Friday, March 23

Sexta-feira da Semana IV da Quaresma


O eterno conflito entre o bem e o mal, entre o pecado e a graça, entre o mundo (no sentido de aqueles que não são iluminados pela palavra da salvação) e Deus, reclama finalmente um julgamento, um juízo. E esse juízo vai ser a morte e a ressurreição de Jesus. É aqui que se revela, em toda a sua maldade, o pecado, mas também é aí que ele fica condenado, e se manifesta, em todo o seu esplendor, a verdade, a graça e a vida.
É Jesus o verdadeiro justo, o Filho predilecto, o manso posto à prova, escarnecido e condenado a uma morte infame. É Ele que tendo posto toda a confiança no Pai, ressurge do abismo da morte. A esperança do Antigo Testamento adquire uma dimensão inesperada: pelo mérito de um só, todos são tornados justos, desde que estejam abertos à graça.

Em Jesus crucificado aparece o triunfo da morte, mas em Jesus ressuscitado, o triunfo da Vida. O Mistério Pascal é o juízo de Deus manifestado em Cristo. Quem o entenderá? E, entendendo-o, quem se disporá a aceitá-lo na fé, na esperança, no amor, na acção de graças pascal? A tanto nos quer dispor a liturgia da Quaresma.
A pessoa de Jesus suscita interrogações e inquietações crescentes nos seus contemporâneos, enquanto os chefes Judeus, movidos pela sua aversão, decidem rnatá-lO. Jesus aguarda serenamente a hora do Pai. Ele sabia bem donde vinha: Eu não venho de mim mesmo; há um outro, verdadeiro, que me enviou, e que vós não conheceis. Eu é que o conheço, porque procedo dele e foi Ele que me enviou. Com subtil ironia, afirma que a sua origem é efectivamente desconhecida dos que julgam saber muito e, por isso, não o reconhecem como enviado de Deus. Estas palavras ecoam nos ouvidos dos adversários como ironia, insulto e blasfémia. Tentam apoderar-se dEle, mas não conseguem, pois é Ele o Senhor do tempo e das circunstâncias. Submeteu-se totalmente aos desígnios do Pai, e a sua hora ainda não tinha chegado.

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