sóbrios e vigiai. O vosso inimigo, o diabo, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que os vossos irmãos espalhados pelo mundo suportam os mesmos sofrimentos. O Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua eterna glória em Cristo, depois de terdes sofrido um pouco, vos restabelecerá, vos aperfeiçoará, vos fortificará e vos tornará inabaláveis. A Ele o poder e a glória pelos séculos dos séculos. Amen. Foi por meio de Silvano, a quem considero irmão de confiança, que vos escrevi estas breves palavras, para vos exortar e assegurar que é esta a verdadeira graça de Deus. Permanecei firmes nela. Saúda-vos a comunidade estabelecida em Babilónia, eleita como vós, e também Marcos, meu filho. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade. Paz a todos os que estais em Cristo.


Salmo 88 (89), 2-3.6-7.16-17 (cf. R. 2a)
Refrão:
Senhor, cantarei eternamente a vossa misericórdia.

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes:
«A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.

Senhor, os céus proclamam as vossas maravilhas
e a assembleia dos santos a vossa fidelidade.
Quem sobre as nuvens se pode comparar ao Senhor?
Quem entre os filhos de Deus será igual ao Senhor?

Feliz do povo que sabe aclamar-Vos
e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 16, 15-20)
Naquele tempo, Jesus apareceu aos onze Apóstolos e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Tuesday, April 24

Terça-feira da Semana III da Páscoa


A morte de S. Estêvão é apresentada como a morte de Jesus. O Rei dos Mártires continuará, no Corpo místico da sua Igreja, o mistério da sua própria Paixão. E à imitação do Senhor na Cruz, a Igreja, a começar por Estêvão, vai-se entregando a Deus em gesto de confiança no Pai e em oração, feita de amor pelos homens, a começar pelos que a perseguem. O primeiro mártir da Igreja vai sereno ao encontro da morte, graças à morte de Jesus que, agora ressuscitado e constituído Senhor, anima as suas testemunhas mostrando-lhes o Céu aberto como meta gloriosa e já muito próxima. Jesus continua a morrer nos seus mártires. Como Jesus confiou ao Pai o seu espírito, Estêvão também confia a Jesus o seu. Como Estêvão, temos igualmente que ser coerentes com a nossa fé, em situações normais, de hostilidade e defendendo os valores evangélicos.

Jesus continua a afirmar-Se como o verdadeiro alimento da fé. Ele é o Pão que veio do Céu, o Pão de Deus. Aos israelitas no deserto, tinha-lhes sido dado o maná, vindo do céu. Mas, muito mais do que o maná, é este Pão que Deus nos enviou, o seu próprio Filho, para que acreditemos n’Ele e O recebamos pela fé. Jesus dá-lhes o novo maná, superior àquele que os pais comeram no deserto: dá a todos a vida eterna. Mas só quem tem fé pode receber esse dom. O povo quer novas provas sobre Jesus e a sua missão. Mas Jesus exige uma fé sem condições. É Ele o pão da vida. Quem O acolher não mais terá fome e quem acreditar n´Ele jamais terá sede.
O Pão da Vida é a Pessoa de Jesus, que se revela e exige uma resposta de fé. Ele é a vida imortal prometida ao homem que por Ele vive e por ele morre. As situações de fome no mundo, só serão erradicadas, quando partilharmos uns com ou outros o pão da nossa vida. Crer é proclamar Jesus Cristo, o Ressuscitado de Deus.
Ao vivermos de acordo com a nossa fé estamos a promover a dignidade e a liberdade de cada pessoa e para isso, contamos com a força e auxílio que recebemos na Eucaristia: Eu é que sou o pão da vida.

Monday, April 23

Segunda-feira da Semana III da Páscoa


Estamos em presença das primeiras manifestações do Espírito na Igreja. É agora que o mistério de Jesus se começa a revelar aos homens para além do grupo que O tinha acompanhado em sua vida mortal. E é o Espírito Santo quem o revela. Então em Estêvão, o primeiro mártir, como depois em todos os outros mártires, a Páscoa de Jesus vai arrastando em si os que se deixam ensinar pela sabedoria do Espírito Santo. O processo de S. Estêvão segue os mesmos passos que o de Jesus: as mesmas falsas testemunhas, o mesmo ódio da parte dos acusadores; e, da parte de Estêvão, o mesmo olhar fixo em Deus e as mesmas palavras de perdão para os seus algozes, como Jesus para aqueles que O crucificavam.

A partir da multiplicação dos pães, proclamada na semana anterior, Jesus vai fazer uma longa catequese sobre o Pão da Vida. E começa, hoje, por criar nos seus ouvintes a fome de Deus, pela fé, pois que os sacramentos são sinais da fé. A multiplicação dos pães e dos peixes era também um sinal. Jesus tinha matado a fome àquela gente com o alimento que lhe multiplicara no monte. Mas, o alimento de que eles precisam e que devem esforçar-se por encontrar é Ele próprio, o Senhor, a quem alcançarão pela fé. Acreditar em Jesus e viver dessa fé é alimentar-se com o alimento que leva à vida eterna.

As multidões nem sempre procuravam Jesus com a maior rectidão: vós procurais-me porque comestes dos pães e vos saciastes. Mas a verdade é que conseguiram encontrá-lo. É certo que o encontro com Cristo pode trazer maior exigência, e até o martírio, como aconteceu com Estêvão.
Nesta semana de orações pelas vocações consagradas peçamos a Deus que muitos procurem o Senhor, para se dedicarem ao seu serviço. E que Deus os ajude a vencerem as dificuldades que encontrarem.

Sunday, April 22

Domingo III da Páscoa


Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do 3° Domingo da Páscoa procura responder. 
O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço - que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres.
A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz.
A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu D Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

Friday, April 20

Sexta-feira da Semana II da Páscoa


Estão aqui, em presença um do outro, o testemunho de um homem sincero e clarividente, ainda não cristão, mas atento à palavra de Deus, e o dos outros membros do tribunal judaico, sempre receosos das interferências na sua maneira de pensar da doutrina de Jesus. Entretanto, os Apóstolos sentem-se felizes por poderem participar na Paixão do Senhor, que morreu, mas ressuscitou e está vivo para sempre.
Os apóstolos interpretaram os seus sofrimentos como honrarias concedidas por Deus. Tinham-se realizado neles as perseguições anunciadas por Jesus; tinham sido objecto de uma das bem-aventuranças de Jesus; tinham sido equiparados a Jesus. Por isso, puseram-se a pregar, com novo ânimo, a Jesus como Messias e assim cumpriam a vontade de Deus.

A multiplicação dos pães situa-se próximo da Páscoa e é apresentada nos termos da celebração eucarística. Estamos no ambiente da catequese sobre a iniciação cristã celebrada na Vigília pascal. O milagre da multiplicação dos pães introduz simbolicamente o Discurso sobre o pão da vida. Trata-se de um dos sinais realizados por Jesus para revelar a sua identidade. João apresenta Jesus como o novo Moisés, guia de um novo êxodo. A multiplicação dos pães também é sinal da Eucaristia.
Para João, Jesus é Aquele em quem se realiza o passado e se concretiza a esperança de Israel. O pão que está para dar ao povo aperfeiçoa e ultrapassa a páscoa hebraica e coloca o milagre sob o signo do banquete eucarístico cristão. Jesus fala ao povo de nova aliança com Deus e de vida eterna. Todos são saciados e ainda sobejam doze cestos de pão. Com este sinal, Jesus apresenta-se como o Messias esperado e que é preciso acolher.
Tal como Jesus é o pão bom que Se oferece a nós para ser comido, também nós devemos ser pão bom para Ele e para os irmãos, devemos tornar-nos nós mesmos eucaristia do Senhor, para qualquer pessoa, em qualquer situação pois isso são as próprias exigências da Eucaristia.

Thursday, April 19

Quinta-feira da Semana II da Páscoa

Leituras e Reflexão no Portal dos Dehonianos

A pregação basilar dos Apóstolos é sempre o anúncio do Mistério Pascal: Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, que morreu e ressuscitou. Este será também o pregão fundamental da pregação da Igreja. O testemunho que os Apóstolos dão deste acontecimento pascal e que a Igreja agora continua a dar é dado pelo próprio Espírito Santo, testemunho do próprio Deus.
O Sumo-sacerdote acusava os apóstolos de dois crimes: desobediência às ordens que lhes foram dadas porque continuavam a ensinar em nome de Jesus, e difamação porque acusavam os chefes do povo de serem os responsáveis pela morte de Jesus. Pedro reafirma o dever de obedecer antes a Deus que aos homens, porque só quem se submete a Deus recebe o Espírito Santo e centra-se no essencial do anúncio cristão: a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Em todas as situações não podemos prescindir da nossa fé: no mundo do trabalho, dos negócios, da família, da vida, da educação.

A passagem do Evangelho faz continuação à conversa de Jesus com Nicodemos, verdadeiras catequeses sobre o mistério da pessoa de Jesus, a sua origem, a sua relação com o Pai, a sua missão. A terra é o mundo dos homens com as suas limitações, as suas carências, até a sua cegueira que os impede de ver a luz de Deus; o Céu é o mundo de Deus, donde nos vem Jesus, o Filho, para tornar os homens participantes da sua vida divina e os conduzir ao Pai.
Todo o discípulo é chamado a verificar a sua relação com Jesus e o modo como escuta a sua palavra. Cristo vem do Alto, pertence ao mundo divino e é superior a qualquer homem. O homem vem da terra e permanece um ser terreno e limitado. Cristo é a própria Palavra, é espírito e vida, é Aquele que transmite tudo quanto possui, em especial o Seu Espírito Santo.
Nos nossos tempos a cultura secularizada pretende impor-nos o mesmo silêncio. Quer construir um mundo sem Deus, que é o seu fundamento. Quem se recusa a crer no Filho, não terá a vida.

Wednesday, April 18

Quarta-feira da Semana II da Páscoa


A palavra de Deus ilumina e salva os que a acolhem com fé e lhe correspondem, como endurece e cega os que se obstinam em se lhe fecharem. Enquanto, aos primeiros, os encanta, aos segundos, irrita-os, e eles acabam por serem por ela preteridos. Mas a palavra de Deus não pode ser julgada, é ela que julga; não pode ser aprisionada. Os Apóstolos foram presos mas acabaram por ser libertados e vieram a ser encontrados a anunciar essa mesma palavra pela qual tinham estado prisioneiros. Deus protege os anunciadores do Evangelho e nada nem ninguém se pode opor ao projecto de Deus. Ele parece divertir-se fintando os seus adversários.

Cristo é o grande dom de Deus aos homens, é a fonte da salvação. É a luz que ilumina mais forte que todas as demais luzes. Quem d’Ele se aproximar praticará obras de bem e não terá nenhum receio de ser visto pelos homens; o que d’Ele se afastar tem receio de que os homens o vejam, porque as suas obras o hão-de envergonhar.
A opção fundamental do homem consiste em aceitar ou rejeitar o amor de um Pai que se revelou em Cristo. Mas este amor não julga o mundo: ilumina-o. Quem acreditar em Jesus não será condenado; mas quem o rejeitar, e não acreditar no seu nome, já está condenado. A causa da condenação é uma só: a incredulidade, a recusa da palavra de Jesus. No fim deste colóquio de Jesus com Nicodemos, e com cada um de nós, nada mais resta do que acolher o convite à conversão e a uma mudança radical de vida. Quem aceita Jesus e dá espaço a um amor que nos transcende, encontra o que ninguém pode alcançar por si mesmo: a verdadeira vida.
O Filho de Deus encarnou para que nos recordássemos do amor que Deus tem por cada um de nós. Não podemos esquecer estes ensinamentos que constituem um autêntico tesouro, uma fonte de conselhos e exemplos para os diferentes momentos da nossa vida.

Tuesday, April 17

Terça-feira da Semana II da Páscoa


A fé da primeira comunidade cristã de Jerusalém mostra-se na comunhão entre os seus membros, comunhão de sentimentos e comunhão até de bens materiais. Esta maneira de viver é apresentada como testemunho da Ressurreição; de facto, quem assim vive testemunha que uma vida nova começou sobre a terra, a vida dos que passaram com Cristo deste mundo para o Pai. Nesta partilha, notamos dois aspectos: o primeiro consiste em pôr em comum os próprios bens, partilhando o seu uso; mantendo cada um a propriedade dos seus bens, considera-se apenas administrador dos mesmos, pondo-os à disposição dos outros; o segundo aspecto consiste em vender os próprios bens, distribuindo o lucro pelos pobres. O que Lucas pretende sublinhar é que a partilha, nas suas diferentes formas, tem a sua raiz na comunhão de espírito e de corações dos fiéis. E apresenta-se o exemplo particular de Barnabé.

O diálogo com Nicodemos transforma-se num monólogo com grande amplidão de horizontes centrado no testemunho de Cristo, Filho do homem descido do céu, o único capaz de revelar o amor de Deus pelos homens, como de facto fez, na sua morte e ressurreição. Para compreendermos a grande revelação pascal, há que crescer na fé sobre o destino espiritual. Há que acreditar em Cristo, ainda que não tenhamos subido ao céu para compreendermos os seus mistérios. Ele, que desceu do céu, é capaz de anunciar a realidade do Espírito, e é capaz de estabelecer a verdadeira relação do homem com Deus. Só Jesus é o lugar ideal da presença de Deus.
Precisamos aproveitar o Tempo Pascal, apoiados nas palavras de Jesus a Nicodemos, para um novo nascimento: Vós tendes que nascer de novo. Esta renovação pode consistir em imitar o modo de vida dos primeiros cristãos: com um só coração e com uma só alma. Este ideal de comunhão há-de levar a que haja uma verdadeira partilha de bens espirituais e materiais, uma entreajuda entre todos, evitando os pequenos conflitos que são objecto de discórdia.

Monday, April 16

Segunda-feira da Semana II da Páscoa


A proclamação da palavra de Deus e a aceitação que os homens lhe dão é fruto do Espírito Santo. Por isso, a pregação do Evangelho não é propaganda, mas anúncio; não é apenas demonstração, mas iluminação; não convence apenas, mas converte. Foi à luz do Espírito Santo que aos primeiros cristãos foi revelado que o sentido último das palavras do Antigo Testamento se referia ao mistério de Jesus Cristo. A comunidade sabe que tem de passar pela mesma sorte de Jesus. Por isso, pede a Deus, não o fim da perseguição, mas a liberdade e o poder anunciar com palavras e obras a Boa Nova de Cristo morto e ressuscitado. A narrativa de Lucas termina referindo um estremecer do lugar onde estavam reunidos a rezar. Era um sinal de que a oração fora benignamente escutada por Deus. De facto, todos foram cheios do Espírito Santo e começar a anunciar com audácia a Palavra de Deus.

O Tempo Pascal é o tempo da mistagogia, da catequese dos sacramentos da Igreja, particularmente dos sacramentos da iniciação cristã, que seria normal terem sido celebrados na Vigília pascal. Não era antes de termos sido iniciados por meio deles que os poderíamos ter entendido, mas agora que, por eles, estamos introduzidos na comunidade da Igreja (S. Ambrósio). A conversa de Jesus com Nicodemos é verdadeira catequese sobre o Baptismo. Sacramento celebrado com a água sob a acção do Espírito; o Baptismo é verdadeiro nascimento do cristão como filho de Deus em Cristo.
Jesus fala de um novo nascimento: pela água e pelo Espírito Santo. Com efeito, o baptizado recebe uma nova vida, sobrenatural, é filho adoptivo de Deus, participa da sua natureza divina pela graça, passa a ser templo do Espírito Santo. Este novo nascimento requer igualmente uma vida de oração: Depois de terem rezado…todos ficaram cheios do Espírito Santo. A oração dá-nos uma nova perspectiva da vida corrente, pois começamos a ver os acontecimentos e as pessoas como as vê Deus, quem nos comunica as luzes convenientes.

Friday, April 13

Sexta-feira da Oitava da Páscoa


A cura do coxo foi ocasião para uma longa catequese, uma mistagogia, uma catequese para iniciados sobre os mistérios da sua própria iniciação. De facto, esta semana foi sempre a semana das catequeses mistagógicas para os que receberam os Sacramentos da Iniciação Cristã na Noite Santa da Páscoa. Hoje esta catequese insiste sobre o Nome divino de Senhor, que é agora título do Homem-Deus, o Senhor Jesus, o Ressuscitado, Kyrie.
É notável a audácia com que Pedro, cheio de Espírito Santo, denuncia, no meio do Sinédrio, o crime perpetrado pelos chefes do povo e anuncia a Ressurreição de Jesus e foi em nome de Jesus que o coxo foi curado, porque, só nele, há salvação.

O Ressuscitado vai ao encontro dos discípulos usando os caminhos que eles mesmos conhecem. Hoje o evangelho fala-nos de uma pesca milagrosa, memória daquela em que, no início da sua vida pública, Jesus tinha prometido que os apóstolos seriam pescadores de homens. Se estivermos atentos aos pequenos sinais, também nós reconheceremos o Senhor.
As aparições do Senhor ressuscitado vêm frequentemente em ambiente de refeição e esta é descrita com termos semelhantes aos que são usados para falar da celebração da Eucaristia. A celebração eucarística é o lugar privilegiado onde os cristãos reconheceram o Senhor no seu Mistério Pascal. A pesca abundante evoca a abundância de vida de que o mistério da Páscoa de Jesus é fonte e origem.
O texto descreve, de forma simbólica, a missão da Igreja primitiva e o retrato das comunidades que permanecem estéreis quando estão privadas de Cristo, mas que se tornam fecundas quando obedecem à sua palavra e vivem da sua presença. Há um convite à comunidade eclesial de todos os tempos a encontrar o sentido da sua vocação centrando-se em Jesus como Senhor da vida, porque é na dupla mesa da Palavra e da Eucaristia que a Igreja torna frutuosa a sua acção no meio dos homens.

Thursday, April 5

Quinta-feira Santa


Hoje comemoramos e revivemos o dia em que Cristo celebrou com os Seus apóstolos a primeira e única Eucaristia que ia ser consumada na Cruz gloriosa.
Com esta celebração da Missa comemorativa da Ceia do Senhor começa o Tríduo Pascal, tempo festivo da Páscoa da Ressurreição do Senhor. Jesus antecipa no Cenáculo, na noite de Quinta-feira Santa, o Sacrifício do Calvário. Esta comemoração é feita através da renovação do mesmo Sacrifício de Cristo na Eucaristia, fonte e centro de toda a vida cristã.
As duas leituras apresentam a Páscoa do Antigo Testamento e do Novo Testamento e o Evangelho apresenta a Ceia de Jesus como cumprimento da Páscoa do Antigo Testamento e antecipação da Páscoa do Novo Testamento.

Wednesday, April 4

Quarta-feira da Semana Santa


É o terceiro Cântico do Servo do Senhor. Jesus é esse Servo, humilhado, desprezado, insultado pelos homens; mas, no meio de toda essa fraqueza, Ele é o triunfador, porque o Pai está com Ele. O Pai O exaltará. Como discípulo, o Servo não diz o que lhe agrada, mas tem por missão transmitir as palavras, que atentamente escuta do Senhor, aos desanimados e hesitantes. Por isso, não opõe resistência a Deus. Sabe que Deus está com ele e mantém-se forte e manso diante dos perseguidores. Acolheu fielmente a Palavra e não recua diante da violência com que tentam afastá-lo ou reduzi-lo ao silêncio. Não se verga ao sofrimento, nem se deixa desnortear. Deus há intervir para o justificar diante dos opositores e virá em seu auxílio.

A traição de Judas é o inicio da Paixão. Esta traição é denunciada por Jesus durante a refeição em que celebra a Páscoa e institui a Eucaristia. Deste modo, a libertação é trazida por Jesus aos homens, ao mesmo tempo em que o homem O atraiçoa e lhe dá a morte. Esta leitura está dominada pela ideia das ‘entregas’: a ‘entrega’ ou “traição” que Judas faz de Jesus, e a ‘entrega’ que Jesus faz de Si mesmo na sua Páscoa, da qual já amanhã fará entrega aos seus discípulos na Eucaristia. Jesus sente que a sua hora se aproxima. Por isso, ordena que a celebração da Páscoa seja devidamente preparada. Deseja ardentemente comê-la com os discípulos pois, nela, o antigo memorial dará lugar ao novo, deixando-nos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento e bebida. A entrega de Si mesmo acontece num ambiente toldado pelo anúncio da entrega-traição. Os discípulos mergulham num clima de insegurança e de desconfiança. Mas Jesus é Senhor, conhece o traidor e reconhece que nele se cumprem as Escrituras. A insegurança dos discípulos representa a nossa própria insegurança perante a possibilidade de também nós virmos a atraiçoar e a negar Jesus.
Façamos igualmente uma cuidadosa preparação para esta Páscoa: ouçamos melhor a palavra de Deus; ofereçamos as contrariedades diárias; ajudemos os mais necessitados e tenhamos um grande desejo de reunirmos com Ele.